Hienas

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Um filme dos piores momentos passou em câmera lenta na mente de Cecília, parecia um sonho nebuloso mas no interior de seu cérebro algo lhe lembrava que aquilo era verdade, ela via sua mãe chorando com um bebê nos braços o mesmo que Cecília segurava no colo e brincava em cima da cama, os lençóis estavam vermelho sangue, os gritos de dor de Cinthia eram ouvidos ao longe, Cecília corre até a mãe mas ela estava ensandecida, a menina corre para rua e vê uma multidão perseguindo o culpado pela dor de sua mãe, por quantas vezes Cecília se culpava pelo suicídio de Cinthia? Se ela estivesse ao lado da mãe, talvez ela estivesse viva agora, a lembrança do corpo de Cinthia pendurado por uma corda no pescoço atingiu Cecília em cheio, ela despertou daquele transe que parecia horas, mas não durou mais que alguns segundos.

Cecília tenta fechar a porta, mas Boris coloca sua bengala entre a parede e a porta deixando impossível de fechar, depois disso Hélio chuta a porta arremessando Cinthia sala adentro, ela se prepara para correr, mas com um golpe certeiro, Boris atinge o joelho dela fazendo-a soltar um grito de dor, Hélio a arrasta pelos cabelos, ela não grita, mas tenta lutar, o desespero toma conta dela e aquilo parece um pesadelo que aconteceu depois de uma noite de amor com Benjamim.

_O que você está fazendo Hélio? - Cecília tenta soltar-se de seu agressor que está agarrado aos seus cabelos.

_O que você acha, sua puta? - Hélio descontava toda sua frustração e raiva na mulher ao seus pés.

_Como vai Cecília... Ah... Quanto tempo, não é mesmo? - Boris se agachava com dificuldade e segurava Cecília pelo queixo. - Você estava mesmo disposta a me pegar não é mesmo? Estava tão cega de ódio que nem passou pela sua cabeça que eu gostaria de ser encontrado. Ha, ha, ha.

_Seu porco! - Cecília acerta um soco em Boris fazendo-o desequilibrar e cair sentado, mas ele acaba acertando um tapa a fazendo cuspir sangue.

Cecília estava caída no chão, estava desesperada a procura de alguma coisa para se defender, mas estava difícil, os dois homens agressores não lhe davam oportunidade nenhuma, eles ficavam rondando a desesperada mulher, começaram a dar risadinhas e algo nela que Cecília não entendeu fez os pedófilos caírem na gargalhada feitos hienas covardes prontas para atacar.

_Eu posso ser qualquer coisa Cecília, porco, doente, assassino, na verdade isso não é problema, mas se tem algo que não sou é fraco, sou tão forte quanto você pensa e mais perigoso do que se possa imaginar.

***

No seu apartamento Pitt conversava com Nando em quanto tomava uma xícara de chá para relaxar, a noite não tinha sido nada agradável e já era a segunda briga entre ele e pessoas que ele gosta, Pitt estava cansado, triste, na verdade ele sempre esteve assim, eram poucos momentos que sentia-se bem, e as coisas só pioraram depois que seus pais o expulsaram de casa.

_Você está tão pensativo. - Observa Nando com pesar no coração. - Não gosto de te ver assim.

_Eu sei, me desculpe. - Pitt segura a mão daquele homem que o amava tanto, ambos sentados na pequena mesa ficaram encarando um ao outro. - É... É que... Sabe Nando, eu não consigo explicar, é... Só sei... Sentir. Essa... Como posso dizer? Essa angústia sabe cara? Deus, quantas vezes eu rezei e rezei pedindo para esquecer tudo aquilo, e minha família... Eu queria que eles me amassem, mas tanto que peço a Deus, as coisas... (choro), as coisas só pioram.

_Queria poder tirar toda essa angústia de seu peito Pitt, te levar para um lugar especial cheio de paz para que você consiga sorrir de verdade. - Nando segurava uma lágrima, era linda a forma que ele cuidava de Pitt, a forma que eles se amavam. - Eu ainda vou te vê feliz.

Psicopatas Vol.3 - Momo'sOnde histórias criam vida. Descubra agora