Vexame

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Depois de algumas horas. Eu já não conseguia distinguir se era Reizel ou Renessiah. Se era um Anjo ou a famigerada Deusa Primordial; tudo que eu sabia naquele instante, com toda certeza de meu ser, era que não sairia daquele bar sem acabar com todo reservatório de bebida de Órion.

–Garçom, me dê outra dose de sangue de dragon. –Tentei não tremer a voz e fazê-la soar mais sóbria possível.

Sangue de Dragon era a bebia mais forte em todo o Cosmos. Raros os lugares que a tinham. Mas como Órion era um cachaceiro de mão cheia, não era de se esperar que haveria não só um barril, mas vários com essa bebida épica.

–Lascy, chega por hoje. -Disse uma voz masculina soando à alguns metros atrás do meu banco.

–Quem é você que ousa dizer quando devo parar?

Ao me virar, sinto toda minha mente girar junto. Era como se eu estivesse sentindo a rotação daquele Planeta em minha cabeça.

–Você deve ser o ser que deixou de ser um mero anjo pra se tornar a Mãe da criação. –Riu.

Tentei focar minha mente com toda força que tinha. Pisquei várias e várias vezes tentando recuperar o foco de minha visão. Mas nada funcionou, só piorou mais; em uma tentativa de colocar os neurônios e meus parafusos soltos no lugar, balancei minha cabeça. Quando finalmente recuperei o equilíbrio, vi um rapaz de cabelos quase tão negros como da família On. Seu olhar esmeralda era profundo; um simples olhar, e me senti nua naquele recinto (Não que isso fosse ruim). Havia também uma cicatriz em seu olho esquerdo. Ela começava em sua sobrancelha e ia até sua bochecha.

Ao vê-lo sorrir, acabei caindo da cadeira.

–Eu tô alucinado ou eu vendo o que eu vendo?

Ele me ofereceu ajuda para levantar. Pude ver em seus dedos, anéis com símbolos nórdicos.

–E o que a Senhorita está vendo?

Sua mão continuava estendida pra mim.

vendo meu futuro marido. –Disse com a voz demonstrando totalmente minha embriaguez.

Ele riu e me ajudou a levantar, mesmo eu não conseguindo parar em pé.

Fazendo um gesto com sua mão, me puxou pra mais perto. Ao me aproximar com certa dificuldade de manter minha cabeça erguida, o ser sussurrou em meu ouvido:

Eu aceito.

Ao sentir seu hálito quente tocar meu ouvido, meus pêlos se eriçaram imediatamente. Todo meu corpo se aqueceu o que me fez me afastar alguns centímetros e mergulhar na profundeza do olhar esverdeado daquele belo rapaz. Seu olhar contemplavam meus lábios como se fossem um altar.

–Quem é você?

Sussurrei com total consciência pela primeira vez em horas.

Ele novamente sussurra bem lentamente em meu ouvido, quase que beijando minha orelha.

Eu posso ser quem você quiser.

Eu não sentia mais o mundo girar em minha mente, não ouvia mais o barulho do Hall ecoar em minha cabeça. Meu estômago não revirava, tampouco lembrava do motivo de estar daquela forma tão desagradável. Naquele instante, tudo que eu sentia, era uma atração que aos poucos me dominava. E sinceramente? Não queria parar de sentir.

–Quer sair daqui? –Indagou de forma seduzente.

Por que não? Quer dizer, eu estava em um triângulo amoroso fudido. Mas ao analisar o ambiente de forma rápida como se estivesse buscando aprovação de alguém, pude ver Órion dançando com a Laegon e Rion conversando com uma outra mulher. A cena de ver meu predestinado entrelaçado com sua esposa, fez as borboletas em meu âmago morrerem.

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