– O que acha de sairmos para comer alguma coisa? – Sugeriu Ana, quando já estava escuro.
– Tinha esquecido da minha fome – riu, Isabelle – Tinha esquecido de tudo, na verdade – disse sorrindo e beijou a namorada.
Depois de terem passado horas na cama entre descoberta e conversas, as duas sentiram– se famintas. Estavam nuas, na cama, aproveitando a intimidade tão nova e o passo tão grande no relacionamento.
Cada uma tomou seu banho separadamente e saíram pela cidade para jantar. Estavam muito felizes e conversaram animadamente durante a refeição.
Quando voltaram para o chalé, nem precisaram dizer nada, apenas se beijaram e andaram até a cama para se amarem mais algumas vezes, timidamente. Ainda se descobriam. E então abraçaram– se e dormiram numa paz capaz de vencer qualquer ansiedade e preocupação.
Como era bom dormir assim... E foi uma noite tão tranquila para as duas que elas pensaram em como seria difícil agora dormirem separadas novamente.
Passaram o fim de semana num clima absurdamente feliz. Saíam para dar algumas voltas, foram na psicina, mas sempre voltavam logo para o quarto, onde podiam ficar juntas. Aproveitaram todo o tempo possível para matar o desejo acumulado que sentiam e quando chegou a hora de irem embora tudo estava diferente, porque até os toques mais inocentes mudam depois que os corpos se entregam.
Quando voltaram da viagem os pais de Ana foram recebe– las e logo estranharam os sorrisos tão gigantes e a proximidade das duas que parecia aumentar a cada segundo que passava.
Deixaram Isabelle em casa e estranharam ainda mais o abraço mais demorado do que nunca, as mãos da filha que não queriam desgrudar do braço da amiga e os olhares sorridentes que continham um brilho diferente.
Ana chegou cansada e foi logo dormir e nesse momento os pais acabaram conversando entre si.
– Não estou gostando nada dessa relação das duas! Tem uma coisa muito estranha aí... Estou falando isso há semanas! – falou João.
– Precisamos fazer alguma coisa... Essa menina está sendo má influência para a nossa filha – concordou Andréia.
Os dois discutiram e chegaram a conclusão que olhariam o celular da filha para confirmar suas suspeitas. Aproveitaram o sono de Ana Luiza e pegaram o celular de seu quarto. Ao lerem algumas mensagens trocadas com Isabelle, Andréia caiu em prantos ao perceber que a relação delas era um namoro.
– Isso acaba agora! Minha filha não é sapatão! – falou exaltado – Essa menina não entra mais nessa casa e Ana Luiza vai se afastar dela por bem ou por mal!
Andréia concordou e os dois passaram a noite praticamente em claro, esperando amanhecer para conversar com a filha.
Ana Luiza acordou de seus melhores sonhos. A vida sorria para ela. Sentia– se uma nova mulher, como se o sexo fizesse que ela amadurecesse anos e como se a relação dela com a namorada não pudesse ficar melhor, como se nada pudesse as abalar. Só que ela acordou alheia ao que acontecia com os pais, não sabia que as complicações estavam bem perto delas.
Quando ia se arrumar para a escola o pai a chama sério para uma conversa e ela sente o coração palpitar nervoso ao se sentar na sala.
– Ana Luiza, você pode nos explicar o que significa essas mensagens no seu celular? – a mãe perguntou.
Ana demorou alguns segundos para realmente internalizar que eles sabiam de tudo.
– Não acredito que vocês pegaram meu celular assim! – tentou defender– se.
– Somos seus pais e nos preocupamos! Agora responde a pergunta de sua mãe – disse João.
Ana Luiza respirou fundo, mas sentia– se indefesa. Como se todos os argumentos lhe faltassem, como se todas suas forças fossem inúteis. Começou a chorar e falou baixinho:
– Eu amo ela, mãe, amo muito!
– Deus me livre, Ana Luiza! – falou a mãe – O que essa menina está fazendo com você?
– Ela não fez nada! A gente namora, não é nada demais – disse ainda chorando, tentando recuperar as forças.
– Essa pouca vergonha acaba agora! – gritou o pai – Você não vai mais ver essa menina de jeito nenhum! Vai sair daquela escola e não pega mais nesse celular enquanto estiver com essa história na cabeça! Acabou, ouviu bem? – falou exaltado.
A rebeldia fez com que Ana chorasse mais, porém também fez com que ela achasse forças dentro dela. Nada, absolutamente nada, faria ela se afastar de Isabelle.
– Isso nunca vai acontecer! Eu nunca vou me afastar dela! Nunca! – gritou e levantou do sofá.
– Você não tem escolha! – o pai gritou também se levantando.
– Você não pode controlar a minha vida! Eu amo a Isabelle e vou ficar com ela para sempre! – falou irritada parando de chorar.
– Abaixa essa voz para falar com o seu pai! – falou João irritado – Ou eu vou te dar a surra que nunca te dei na minha vida!
– Calma, João – falou Andréia afastando ele da filha – Ana, seu pai e eu queremos o melhor para você! A decisão já está tomada! Você nem volta mais para aquela escola.
– Vocês não vão conseguir! – falou voltando a chorar – Ela é a mulher da minha vida e se vocês quiserem fazer parte dela vocês vão ter que aceitar.
O pai riu ironicamente e falou com desdém.
– Você é uma criança que não sabe de nada! Espera só para você ver o que vai acontecer! Não sai mais desse casa tão cedo! Já confiscamos a sua chave.
Ana Luiza ficou indignada e chorou com mais força.
– Vocês são preconceituosos e eu sabia que não iam me aceitar! A gente namora há quase dois anos e vocês podem fazer o que quiserem mas nunca vão me afastar dela! Ela me ama de verdade e vocês não! – disse com ódio.
João começou a gritar que ele quem mandava nela, mas ela virou as costas e saiu da sala correndo em direção ao telefone, já que não tinha mais seu celular. O pai foi atrás mas ela conseguiu discar o número do irmão antes que ele chegasse.
– Guto – falou chorando – Me ajuda! – conseguiu pedir antes que o pai chegasse e desligasse o telefone.
Ela ainda conseguiu ouvir a voz preocupada do irmão perguntando o que tinha acontecido, mas não pode responder.
– Eu sou seu pai e você vai me obedecer, Ana Luiza!
Ela não mais falou nada. Continuou a chorar e correu para se trancar no quarto. Depois de algumas tentativas frustradas dos pais abrirem a porta, a deixaram chorar em paz.
Enquanto isso, na escola, Isabelle estranhava não encontrar Ana Luiza. No intervalo tentou seu celular mas estava desligado. Sentiu uma sensação ruim, mas tentava se acalmar e lembrou do fim de semana tão bom que viveram.
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Estrelas Verdes
RomanceIsabelle é nova na cidade e tem um passado doloroso que a impede de sorrir livremente. Isso até conhecer Ana Luiza, que muda a sua vida completamente.