Deborah

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Suspirei várias vezes antes de finalmente dizer para que Rion entrasse. Ao entrar, me deparei com uma pessoa totalmente diferente, quer dizer, Irion de terno? De sapato social? Cabelo penteado? Mas que diabos era esse homem?

Obviamente não estava achando ruim, muito pelo contrário, mas o badboy metido a romântico no qual fui prometida, com certeza não era ele.

Ele limpa a garganta.

-Tem algo de errado com minha roupa? -Arqueou sua sobrancelha.

Eu ri.

-Muito pelo contrário, você está super... elegante.

Elegante? Podia ter dito sexy, charmoso, gostoso, excitante, até mesmo vislumbrante, mas.. elegante? Não que ele não estivesse, porém o que mais se destacava nele nesse momento, era a manga do blazer abraçando seus músculos definidos. E isso era bem... elegante. Sorri maliciosamente.

-Enfim, podemos? -Continuei antes que ele pudesse entender o motivo de meu sorriso.

Ele assenti.

Entrelaçamos nossos braços e por alguns instantes, antes que chegássemos à porta do Hall e de darmos nossos nomes ao guarda, senti-me em paz. Estava tudo bem, Rion ao meu lado, nós nos preparando para um baile. Senti uma nostalgia tomar conta de meu âmago, borboletas voavam em meu estômago, estava tudo bem.

-Seu nome, por gentileza. -Indagou o guarda.

Pensei em dizer Reizel, já que era a última noite dela, mas por que faria isso se todos que estavam ali, ou quase todos, sabiam ou saberiam quem eu era. Eu não ganharia nada dizendo Reizel, mas também não perderia.

-Reizel Enochiel.

Irion me fitou com dúvida em seus olhos, mas não disse nenhuma palavra, pelo contrário, mesmo sabendo que ele se perguntava o por que dei meu nome angélico, agiu como se o mundo continuasse sem saber o paradeiro da Deusa Primordial.

O salão se calou ao som da trombeta do guarda que trajava um terno verde musgo e uma gravata preta

-Anúncio Irion Rag'then da casa de Khronos e com ele a Senhorita Reizel Enochiel.

Rag'then. Essa foi a primeira vez que ouvi o sobrenome de Irion. Pode parecer estranho, mas sim, essa foi a primeira vez que soube da existência dele. Nunca tive a curiosidade para procurar saber qual era, até porquê ele também nunca perguntou o meu, isso se ele já não sabia.

Fui bombardeada por uma vaga lembrança do significado desse nome. Lembrei-me de Aimyde, minha antiga bibliotecária. Ela vivia tagarelando sobre as castas de demônios e seus significados. A casta de Rag'then significava escudos impenetráveis. Mas não podia ser eles, né? Órion, Yastrid, Irion e toda a família "on".

Quando voltei a realidade, ouvi burburinho das pessoas. Perguntas e afirmações sobre mim tomavam o Hall. Meus olhos percorriam o ambiente, procurava ali alguém que não estivesse me julgando ou encarando. Tentei manter o controle de minhas próprias emoções. Eu sabia que era uma péssima ideia ir àquele baile, que idiotice!

-Quer uma bebida? -Indagou Rion me tirando da tortura de minha mente.

Assenti.

Ao vê-lo se afastar, corri até ele e o agarrei em seu braço. Ele novamente me fitou com dúvidas em seus olhos, mas dessa vez resolvi esclarecer elas.

-Não me deixa sozinha no meio dessas raposas, sinto que a qualquer momento irão me devorar. -Sorri.

Ele retribuiu.

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