Fui andando até o palácio com meus pensamentos perdidos em uma vastidão de perguntas sem respostas, as sensações e emoções que sentia logo depois de vê-lo só se intensificava e eu não fazia ideia de que emoções eram aqueles. Emoções vorazes, um fogo consumidor que crescia cada vez que seu corpo se aproximara do meu. Seu hálito de hortelã ainda persistia em minha mente. Podia sentir meu corpo e minha alma ressoando com a dele.
Mas por que minha alma iria se ligar com a de alguém que nunca vi? E que claramente não bate bem das ideias? Por que sentia essa vontade absurda de correr de volta pra lagoa na esperança de vê-lo novamente? Por que desejava tanto novamente sentir o seu toque em minha pele?
Por que
Por que
Por queNada disso fazia sentido.
-Olá querida!
Disse uma voz por trás. A reconhecia, era meu escolhido, meu noivo. O homem que papai foi obrigado a aceitar. Nossa união veio de alguém lá de cima, alguém de patente muito maior do que o Príncipe Guerreiro. Eu não sabia muito coisa sobre Irion; não sabia sua patente, sua classe, tampouco sobre sua família. Nunca me comunicaram sobre, apenas fui forçada a concordar. Por sorte ele não era um cara ranzinza, chato ou intolerante.
Tudo que eu sabia sobre meu noivo, era o que meu instinto dizia.
Ele não é um anjo. Dizia ele.
Fui posta à realidade quando seus braços envolveram calorosamente minha cintura. Seu queixo se apoiou em meu ombro logo após minha bochecha ser agraciada com seus beijos.
Irion era uma pessoa extremamente pacífica. Nunca o vi sendo o badboy do reino de Lyra, nem contando vantagem sobre seu título (que até agora desconheço quais são). Sempre foi atencioso, bondoso e romântico, até de mais.
Seu cheiro era adocicado, com um leve toque amadeirado. Por mais que fosse gostoso de sentir, o cheiro de baunilha de Órion e seu delicioso hálito de hortelã, não cessaram em minha mente. O perfume de Irion passava quase que imperceptível.
Ao olhar para trás, me deparo com Rion fitando seus olhos esmeraldas amendoados nos meus. Seu cabelo negro caia em seus olhos, o que o fez prendê-lo em um coque. Brevemente fui tomada por um déjà-vu, sua aparência me lembrava bastante o homem que ''conheci'' no lago. Os traços de seu rosto, o jeito que sorria e a profundidade de seu olhar. Teria algo interligado? Ou apenas coincidência?
-Olha só quem chegou mais cedo. –O beijei em meio ao sorriso que deu.
Por alguns breves segundos, me esqueci completamente de Órion e de seu efeito em meu corpo. As nuvens de dúvidas foram-se embora tão rapidamente que nem me dei conta. Seu beijo afastou o tormento de meu ser, acalmou o oceano furioso de meu peito e apagou o fogo incontrolável de meu corpo.
-Sim, consegui me livrar dos meus irmãos. –Ele riu.
Arqueei a sobrancelha duvidando do que disse.
Eu sabia que Rion tinha irmãos, mas era somente isso que ele me permitiu saber. Sempre que entrava no assunto de família, meu noivo desconversara. Eu percebi com o tempo que esse assunto o incomodara, por alguma razão. Mas respeitei seu tempo, ao invés de brigar, preferi acreditar que algum dia, ele me diria tudo que queria saber. E tempo é o que não faltaria, já que logo iríamos nos casar oficialmente.
O assunto de casamento me causava certo desconforto. Não me sentia preparada, ainda tinha tantas coisas nebulosas sobre eu e Rion. Estávamos juntos há 4 meses e o casamento seria daqui 2 meses. Não sabia quase nada sobre ele e duvido que ele saberia de mim. Saberia qual meu alimento preferido? Minha cor favorita? Ao menos ele seria digno de conhecer meu lugarzinho de paz?
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Predestinados
RomanceO mundo espiritual, meu mundo, não se trata apenas de anjos, deuses e demônios. Há algo muito mais profundo nisso tudo; se todas as criações foram criadas, quem criou a própria criação? Antes de tudo se originar, existia o Éter e com ele, criou-se a...