Lost Island - Parte 7

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"Você realmente manja das coisas" resmungo comendo mais um pedaço de peixe. Ele é um bom pescador.

Pelo rabo do olho, o vejo franzir as sobrancelhas rebeldes. Seus cachos bagunçados e mal cortados refletem a luz do fogo a nossos pés, já muito bem seco.

"Foi um elogio" explico, lembrando que ele não entende de gírias e essas coisas.

Ele faz um 'o' com a boca e depois volta a comer. "Obrigada" assente com uma expressão séria e concentrada. "O que acontece em um contro?" pergunta ainda olhando o fogo.

Observo seu perfil elegante. Nesse ângulo ele fica lindo...

Só então me ligo no que ele perguntou. "Oh, hum... bem, você vai comer, ou conversam sobre o que tem em comum com a outra pessoa. Há muitos jeitos de ter um encontro e o que fazer nele" dou de ombros, sem saber mais como explicar.

Ele fica alguns minutos em silêncio, pensativo.

Continuo a comer e depois jogo os espinhos do meu pedaço no fogo, limpando a mão na calça.

"Então... isso é um contro?"

Paro nos trilhos por um instante, depois o encaro sem dizer nada. "Não. Eu acho que não" realmente não sei se isso se classifica como um encontro.

"Por que não?" ele entorta a cabeça para o lado, me olhando confuso. "Estamos fazendo o que disse"

"Bem, um encontro é chamado de encontro por que as pessoas querem se conhecer melhor para algo amorosamente possível acontecer." Tento explicar. "E não estamos fazendo isso no momento. Por isso não é um encontro"

Depois disso, jogo um pequeno galho perto de mim dentro do fogo, enquanto cutuco os que já estão lá com uma varinha.

Fico pensando na minha família, e o quanto minha mãe ria dos encontros ruins que eu tinha. Ela deve estar me procurando, querendo saber onde estou.

"Ainda tem mãe?" ele pergunta do nada e volto a o olhar.

"Tenho. Eu acho. Não sei mais como as coisas estão, então... tentei ligar, mas aqui não tem sinal no celular"

"O que é ceular?" une as sobrancelhas em uma careta confusa.

Dou um sorriso gentil com isso. "Desculpe, você não conhece nada do mundo qual eu vim, não é? Fico esquecendo disso" solto o ar pelo nariz em uma risada não risada.

"E o que é?"

"É um aparelho que você usa pra te ajudar nas coisas. Mas se o meu não tivesse acabado a bateria poderia te mostrar"

Ele assente em compreensão. "O homem no avão... é seu pai?"

"É. Biológico, quero dizer. Sabe o que quer dizer?" pergunto gentil e ele assente. "Não tinha muito contato com ele, sabe. Não até dois anos, já que ele voltou a falar com a gente."

"Por que?"

"Minha mãe engravidou de mim, e... bem, ele não queria isso. Fugiu. Só dois anos atrás que ele voltou" brinco com a varinha em mãos pra poder ter uma distração.

"Eu enterrei ele" ele diz e me olha agora.

"Sério?" minha vez de unir as sobrancelhas. Um ventinho passa perto de nós, fazendo as folhas farfalharem. Me aproximo dele, me escondendo atrás da raiz da árvore.

"Sim"

"Por que?"

"Ele merecia melhor do que ficar lá" dá de ombros.

Dream About Me - Tom Holland ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora