Luta

23 2 2
                                    

Depois de conseguir driblar meus seguranças, volto para meu quarto para finalmente terminar de me preparar. Órion não era temido atoa, provável que soubesse lutar, muito mais do que eu e talvez até mais que papai. Por isso, minha armadura não podia ser tão pesada. A solução mais óbvia para vencer esse duelo, era aproveitar de minhas vantagens, por exemplo... minha agilidade. Algo pesado em meu corpo, acabaria atrasando meus movimentos.

Abrindo meu armário, vejo meu bracelete prateado, nele havia em letras douradas meu nome e o símbolo da hierarquia de Mikael, o Sol. Um objeto como eles, facilmente poderia ser usado como escudo, feito de material indestrutível, pararia qualquer golpe. Procuro entre as armaduras, algo que não fosse me pesar, mas que me defenderia, ao menos minhas partes vitais, como o coração.

–Merda... nada disso vai me servir!

Foi quando lembrei que tinha um espartilho dourado em algum lugar no quarto. Nunca usado, guardei para uma ocasião especial, sabia que cedo ou tarde, papai me deixaria liderar alguma missão, e quando esse dia chegasse, então o usaria. Bom, esse dia não chegou, porém um duelo com Órion exigia uma armadura como essa.

Logo após remexer no quarto todo, o achei de baixo da cama, em uma caixa preta. Antes que eu o colocasse, troquei o vestido. O que eu usava era grande demais, poderia resultar em um tropeço fácil, fácil, assim dando vantagem para meu inimigo.

Pego um vestido azul relativamente curto. Ele se repartia nas coxas e deixara minhas costas nuas. Não via um problema nisso, já que o espartilho protegeria minhas costas e em minha cintura, se colocaria a bainha da espada. Depois de o trajar, coloco a pequena armadura.

–Isso está errado. –Observei meu reflexo no espelho.

O espartilho apertava meus seios, quase fazendo-os saltarem para fora. Tentei ajeita-los, mas não adiantou muito.

Que se dane, não tenho tempo pra isso. Pensei.

De fato eu não tinha, em qualquer segundo Ahri e Eriel abririam a porta do quarto, ou tentariam, pois estara trancada.

Por último antes que saísse, pego meu casaco longo vermelho e escondo meus cabelos em um coque mau feito de baixo do capuz.

Pensei em sair pela porta, mas certamente eles já caminhara pelo corredor. Olhando para a janela, tentei buscar alguém andando pela arena e por sorte, não tinha. Hahaha papai, quis ser tão esperto que acabou sendo burro. Como não pensou em colocar alguém de guarda ali? Justo no lugar que facilmente eu poderia saltar e fugir?

Foi o que fiz, saltei pela janela até a arena. A altura era absurda, mas para isso que serviam as asas. Uma de suas vantagens, claro.

Já no chão, caminho de forma rápida e silenciosa até o armazém de armas. Já planejara o que poderia fazer para despistar os guardas, mas não havia ninguém ali guardando uma das salas mais perigosa de Lyra. Estranho.

Me escondendo atrás de uma mureta, espero algum tempo para então avançar. Talvez estivessem fazendo ronda, e não cheguei tão perto para ser pega agora.

-Se identifique. –Bradou uma voz grossa por trás.

-Não irei dizer novamente. –Senti a ponta de sua espada ferir minha nuca.

Lentamente me levantei e abaixei meu capuz revelando o coque mau feito que se desfazia e dava volume ao meu cabelo loiro. Ao me virar, vejo Wazel, um dos novatos a ser convocado. Seu semblante se transmutava de confiante para... medo? Não sei descrever que tipo de expressão era aquela.

-Mil perdões milady, mil perdões.

Dizia enquanto guardava a espada na bainha e quase se ajoelhava implorando meu perdão. O medo era visível em seus olhos, não de mim, mas de Mikael.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora