O luto nosso de cada dia

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Dias após a morte de Greta e o sequestro de Mabel, Benjamim está na área de lazer do prédio onde mora enquanto observa algumas crianças brincarem enquanto seus responsáveis os observam, e também observam o futuro advogado que todos sabem estar passando por uma tragédia, mas alguns outros moradores também não são tão empáticos e parecem aborrecidos pelos carros de reportagem na entrada do condomínio.

_Oi – a voz suave de Cecí é quase um sussurro, seus olhos e nariz estão vermelhos o que demonstra que andou chorando -, posso sentar com você?

Benjamin continua sentado enquanto encara Cecília, que parece tão linda em meio àquela tristeza, ele se levanta e a encara por segundos o que para ela é o suficiente para fazer seus estômago dá pulinhos. Ben se aproxima, faz um carinho no rosto de Cecília, e lhe dá um rápido – porém delicado -, beijo em seus lábios, em seguida lhe dá um abraço e se deixa cai em lágrimas contidas e discretas.

O coração de Cecí bate forte contra as costelas, sua respiração está intensa, ela ama seu amigo, e não é amor fraternal, ela é apaixonada por ele e como lhe dói vê-lo tão triste, depois de anos Boris ainda consegue ser um furacão na vida dos outros, um câncer em retorno. Eles se abraçam e permanecem por um tempo em silêncio como se de alguma forma aquilo lhes trouxessem algum conforto, quando uma voz os interrompem.

_Estamos aqui também. – Nando tem um discreto sorriso no rosto enquanto permanece ao lado de Pitterson. – Obrigado por deixar nossa entrada autorizada na portaria.

Pitt usa os mesmos óculos escuros que usou no funeral de Greta.

_Eu estou aqui com você, Ben – os lábios dele tremem e sua voz está embargada com o peso do choro se acumulando no fundo da garganta em tristeza e choque com a cena horrenda do que um dia fora Greta. - Desculpa por ter sido tão filho da puta.

Os dois se abraçam com lembranças de uma Greta de suas infâncias, a mesma que contava histórias de terror antes de dormir só para fazer cócegas até os meninos chorarem e irem dormir, a mesma que cuidou de Pitt quando a mãe não estava por perto, a mesma que amou Benjamin de todas as formas e exageros, a mesma que nunca perdia uma apresentação da caçula, a mesma que ajudou Cecília com sua primeira menstruação... Uma Greta que agora só existe em pensamentos e lembranças.

Mabel.

Lembranças de Greta implorando pela visita de Pitt, pela presença de Ben, por um fim de semana com Cecília. Suas rotineiras caminhadas no fim de tarde com Mabel.

Cecília e Nando se unem ao abraço, formando um quarteto em lágrimas.

_Eu quero elas de volta... - a voz de Ben não tem uma forma, parece que ele se esforça ao máximo para não chorar, mas não adianta.

Ele é só tristeza.

_Vamos trazer a Bel's. – A voz de Cecí é confiante.

_E minha mãe? Oh Deus, porquê? Ela merecia mais...

Nando olha de soslaio para seu parceiro e ver Pitt com os lábios trêmulos, e lágrimas descendo pelas lentes escuras, ele não dormia desde a tragédia, acordando no meio da noite depois de pesadelos com palhaços, tigres, ou do barulho mortal do corpo de Greta contra o solo. O que sobrou dela foi uma imagem traumatizante.

_Vamos trazer a Mabel de volta – a voz de Pitt soa firme e com raiva -, e vamos fazer justiça por Greta.

_Justiça? – A voz de Ben parece sair com escárnio?

Psicopatas Vol.3 - Momo'sOnde histórias criam vida. Descubra agora