Memórias

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Certo, depois de recuperar minhas lembranças e desbloquear tudo, Samirah já não estara mais no controle. No momento que despertei, de novo, tudo voltou à mim, o que não demoraria para que ela viesse até mim. Outro problema também surgira, cedo ou tarde, os anciões. Quatro velhos que eram pilares do universo, únicos com domínios suficiente para aplicar uma punição à um Primordial, podendo até levá-lo a morte. Nunca descobri ao certo como eles surgiram, assim que eclodi, depois de alguns séculos, apareceram. Lembro-me vagamente de perguntar quem os havia criado, mas não responderam nada. Eu não fiz e certamente, minha irmã também não. Em seu gigante egoísmo, criaria seres capazes de puxar sua coleira e até aprisiona-la na melhor das hipóteses?

Então como surgiram?

Algo em mim sempre gritou que não éramos a criação Primordial, houvera ali, antes de nós, as mães da criação, outro ser que jazia ali muito tempo, sozinho e solitário. Criar o "bem e mal", acabara se tornando uma trama de novela em seus olhos. Entretanto, mesmo acreditando em meus instintos, nunca consegui solucionar esse enigma, os pontos sempre apostavam à loucura. Se esse "ser" de fato existisse, por que o vazio era tão predominante? Literalmente morto, sem cor, sem energia. O NADA nunca se tornara tão real quanto no dia que nascemos. Demoramos longos milênios para só então entender quem éramos e o que poderíamos fazer.

A terceira criação à surgir, foi Destino. Nasceu da mesma forma que os anciões, do nada. De repente, em um dia pacato, Destino aparecera em meu palácio perdida e confusa, apenas sabendo seu nome. Durante anos pensei que Morgana havia à criado, mas essa sugestão se rompia quando lembrava que minha irmã, JAMAIS, deixaria outro ser traçar sua linha. De que forma racional, a criação de uma deusa Primordial acontecera sem minha permissão ou de Morgana? Talvez, por algum motivo, minha energia se agitara tanto que inconscientemente à criei. Era plausível, mas estranho. De qualquer modo, isso deveria bastar, já que nem mesmo a Deusa sabia sua origem.

Saindo do transe de minha mente, abro meus olhos, que para minha surpresa, se encontrara curados. Podia ver tudo com mais clareza, todo o rastro de energia era evidente, como se tossem linhas coloridas no ar. Me sentando no chão, vejo a destruição na biblioteca. Os livros encharcados pelo gelo que derretia das paredes e do teto. Uma poça de água se formando cobrindo parte de minha coxa, me fizera levantar e torcer o tecido de meu vestido. O casaco de pêlos se achara molhado, mas isso não me importou, já que não me seria mais útil. Sabendo agora, recordei-me do quão fácil era manipular o calor. Sorri ao me perceber porquê Órion não sentira frio aqui.

Ouço seus gritos do outro lado da porta, tentara à todo custo a romper na força ou na magia. Porém, nada adiantou. Os raios que energizara o castelo de Aisha proibia todo tipo de conjuração contaminada, e bem... O rapaz tinha em seu ser 100% de energia sombria. Resultando na completa anulação de seus dons.

Aisha também do outro da sala, tentara controlar o castelo, mas nem mesmo a Regente do Reino conseguira abrir a porta. A mesma estara selada de dentro pra fora com um sigilo meu. Não me recordei de tê-lo colocado lá, provavelmente surgiu no momento de meu retorno, como sistema de defesa, acredito.

Colocando minha mão na maçaneta, a fiz derreter quando o sigilo se desfragmentou no chão como cinzas.

-Pelo amor de mim! -Me abraçou desesperado. -Eu a ouvi gritar, fiquei com medo de algo ter dado errado. -Confessou trêmulo.

Vê-lo daquela forma, me chocou. Não imaginei que ele pudesse se sentir assim, ou se seria capaz de demonstrar. Suas mãos em minha cintura se encontra inquietas e sua respiração descompassada. Eu não sabia ao certo o que sentir ou o que falar para conforta-lo, minha mente ainda se via agitada em um mar tempestuoso.

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