Capítulo 21 - A decisão

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O final do segundo período já se aproximava e Ana marcara com a namorada um piquenique no parque, porque gostaria de conversar algo à sós. As duas foram para o parque onde começaram a namorar e depois que já tinham lanchado e conversado, Ana começou a falar o que gostaria.

– Belle, eu te chamei aqui porque queria muito ter uma conversa séria com você.

– O que foi, amor? – perguntou Isabelle já sentindo o nervosismo tomar conta.

– Eu estive pensando muito sobre o nosso relacionamento. Já tem três anos que estamos juntas e meus pais continuam tendo dificuldades de acreditar e aceitar. Muitos dos seus amigos ainda não sabem também...

– Mas eu não escondo deles nem nada... Só não sou muito próxima de ninguém – se explicou.

– Tudo bem... eu não estou reclamando... é só que estamos juntas há muito tempo e ainda temos problemas com os outros. E por mais que eu ame os seus pais e queira estar lá sempre que puder, eu gostaria de estar num relacionamento em que pudéssemos ter mais liberdade. Meus pais não são ótimos como os seus e lá em casa é horrível de ficarmos... Tudo isso me fez pensar bastante e eu cheguei a conclusão que merecemos mais que isso, que o nosso relacionamento precisa mudar de nível...

– Como assim? – perguntou Isabelle desconfiada.

– A gente já namora há muitos anos... mais do que muitos casais. Tivemos a chance de nos conhecermos cedo e por mais que sejamos novas...

– O que você está querendo dizer, Ana? – interrompeu.

Ana Luiza respirou fundo.

– Isabelle, você quer casar comigo?

Belle ficou sem palavras, não conseguia acreditar. Ana ficou nervosa e começou a se justificar.

– Temos um relacionamento maduro o suficiente e eu sinto falta de termos nosso espaço...

– Claro que eu quero me casar com você, meu amor – disse Isabelle com lágrimas nos olhos.

Ana Luiza a abraçou e com os olhos embaçados, Belle conseguiu ver uma grande embaúba do parque, a mesma que vira no dia em que começaram a namorar. Sim... sua embaúba crescera, multiplicaram-se as folhas, as lindas estrelas verdes. E agora toda a árvore era um lindo céu de plantas, que brilhavam conforme as lágrimas caíam. Isabelle sentiu como se todas aquelas estrelas verdes nascecem nela. Como se o seu terreno agora estivesse tão fértil que todas as outras alegrias pudessem nascer de novo. E ela já sabia quais alegrias que gostaria de ter.

– Eu te amo, Belle! Eu sempre disse que queria você para a vida toda e isso é apenas uma prova disso...

– Eu nunca precisei de provas, eu já sabia – ela disse sorrindo.

As duas ainda ficaram conversando sobre como gostariam que fosse o casamento, como falariam para os pais.

– Seus pais já sabem, amor... Eu falei com eles antes de te perguntar...

– Eles souberam primeiro? – perguntou Belle.

– É que eu queria ver o terreno antes, pensar em qual anel você gostaria, se tudo bem..

– Anel?

– Ah é – disse Ana retirando uma pequena caixinha do bolso – Acho melhor fazer isso direito.

Então Ana Luiza se ajoelhou teatralmente na frente da namorada sem falar nada com a boca, apenas com os olhos. Isabelle olhava fixamente para o olhar da namorada e só desviou o olhar lacrimejante quando Ana abriu a caixinha e ela então viu uma simples e linda aliança que rapidamente foi parar em seu dedo, enquanto outro igual ia para o dedo de Ana Luiza.

As duas se beijaram ali no parque mesmo, sem se importarem se alguém via ou não, se importando apenas uma com a outra.

Depois do momento deitaram na grama olhando para o céu e para as estrelas verdes, da mesma maneira que fizeram três anos antes ao começarem o namoro. O natal se apoximava e as duas iriam casar.

Voltaram a conversar sobre como seria o evento, quando seriam, como se manteriam.

– Eu consegui a bolsa de pesquisa e não é muita coisa, mas você tem também o trabalho do seu pai. Pensei em começar a dar umas aulas particulares e de repente conseguimos nos manter em algum lugar pequeno.

– Acho que vai ser difícil só nós duas... - Belle pensou um pouco – Amor, e se chamarmos o Gustavo para dividir um apartamento?

– Você não ia se importar de morar com ele? – perguntou Ana, pensando sobre a ideia.

– Acho que se formos esperar para morar totalmente sozinhas, vamos ter que esperar até, pelo menos, o final da faculdade.

– É verdade... acho que pode ser uma boa... vamos falar com ele.

As duas saíram do parque de mãos dadas, com os anéis nos dedos.

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