Capítulo 3 - O jogo

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Durante a noite, Isabelle teve um pesadelo. Mas não era qualquer pesadelo. Ela reviveu o dia fatídico e acordou no meio da madrugada chorando e querendo gritar. Seus pais levantaram e foram até ela, mas o mal já estava feito. Seu coração disparava como se quisesse sair dela e ela tinha também a vontade de sair de si mesma. O pânico tomou conta de todo seu corpo. Sentia uma enorme ansiedade sem propósito e não mais conseguiu dormir. António e Raquel ficaram ao seu lado, tentando ajudar e dizer que ela estava segura, apesar dela não se sentir.

Isabelle perdeu a noção de tempo e espaço. Tremia, suava e tentava a todo custo controlar seus pensamentos para que não voltassem ao dia fatídico. Não soube definir quanto tempo demorou para parar de tremer e conseguir respirar normal até voltar a dormir.

Sua mãe, que acordaria cedo no dia seguinte, foi deitar, enquanto que António se disponibilizou a dormir ali no quarto da filha, velando seu sono.

Não a acordaram para a escola e ligaram para a psiquiatra que atendia Isabelle uma vez por mês, desde que chegaram na cidade nova. Ela adiantou a consulta mensal para aquele mesmo dia.

Quando Isabelle acordou estava mais calada que o normal. O pai havia cancelado uma consulta durante a manhã para não deixá– la sozinha e só saiu depois que a Raquel havia retornado.

Logo depois do almoço o celular de Isabelle começou a tocar. Ela sabia que era Ana Luiza e enquanto caminhava até onde o aparelho estava, pensava mentalmente se atenderia ou não.

– Alô – acabou atendendo.

– Oi, Belle, é a Ana Luiza. Tudo bem? Você não foi à aula hoje – perguntou preocupada.

– É que passei mal durante a noite – justificou.

– O que você teve? Está melhor?

– Estou sim, não precisa se preocupar. Não foi nada demais.

Ana Luiza então começou a falar sobre o dia de aula que Isabelle havia perdido. Falou sobre os professores, deveres e disse que poderia ajudar com a matéria que ela estava atrasada.

– Obrigada.

– Podemos ficar amanhã até depois da aula, pode ser?

Ana Luiza vivia fazendo esse tipo de coisa. Colocava uma data específica nos convites e falava de supetão. Isabelle não cosneguiu dizer que não.

– Pode ser sim. Até amanhã então.

– Melhoras, Belle! Beijos.

No final da tarde, Raquel a levou na psiquiatra. Além dos remédios que Belle ja tomava, ela receitou mais um para a ajudar a dormir.

– Mãe, amanhã eu vou ficar até mais tarde na escola. Será que você pode me pegar antes da terapia?

– Claro – disse Rachel estranhando – O que vai fazer lá?

– Ana Luiza vai me ajudar com a matéria que eu perdi no último mês.

Raquel ficou muito feliz com a notícia. Era muito bom que a filha voltasse a ter amigos, já que se recusava a entrar em contato com os amigos que tinha antes do dia fatídico.

****

No dia seguinte, Ana Luiza recebeu Isabelle com um sorriso, que esta retribuiu sem nem pensar, nem precisar ouvir piada.

Logo no início do dia tiveram aula de educação física. Ana Luiza fez questão de tirar o time para que Isabelle ficasse com ela e não se sentisse deslocada. Acabou se surpreendendo ao perceber que Isabelle era uma ótima jogadora de volêi. Com certeza, uma das melhores da turma.

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