Deveria entrar? Um baile agora seria adequado? Ainda mais sendo na dimensão de Órion. Fugi de Irion e me encontrei em um lugar que provavelmente ele logo estaria, se já não se encontrava lá dentro. Essa maldita profecia destruiu minha vida, me fez despertar e acarretar em evocações cada vez mais chatas. Cada instante que passava, ouvia suas preces, seus pedidos de ajuda e conselhos, tanto tempo se passou, que me desacostumei com tanta energia sendo gasta apenas pelo fato de existir. Cada ser criado por mim, quando se multiplicava e dava continuidade à minha "linhagem", uma enorme quantidade de energia saía de mim e pairava sobre a criança, fazendo dela minha decência. Imagina agora isso à todo momento? Isso tirando o fato de me bloquear na tentativa de me ocultar do radar.
Porém, tudo isso foi jogado fora, quando me entreguei à Órion. Milhões, bilhões, trilhões, quadrilhões de anos desde minha criação, e jamais havia me deitado com alguém, nunca vi necessidade para isso, até mesmo com Irion, já adormecida. Mas com ele... Foi diferente, é diferente. Essa nossa atração, vai além de física, é como se todos os átomos de nossos corpos, se atraíssem constantemente, como se nossas almas quisessem se possuir por inteiro. Por um mínimo deslizesse de minha parte, minha localização ficou visível para TODOS. O que lutei tanto para esconder, me bloqueando, diminuindo, adormecendo e colocando toda minha responsabilidade em Samirah, foi jogada no lixo.
Agora me achava ali, sentada em uma das escadarias negras do castelo, com seres animalescos e pessoas estranhas, passando ao meu lado e me lançando olhares de desprezo e confusos.
Quem é aquela?
Por que esta vestida assim?
Que garota estranha.
Fugi e quase paguei com minha vida por ser covarde e no entanto, ali estava, em Betelgeuse na dimensão de meu predestinado, irmão de meu noivo. Que bagunça!
–Destino, eu EXIJO uma conferência com você! –Ordenei olhando para o Cosmos acima.
Como Deusa Primordial, minha exigência sobre ela, só seria cumprida se a mesma quisesse. Destino não foi originada por mim ou por minha irmã, simplesmente foi criada da mesma forma sobrenatural que as duas primeiras deusas primordiais. Por mais que a deusa não compartilhasse do bem ou do mal, ela tinha sua própria linhagem, suas linhas do destino, de todos os seres existentes. Seu domínio se equivalia ao meu e de Morgana, portanto, éramos iguais. Não tinha autoridade para obrigá-la a fazer algo, infelizmente.
-Olá senhorita, o que está fazendo aqui sentada?
Afastando meu olhar dos astros, encontro um garoto que deveria ter 12 anos; olhos esmeraldas, cabelo escuro, um traje misturado com verde e preto o embelezara. Em suas costas, uma capa com o símbolo de uma ampulheta em dourado, revelava seu brilho conforme o vento soprara. O garoto me lembrava muito Órion, sua fisionomia e até mesmo pela energia caótica, porém, o rosto inocente do garoto em minha frente, afastava tais pensamentos.
-Perdão? –Arqueei a sobrancelha.
Se aproximando, fez uma pequena cortesia mal feita. O menino não demonstrava aptidão nenhuma para isso, o que o fez se atrapalhar e tropeçar sem seu próprio pé.
–Perdão senhorita, eu não estou acostumado a fazer isso. –Disse enquanto coçava sua nuca envergonhado. Suas bochechas coradas e um sorriso tímido, davam cor ao seu rosto pálido.
Ri.
-Qual seu nome, meu jovem? –Me inclinei em sua direção.
-Sou Urion, milady, filho mais novo do Titã Chronos. Não percebeu o símbolo da casa de me pai em minha capa? –Disse em tom áspero enquanto puxava sua capa para frente e exibia com orgulho a Ampulheta.
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Predestinados
RomanceO mundo espiritual, meu mundo, não se trata apenas de anjos, deuses e demônios. Há algo muito mais profundo nisso tudo; se todas as criações foram criadas, quem criou a própria criação? Antes de tudo se originar, existia o Éter e com ele, criou-se a...