sombras

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Lhe amo. Essas palavras ditas em sussurros apaziguaram minhas angustias. O calor de seus lábios nos meus, retiraram de mim todo aquele peso. Ele me atingiu como um sedativo; senti naquele momento, uma paz que há muito tempo não sentia. Ele me deu novamente o controle de meus poderes, ao menos naquele momento.

As luzes então retornaram a fonte original. Eu. Sem nem pensar, em um ato inconsciente, tudo que foi apagado, anulado da realidade, foi refeito novamente. Os machucados causados foram curados e ficaram marcados em seu pulso, um pequeno Sol, que era meu Símbolo Celeste, uma lembrança da minha presença.

Quando o Kaos acabou, Órion simplesmente sorriu, não um sorriso irônico, mas sim um sorriso sincero. Algo que não havia visto até então. Eu queria lhe dizer algo, da onde ele tirou tais palavras, que mesmo não sabendo totalmente seu significado, retiraram de mim toda aquela escuridão. Como seria possível amar alguém?

Lembrei-me do que havia dito no salão. Do amor que Deus houvera sentido pelas suas criaturas. Será mesmo que o amor já não existia? Será que havia alguma diferença entre amores?

-Glória à ti meu irmão. Conseguiste apagar a Estrela ambulante. -Disse o homem de olhos âmbar se aproximando.

Irmão? Quantos irmãos Órion tinha? Um orfanato inteiro?

-Eu sou demais, pode confessar.

Riu.

Revirei meus olhos. Todo seu narcisismo havia voltado, que novidade.

Olho para as pessoas na frente do castelo e todas estavam amedrontadas, com seus rostos molhados pelas lágrimas e seus olhos inchados. Sabia que tinha que me desculpar, mas não sabia como fazer.

-Bem, como vocês presenciaram, sou Renessia. Sou a Deusa Primordial. Sei que fiquei sumida por muito tempo, por motivos que não vem ao caso, mas estou de volta. -Dou um passo a frente.

-Peço minhas sinceras desculpas por terem visto minha falta de controle. Mas lhe asseguro que isso não acontecerá novamente.

O silêncio predominou. As pessoas se entre olharam, com suas expressões pálidas e confusas. Eu não queria aparecer novamente, mas se fosse pra retornar, definitivamente não seria assim, com um "showzinho".

-Sem mais perda de tempo, meus amigos, vamos retornar a festa. -Indagou Órion tomando a frente.

Suspirei.

Estava me sentindo envergonhada pelo que acabara de acontecer. Na altura do campeonato, era questão de tempo, segundos ouso dizer, para que o conselho saiba sobre minha volta. Questão de instante para que minha irmã de as caras. E não menos importante, para Miguel saber e me expulsar de casa.

Caminhando sem rumo, me deparo com uma casinha abandonada no meio da estrada que cursava. A estrada de pedras que levava a algum lugar no meio daquele Planetinha.

A casa estava velha, com o telhado destruído e algumas rachaduras profundas em sua estrutura. Uma egregora pesada circulava aquele lugar, uma energia de dor pulsava de lá.

-E aí, Estrela. Tá melhor? -Disse o homem de olhar âmbar me puxando de volta.

-Ahn? Ah, tô sim. Peço perdão pela sua mão e bem.. por todo o resto.

Eu estava tão envergonhada que evitei ao máximo olhar para ele.

-Então és tu a escolhida para meu irmão?

-Escolhida?

-Ah sim, toda aquela história de "predestinados". Era real no fim das contas. -Riu.

Dei de ombros e voltei a caminhar focando em meus pensamentos tortuosos.

Ele pegou em meu pulso e me puxou para perto dele.

PredestinadosOnde histórias criam vida. Descubra agora