Capítulo 18 - A terapia

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Naquela noite Isabelle teve um leve ataque de pânico a noite. Sentia como se pudesse perder toda a felicidade conquistada até aquele momento. Ana Luiza representava conseguir seguir em frente. A força da namorada ajudava-a mesmo sem que ela soubesse.

Não queria perder tudo que havia conquistado nesse tempo.

– Você acha que tudo o que conquistou está necessariamente ligado ao seu relacionamento com a Ana Luiza? – perguntou a terapeuta na sessão do dia seguinte.

– Foi a partir dela que tudo mudou – a menina respondeu.

– Mas foi ela que mudou tudo em você ou foi por causa dela?

– Por causa dela...

– E quem mudou foi você! E você mudou por que queria estar bem para ela ou porque simplesmente queria estar bem?

Isabelle pensou.

– Porque eu queria estar bem... Para mim e para ela.

– Então você mudou não apenas por ela, mas por você mesma. E foi você quem mudou! O mérito é seu! Você conseguiu passar por experiências traumáticas e se reerguer como muitos não conseguem. E a Ana Luiza pode ter auxiliado, dando suporte, dando um empurrãozinho, mesmo sem saber, mas a pessoa que realmente passou por tudo e se superou foi você! E isso independe dela! Sua melhora pode ter sido porque ela entrou na sua vida, mas agora não depende mais se ela vai ou não estar na sua vida... Depende da sua força de vontade de continuar bem.

Isabelle pensou novamente.

– É verdade... é para mim... – as coisas que a psicóloga já falara em outros momentos, de outras formas, começou a realmente fazer sentido e ser internalizado pela menina.

– Então agora você não precisa ter medo de tirarem de você o que já foi conquistado porque tudo que você conseguiu alcançar até aqui foi com o seu próprio esforço e ninguém pode tirar isso de você!

– Acho que você está certa, mas mesmo que todas as mudanças independam dela, mesmo assim eu não quero que ela vá embora da minha vida! Eu tenho medo de perder não só o que eu conquistei, mas perder ela, entende?

– Claro! O amor que vocês sentem continua, o que não pode é haver dependencia... Se você entende que pode ser feliz sem ela, mas mesmo assim quer ser feliz com ela, vocês terão um relacionamento mais saudável.

– Acho que entendo isso... Ela é muito importante na minha vida, mas ela não pode ser tudo.

– Exatamente... A gente tem conversado muito sobre isso nos últimos anos e esse seu pânico dessa madrugada mostra que você ainda precisa aprender a se desprender. E isso não quer dizer deixar de amá-la e estar com ela, mas não depender a sua felicidade disso. Se você não internalizar isso, pode acabar tendo uma crise de pânico em cada desentendimento, em cada problema... E você quer continuar sentindo esse medo todo?

– É verdade... Acho que isso foi bom para me ajudar a entender isso tudo, sabe? Eu quero muito ficar com ela! Mesmo antes de tudo, eu não me sentia tão bem quanto me sinto quando estou com ela. Eu me vejo passando a vida inteira ao lado dela!

– E você pode passar a vida inteira ao lado dela! Isso só depende de vocês duas...

Isabelle se sentiu bem melhor e saiu da consulta mais leve. A mãe a esperava do lado de fora e as duas foram para a casa.

Ana Luiza e Isabelle se falaram por telefone e Ana falou que os pais não tinham ido até lá, mas que ligavam várias vezes ao dia fazendo milhares de chantagens com ela e com o irmão, para que ela voltasse. Não queriam ir até lá para não fazer vexame com os vizinhos e com os colegas de apartamento de Gustavo.

Ana Luiza mantinha sua postura firme diante dos pais, mas estava muito triste por estar passando por aquilo.

Os pais de Isabelle não queriam levá-la até lá porque não queriam complicar a situação, mas ao final da semana ela decidiu ir sozinha até a namorada. Se a terapeuta estava certa e dependia somente delas mesmas, então elas realmente ficariam juntas por toda a vida.

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