Finalmente

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Depois de ter me entendido com papai e ter ficado por dentro dos assuntos angelicais, subo até meu quarto. Meu próximo passo seria conversar com meu noivo, mas o mesmo não se encontrara no Reino, porém não demoraria muito para aparecer. Ziphã provavelmente bloqueou meu rastro energético, mas com a explosão que dera com meu retorno, fiquei visível para todo Macrocosmo, ainda mais ali, em Lyratium, um reino que não havia defesas nenhuma contra rastreio. Bloquear seria a solução mais óbvia e segura para impedir uma caçada e a destruição da cidade.

Em questão de segundos, me visualizei trancando minha energia que oscilava com o Éter, impedindo todo tipo de rastreio ou evocação. Samirah não me acharia dessa forma, mas estara ciente de onde me encontrara. Ela era a única que eu queria ver, mas o momento não seria apropriado, não agora. Meus assuntos deveriam ser tratados antes de partir para algo maior, como o que houvera em minha ausência.

Ao chegar no quarto, encontro uma carta dobrada em cima de minha cama já reformada. Todo o lugar se achara novo em folha, as paredes pintadas de azul celeste, combinava com as runas enoquianas já ativas, gravadas no chão e em cada canto do quarto.

Pegando o bilhete, me deparo com o seguinte recado:

"Me encontre onde nos conhecemos pela primeira vez. –O."

Meu Anjo. O que ele queria dessa vez? Já não demonstrei o suficiente meu ponto de vista? Não deixei claro que me afastar seria a melhor opção para nós dois? Sei que nossa união era inevitável, mas a adiaria o máximo de tempo que conseguisse.

Me jogando na cama, queimo o bilhete apenas com um olhar, esparramando as cinzas no chão.

–Não vai rolar. –Sussurrei.

Admirando a visão do universo e do cintilar das Estrelas acima, relaxo meu corpo totalmente. Estara segura, longe do caos que Órion me causara e fora do alcance de meus inimigos. Finalmente em casa. Fechando meus olhos, relembro de cada momento horrível que passara em minha dimensão, em meu reino. Da caça incessante de Morgana e seus aliados, das cobranças dos anciões e até mesmo das minhas obrigações como Deusa mãe. Cansativo demais. Nunca tinha sossego ou paz, sempre um problema atrás de outro, morte e vida, destruição e reconstrução. Morgana destruindo metade do Macrocosmo e eu sendo obrigada a corrigir seus erros. Não, não voltaria à essa vida.

Quase adormecendo em fim, fui trazida à tona com um susto ao ouvir a voz de Órion.

–Eu te convidei, não viu o bilhete? –Indagou sentando o outro lado da cama.

Assenti.

–Pensei que a minha ausência tivesse sido uma resposta clara. Me esforço melhor na próxima. –Respondi em tom seco, sem abrir meus olhos.

Seu pé me empurrou para fora da cama.

–Aí. –Grunhi ao cair.

Riu.

–O que você quer, Órion? –Perguntei me levantando.

–Não é óbvio? –Bufou. –Você. –Sorriu.

Dei de ombros.

–Nem tudo que queremos, conseguimos. –Retribui antes de entrar no banheiro. –Conviva com essa informação.

Fechando a porta do banheiro, me visualizei no espelho. As roupas ainda estara manchadas pelo sangue e molhadas pelo gelo derretido. Meus cabelos bagunçados e com alguns fios congelados, me fizera combater a exaustão em meu corpo e tomar um banho. Não é que isso fosse ruim, mas meu corpo todo doía à cada movimento, só precisara descansar e recuperar as forças, porém isso não aconteceria com o garoto ali. Talvez a água quente escorrendo pelo meu corpo, fosse ajudar, mesmo que minimamente, até porque, essa era a única opção no momento.

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