Capítulo 20 - O rapaz

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Ana Luiza chegava com as compras do mercado na casa da namorada, quando avisaram na portaria que um rapaz esperava Isabelle. A namorada tinha um trabalho em dupla para fazer e já tinha avisado que o menino apareceria e ela se atrasaria no escritório de António.

– Pode subir comigo. A Belle vai atrasar um pouquinho. Meu nome é Ana Luiza – ela disse sorrindo.

– Eu sou Fábio – disse o menino, ajudando Ana com as compras.

Ela não tinha carro e fazia tudo de onibus. Tinha acabado de fazer mercado no lugar dos sogros já que nessa semana não puderam. Nesse caso ela voltara de táxi com todas as compras da semana.

– Ela vai demorar? – perguntou o rapaz enquanto subiam no elevador.

– Acho que não... Ela já deve estar no caminho.

Chegaram na porta e Ana Luiza abriu com sua chave, já que ninguém estava em casa aquela hora.

– Pode entrar e ficar à vontade...

– Obrigada – ele disse, curioso por saber quem era Ana Luiza. Uma irmã? Prima? Tinha a chave da casa, trazia compras...

Ana Luiza percebeu a confusão do menino e achou graça pela vergonha que ele tinha de perguntar. Viu que ele sentou no sofá da sala e foi para a cozinha arrumar as compras. Como os dois cômodos eram perto, ela iniciou uma conversa amigável sobre a faculdade que faziam, as aulas, o trabalho... Depois de guardadas as compras foi até o quarto mudar de roupa e a namorada logo chegou, indo até o quarto, cumprimentá-la.

– Oi, amor – Isabelle entrou sorrindo, dando um beijo na namorada.

– Que bom que você chegou! – disse Ana dando mais um beijo em Belle – O Fábio já está te esperando super tímido – Ana riu.

– Vou lá fazer esse trabalho para terminar logo... Meu pai está te esperando lá na sala para vocês verem o jogo...

– Eba! Vou lá – disse e deu mais um beijo na namorada.

Isabelle trocou de roupa e foi se encontrar com Fábio na varanda para começarem o trabalho. Ana Luiza e António já estavam no sofá assistindo jogo de vólêi e vibrando pelo time deles.

– Ainda não terminou esse jogo, hein? – falou Raquel assim que chegou em casa.

– Falta pouco, sogrinha – disse Ana Luiza.

Com o passar dos anos surgiram os apelidos carinhosos entre entres e Ana passara a chamar António e Raquel de sogrinhos.

– Vou preparar um lanche, quando acabar aí me avisa.

De vez em quando Ana olhava para a namorada e o rapaz, percebendo que ele parecia interessado em Isabelle. Quando todos sentaram para lanchar sua suspeita se confirmara. Achou graça do fato da namorada nem sequer perceber as investidas do garoto, que ficou timido quando António sentou à mesa.

– Como foi o jogo, amor? – perguntou Isabelle e Ana Luiza percebeu a cara de surpresa do menino, que ainda parecia não ter compreendido a situação por completo.

– Ganhamos por pouco, graças a Deus. E como foi o trabalho, conseguiram terminar?

Então começaram um pequeno diálogo sobre o que estavam fazendo para o trabalho, a matéria da faculdade e tudo mais.

Terminado o lanche, o dapaz começou a se arrumar para sair.

– Que bom que conseguimos terminar tudo direitinho... só faltam alguns detalhes – comentava Isabelle.

– Verdade... mas a gente pode se encontrar outro dia para finalizar... Ou então podíamos marcar de sair para algum lugar... De repente um cinema, o que você acha? – perguntou o menino ao chegarem à porta.

– Podemos sim... Vou ver um dia com a Ana e a gente marca... - disse sem entender que Fábio a chamava para irem sozinhos.

– Está bom – disse sem graça e se despediu.

Isabelle voltou e encontrou seus pais e a namorada falando do Fábio.

– O que foi? – ela perguntou.

– Amor, você realmente não percebeu que esse cara estava super a fim de você? – disse Ana.

– O Fábio? – Isabelle perguntou desconfiada.

Seus pais e Ana Luiza riram.

– Claro que não, gente... Ele é meu amigo.

– Amor, você é muito distraída! Claro que ele esava dando em cima de você! – disse Ana indo abraçar a namorada.

– Sério?

– Claro, minha filha... Até eu e seu pai reparamos... - disse Raquel.

– Por isso então que ele me chamou para ir ao cinema! – caiu a ficha de Belle – Tadinho... Dei um fora nele sem perceber...

– O que você disse? – perguntou António.

– Que ia ver com um dia que a Ana pudesse ir também.

Todos riram. Depois de mais alguns comentários mudaram de assunto e ficaram conversando e assistindo televisão até a hora de dormir.

– Meus pais não param de fazer comentários chatos sobre a minha vida – desabafou Ana, quando já estavam deitadas para dormir.

– Ainda isso, amor?

– Pois é... Tinha dado uma leve melhorada, mas agora que eles viram que eu estou gostando mesmo dessa faculdade e quero seguir essa vida, piorou de novo. Acredita que eles me perguntaram hoje quando que vou arranjar um namorado? Que alguns parentes tem perguntado...

– Eles precisam de um tempo... Eles acreditaram que era algo passageiro, daqui a pouco cai a ficha de que não é e que eles tem que aceitar.

– Eu fiquei super indignada e falei várias coisas para eles, mas até hoje nada adiantou – disse triste.

– Eu sei que isso te deixa triste, amor... Mas tem que ter paciência com eles.

Antes de dormir, Ana Luiza ainda ficou acordada por um tempo, mesmo depois da namorada ter dormido. Ela não conseguia parar de pensar no seu dia. Seus pais ainda não aceitavam a namorada e pelo que aconteceu com o rapaz, muitos amigos de Isabelle também ainda não sabiam delas. Ela estava bem cansada de ter que esperar para que tudo se ajeitasse. Então, antes de fechar os olhos, pensou que tudo aquilo que vivia não era mais suficiente, que ela precisava de mais.

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