Uma pessoa perturbada, completamente desesperada e com traumas constantes, tem uma ideia fixa de que a morte seria a solução para tudo, de que acabaria com a dor, com o sofrimento, bom alguns dizem que Judas não teve salvação não pelo fato de ter traído Jesus Cristo, pois o homem santo era bom de mais até para perdoar aquela traição, mas Judas não foi salvo pois cometeu suicídio, e isso seria um pecado mortal, a pessoa que comete o erro de tirar a própria vida estaria condenada ao inferno.
***
"Eu particularmente acho que algumas coisas não estão certas. Porque alguém pode acabar com minha vida, pode me corromper de forma absurda, acabar com os meus sonhos, minha felicidade, pode até me matar e ainda assim este alguém pode ter o perdão de Deus, e porque alguém, vítima de toda essa maldade, ainda que fraca psicologicamente não tivesse o perdão divino apenas por querer que passe aquela dor e sofrimento? Bom, isso é apenas um desabafo, mas acho que os mistérios divinos não devem ser questionados, apenas devemos... Aceitar?"
***
Se toda essa turbulência mental pode afetar um adulto, imagina o quanto isso pode acabar com uma criança? Um menino cuja a infância foi corrompida, abusada e agredida, ameaçada e sem poder pedir ajuda, quer dizer que o responsável por toda essa maldade, por toda essa tortura teria o perdão de Deus? Que dizer que se esta vítima se matasse, ele seria condenada ao inferno, mesmo depois de todo o inferno que ele passou em vida?
Tudo estava diferente agora, Ben já não parecia mais uma criança normal, não queria brincar com seus colegas na rua, não queria mais nadar no rio, e nem quando o Circo Valentines voltou para a cidade ele se animou, pelo contrário, pois Boris não saía mais de sua casa e os abusos eram frequentes, até quando o desfile de todo circo veio pela cidade ele estava com sua mãe na rua, e quando alguns palhaços o abordaram, Ben praticamente desmaiou, gritou e berrou assustando até Greta que nunca tinha visto seu filho daquela forma, ela começou a se questionar o porque de tudo aquilo. Seu rendimento escolar já não era o mesmo e estava cada dia mais agressivo e mal educado, Greta tentava conversar com o filho, mas quando Boris percebia que a qualquer momento o menino poderia dizer o que se passava, tomava a frente fazendo o papel de pai, deixando a mãe de fora, e ai, vinha às ameaças novamente.
As coisas também já não eram mais as mesmas para o pequeno Pitt, ele vivia chorando e triste pelos cantos, até quando seu pai iria brincar com ele já não o fazia sorrir, pelo menos não como antes, ele vivia assustado e quando alguém o tocava ele sentia nojo, e começava a ser agressivo, os pais quiseram levá-lo para um médico mas não tinham condições, então tentavam falar com o filho, mas era em vão, Pitt chegou a um ponto de nem sair de casa, ele e Ben já não se falavam, ambos tinham vergonha de olhar na cara do outro, Pitt estava perto dos seus dez anos de idade, ainda era um menino, mas sentia muita amargura, mas ele não sabia o que aquilo significava, era novo de mais para entender, então ficava de olhos fixo na parede ou apenas dormia.
Alguém bate na porta e Pitt já fica em alerta com medo de ser o seu abusador.
_Posso entrar? - Pergunta Cecilia já entrando no quarto. - Porque você não sai mais deste quarto, coisa linda? Vim buscar você para passar a tarde comigo e a Maria.
Cecília estava perto dos seus quatorze anos, já era uma mocinha, apesar de achar estranho, não entendia o porquê das abordagens do namorado da amiga de sua mãe, o Boris, mas ela não gostava dele, não entendia o porque mas achava melhor ficar distante dele, ela uma vez chegou a comentar com sua mãe Cinthia mas levou uma bronca, todos naquela vizinhança gostavam e respeitavam o Boris, um homem sempre bom e prestativo com todos. Mas Cecília também seria uma vítima, de certa forma, e esta também terá seu destino traçado ao palhaço pedófilo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Psicopatas Vol.3 - Momo's
Mystery / ThrillerImaginamos que não somos vítimas, que deixamos esse posto para o de provocador, achamos que somos culpados pelo o que nos aconteceu, e a resposta é que quase sempre nós somos culpados sim, mas quando se trata de um assédio ou violência infantil a si...