Capítulo 15 - A hora certa

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Os pais de Ana Luiza deixaram as duas na rodoviária para pegarem o ônibus e até o momento que eles foram embora, tiveram que esconder o tamanho da ansiedade que estavam, mas isso foi bem difícil e Ana reparou que a mãe estava bem desconfiada. Deixou para pensar nisso depois e quando as duas sentaram no ônibus, deixou transparecer para a namorada toda a sua felicidade.

– Estamos a algumas horas da nossa viagem – declarou para Belle.

– Que bom que vou passar essas horas com você ou a ansiedade estaria bem pior!

Elas tentaram dormir durante a viagem, mas o máximo que conseguiram foi um cochilo de meia hora. Passaram o resto do tempo aproveitando a paisagem e conversando várias coisas diferentes. Em dado momento Ana pegou no sono e Belle passou o tempo contando quantas embaúbas tinham no caminho e quanto estava feliz de estar ali com a mulher que amava. Tinha realmente muita sorte.

Chegaram e a cidade era tão pequena que não tiveram problema de andar até a pousada, visto que ela era bem perto da rodoviária.

Enquanto caminhavam de mãos dadas até o chalé, as duas sentiam o coração bater mais forte com o aproximado do momento delas. Passava da hora do almoço e chegava a hora das duas.

– É ótimo! – sorriu Ana.

– Perfeito – disse Belle olhando para a namorada carinhosamente.

O pequeno chalé de madeira com uma cama de casal era extremamente aconchegante.

As duas pararam no meio do cômodo e ficaram em silêncio. Era a hora da verdade. Agora só existiam elas duas, um quarto romântico e uma extrema vontade de ficarem ali para sempre.

– Você quer fazer alguma coisa? – perguntou Ana nervosa – Quer dizer... podemos ir na piscina, dar uma volta, comer alguma coisa... Sei lá – disse mais nervosa ainda.

– Acho que prefiro aproveitar esse primeiro dia só aqui com você – Belle sorriu.

Ana também sorriu. Ficaram se olhando e riram.

– Eu te amo – disse Ana Luiza aproximando– se de Belle para beijá– la.

– Eu também te amo – disse Belle logo antes de receber o beijo da namorada.

E então as duas se encontraram. Um dia. Numa sala. E agora encontravam– se novamente. Naquele dia. Num quarto, um chalé de madeira. Não era noite, mas não precisava de ser noite para que as duas tivessem a primeira noite. Só precisava de ser. E foi.

Enquanto o sol ardia do lado de fora, em plena luz, aquele quarto levemente escuro por conta da madeira e a janela fechada, virou o ambiente mais esperado na vida das duas. E ele chegou porque o esperado chega.

Do beijo passaram para um olhar. Um olhar que não precisava mais dizer nada. E do olhar se disse muito e o beijo voltou. E com o beijo as mãos que se exploram tímidas. E as roupas que saem, um pouco devagar pelo nervosismo. E então caminham para a cama dezengonçadas.

Quando deitam, as duas se olham sem saber exatamente o que fazer porque o desejo é grande, mas o nervosismo também.

– Você é tão linda – disse Ana Luiza, fazendo a namorada rir.

Ela olhava o corpo de Isabelle e passava a mão por ele como se fosse um grande prêmio. Aos poucos explorava um lugar novo. Os seios, as pernas, a barriga e então... o sexo. Isabelle gemia, respirando profundamente. Eram jovens e tinham uma vontade acumulada de muito tempo, mas junto com a vontade, em Isabelle, haviam barreiras. Toques em lugares tão íntimos davam medo, relembravam a violência do seu passado, mas ali, com Ana Luiza, nada era violência, tudo era carinho, tudo era amor. E ela abriu as pernas para receber as carícias que vieram. Primeiro a mão, tímida. Depois não tão tímida, quanto a voz que perguntava "assim está bom?"

Isabelle ouvia as próprias respostas e o próprio gemido e tentava mover os braços porque o que mais queria era sentir a namorada, mas por alguns momentos estava paralisada dentro do próprio prazer de ser sentida.

E então Ana Luiza achou que a mão não era sufiente e depois de ter encontrado o exato ponto de prazer da namorada, decidiu senti– la com a boca e descobriu que não existia gosto melhor nesse mundo do que sentir as pernas da namorada tremerem em seu rosto e entender, finalmente, que naquele momento ela estava entregue.

Isabelle sentia seu corpo se movimentar involuntariamente e o prazer chegar de uma maneira que nunca imaginara. E então ela chorou, baixinho, pouquinho, mas fez questão de sorrir, para que Ana Luiza sorrisse para ela e entendesse que estava tudo bem, mesmo que não entendesse o quão bem era aquilo. Mesmo que não entendesse a liberdade que era sentir aquele prazer.

E antes que Ana pudesse perguntar qualquer coisa, ela tomou folêgo, inverteu as posições e beijou e lambeu todo o corpo da namorada, porque precisava, queria, ânsiava por dar prazer a Ana Luiza. E os seus gemidos pareciam seus. E a sua descoberta a dela.

Quando chegou com a boca em seu sexo, soube que aquilo era tão lindo que tinha vontade de chorar de novo, de emoção, mas a vontade maior foi de dar tanto prazer quanto havia recebido e então sentiu– se ainda mais completa quando percebeu a namorada chegar no mesmo nível de prazer que ela havia chegado há pouco tempo atrás.

– Devíamos ter feito isso há tanto tempo atrás – brincou Ana, depois de recuperar o fôlego.

– Está perfeito assim – disse Belle.

– Perfeito! – repetiu Ana.

As duas ficaram abraçadas por alguns minutos, até voltarem a se beijar e sentirem a mesma vontade de antes.

Então passaram as próximas horas descobrindo o corpo uma da outra com a as bocas, as mãos e os sexos. Descobrindo o amor carnal. Descobrindo se descobrirem. Conhecendo os pontos de prazer uma da outra e criando enfim uma intimidade diferente, só delas, que nunca poderia ser desfeita. Quebrando uma barreira que nunca subiria de novo. Porque quando chega o momento em que nem as roupas são capazes de separar os corpos e nem as almas são capazes de se separarem do coração, tudo muda. Elas mudam. Elas mudaram. E sem volta. E elas sabiam disso e estavam felizes.

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