Oportunidade

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Boris estava animado, o dia passado tinha sido muito bom para ele, tudo estava indo como planejado, ele não tinha pressa, mas o seu lado selvagem falava alto, ela sabia que cedo ou tarde, a ovelhinha seria devorada. Ele se preparava para o jantar, estava ansioso para ver o pequeno Benjamin, ele se olha no espelho, para um homem que trabalhava como palhaço, Boris era bem apresentável e bonito.

Alguém bate na porta do trailer, ele se animou, passou um pouco de perfume e foi atender quem o chamava, seu sorriso era notável, mas quando abriu à porta ele ficou tão sério quanto uma estátua, mas rapidamente colocou sua máscara, o que aconteceu foi que apenas Greta batia na porta, ela estava sozinha.

_Olá Greta, como vai? - Boris tentava disfarçar, mas ele estava furioso por dentro. - Por favor, entre.

_Oi Boris, estou bem, Obrigada. - Greta abriu um sorriso ao entrar no trailer tão colorido e com tantos brinquedos. - E você, como está?

_Estou ótimo. - Boris tentou disfarçar em quanto tirava mais um prato que estava posto na mesa, e Greta entendeu que ele esperava por um dos meninos.


_Eu não pude trazer os meninos, eles terão aula logo cedo, e eu... Bom eu não abro mão do Benjamin na escola.

_Ha sim, com certeza, eu entendo e você está mais que certa, Greta.

O jantar não tinha sido como Boris imaginava, era difícil para ele ter um relacionamento com um adulto, ele sentia-se melhor ao lado das crianças, mas ele começou a perceber o quão carente era Greta, ela era uma mulher atraente, e talvez isso fosse útil para que ele se aproximasse ainda mais do Ben, ao que parecia Greta estava interessada no estranho homem que cuidou de seu filho no dia passado, ela não era atirada, mas estava encantada por Boris, um lobo solitário, um lobo atraente.

_Então Boris, fala um pouco mais sobre você. - Diz Greta apoiando os cotovelos na mesa depois de ambos terminarem sua refeição.

_Minha vida não tem muita coisa interessante Greta, mas deixa-me tentar resumir: Nasci neste circo que era do pai de meu pai, meu avô se chamava Francisco Valentine, depois que ele morreu, deixou o circo para meu pai e meu tio que tem os sobrenomes Valentines, daí o nome do circo, Irmãos Valentins. Meu pai e meu tio tocaram com o ramo de circo, meu tio na área administrativa e meu pai começou a trabalhar como palhaço, ele era bom, depois se casou com uma equilibrista que se tornou minha mãe. - Boris, fitou a mesa em silêncio, por um instante esqueceu-se de Greta, depois voltou a si e continuou. - Depois de um tempo minha mãe começou a beber muito, até todos perceberem que ela era uma alcoólatra, ela perdeu o cargo de equilibrista e foi trabalhar na trupe de palhaços do meu pai.

_Você ficou tão sério. - Observa Greta. - Desculpa, não quero ser intrometida.

_Não, tudo bem. Eles eram felizes, da maneira dele até um certo tempo.

_Como assim? - Pergunta Greta. 

_Não sei ao certo, meu pai descobriu que estava sendo traído pela minha mãe, ele matou ela... E... Bem... - Boris fingia ficar triste. - Depois... É... Ele se matou.

_Ai meu Deus! - Greta tenta disfarçar que estava chocada. - Sinto muito Boris.

 Este homem frio e cruel, talvez possa ser diagnosticado doente mentalmente, talvez digam que ele não tenha culpa de ser o que é, mas o que aconteceu em sua vida não justifica seus atos contra os pequenos.

 Depois de matar os próprios pais e enterrar o inocente Juca, Boris saiu para vagar pela cidade, isso mesmo, foi passear para pensar em tudo o que aconteceu, entrou em um bar e pediu uma bebida, encheu o copo e foram mais três doses fortes, acendeu um cigarro e ficou visando algo que aparentemente só ela via. Ao voltar para o circo, uma multidão estava parada no trailer que à pouco ele estava lá com uma faca na mão, ao se darem conta da presença do rapaz o sei tio se aproximou e deu a notícia, Boris inacreditavelmente conseguiu chorar, não porque estava triste, mas para enganar os de mais, ele chorou e gritou, no dia seguinte quando questionado se ele sabia de algo sobre a solução do crime, ele disse que antes de sair viu os pais discutindo, falavam algo sobre a mãe e outro homem, como ele não quis ouvir nada daquilo, resolveu sair, e isto bastou como álibi para ele se safar, tornando-se assim, sócio do tio no Circo Valantines.

_Sinto Muito Boris. - Greta baixou a cabeça.

_Ei, não precisa, é a vida, o que se pode fazer?  - Boris era um ator brilhante. - Mas e você Greta, qual sua história?

_Nada de surpreendente, apenas uma garota tola que se apaixonou pelo galã da escola e que casou obrigado com a tola só porque ela engravidou dele, três anos depois ela é abandonada pelo marido, e em quanto ele vai embora com uma mulher mais nova, ela dedica todo seu tempo para seu filho, fim.

 Greta tenta não chorar, ela comete um erro em demonstrar suas fraquezas para aquele homem que estava perante ela, apenas querendo saber onde e como faria para por seu plano em prática. 

Bóris, passa a mão no rosto da mulher e seca uma teimosa lágrima que insiste em fugir, ela olha para ele como se ele fosse um príncipe que irá salva-la, mas mal sabe ela que aquele homem só vai arruinar sua vida.

_Não fique assim Greta. - Boris levanta a mulher e eles ficam bem próximos, ela abaixa a cabeça, mas ele levanta seu queixo delicadamente, seus olhos ficam fixos um no outro, o dela era só amor, esperança, os dele, só maldade, os dois se beijam, ele a beija intensamente.

***

Depois daquele jantar, Boris e Greta começaram a se vê mais e mais, começando assim uma relação, para ela era um namoro, para ele, sexo. Boris adorava aquilo, estava sempre perto de Benjamin, até quando o circo saiu da cidade ele não parou de visita-los, para Greta eles já eram marido e mulher, ela sempre o esperava em quanto ele estava em seu trabalho, já Boris, esperava apenas uma oportunidade.


Psicopatas Vol.3 - Momo'sOnde histórias criam vida. Descubra agora