Dogsitter - Parte 4

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O Encontro



"Eu poderia ter feito algo sabe, mas não quis te espantar com minha comida" ele diz, tomando da cerveja direto da garrafa.

Dou um sorriso, pegando mais um pedaço de pizza. "E eu me segurando. Eu como uma pizza inteira cada vez. Só não fiz pra não te assustar"

Ele me olha pasmem. "Jura?"

"É... fazia isso com um cara que tava saindo. Ele disse que não ia mais sair comigo por que iria levar ele a falência nos restaurantes" digo rindo mas ao mesmo tempo envergonhada.

"Que babaca" ele diz, apoiando o braço na almofada do sofá.

Estamos sentados nos chão, no tapete branco fofinho, a caixa de pizza entre nós.

Dou de ombros. "Ele teve suas razões. Medíocres, mas teve." Concedo a ele, pelo menos isso.

"Você gostava dele?" Tom pergunta, e ergo o olhar pra ele.

"Não... não como deveria ao menos" resmungo, fazendo um barulho de riso pela garganta. Seguro a cerveja com uma mão enquanto imito sua posição apoiada no sofá. "Mas ele era bom na cama. Fazia valer a pena por ser mão de vaca"

Ele estreita os olhos pra mim.

"O que? Só os homens podem classificar as mulheres?" pergunto debochada, tomando mais da garrafa.

"Não, não é isso. Seria estranho ficar com alguém só pelo sexo" dá de ombros. Mas suas bochechas ficam rosadinhas.

"Foi por isso que não me arrependi de tê-lo deixado ir." Dou de ombros de novo "quero ser amada de volta, um pênis posso comprar em uma loja, não é exclusividade corporal" dou um sorriso e pego mais um pedaço da pizza.

"Então está procurando por romance?" ele pergunta, me olhando estranho.

"Não romance em si, talvez também, mas, quero sentimento. Um amor. Alguém que me ame de volta. Algo real. Recíproco." Tento explicar.

"Entendo. Sinto o mesmo. É difícil sabe, ter alguém que te ame de verdade e esteja disposto a passar por todo os perrengues e obstáculos com você" ele diz, e ergo a sobrancelha.

"Parece... que tem tristeza, senhor Holland" digo, tomando mais da garrafa em seguida. "Que já sentiu a dor da rejeição"

"Eu já. Fui traído a muito tempo, com uma namorada de adolescência. Não sinto falta dela, mas ainda sinto a dor de ter sido traído, de minha confiança ter sido quebrada por uma mentirosa." Diz, parecendo tenso e sério.

Os olhos estão voltados para o chão agora, ou seja, o tapete qual estamos em cima.

"Ser ator é fenomenal, mas também descobrimos muito das pessoas. Isso em tudo, não é tão bom. Sempre descobrimos aqueles que não lhe fazem bem, mas mesmo assim, ainda entram na sua vida fazendo juras e promessas... apenas para quebrá-las depois." Diz, ainda olhando pra baixo.

A dor em sua voz é algo palpável.

"Eu sei como se sente." Sussurro, sabendo que a dor da mentira é uma das maiores.

Quando ergo o olhar, ele está a me avaliar silenciosamente.

"Quem machucou você?" ele pergunta baixo, em um sussurro rouco.

Dou um sorriso debochado. "Richard. Éramos um casal. Até dois anos atrás, estávamos juntos. Isso, é claro, até que ele levou outra mulher pra minha cama. Sem eu saber" digo, sentindo o gosto metálico da raiva na língua.

Não que raiva tenha gosto, mas sinto tanto ódio que acho possível sentir o sabor dele.

"Sinto muito" Tom sussurra.

Lhe dou um sorriso curto, breve. "Esse é meu primeiro encontro desde um tempo pra cá. Não por falta de opção, claro. Tive muitos convites e propostas" meu sorriso se alarga agora.

Ele me olha com um sorriso, mas de incerteza e cautela.

"Eu não queria... me sentir fraca perante outra pessoa de novo, entende? Eu fui tola, ingênua. Acho que estava mais apaixonada pela ideia de alguém gostar de mim do que eu estava amando-o realmente" digo, dando um sorriso para o tapete.

Não ouso olhar para Tom que sinto me observar.

"A culpa não foi sua" ele diz, gentilmente.

"Não foi. Eu sei que não. Mas eu me culpo por ter acreditado. Por ter me deixado levar, entende? Por permiti-lo entrar em minha vida, dando-o direito sobre meu coração."

"Mas ainda quer amar" Tom sussurra.

"No fundo, todos querem se sentir amados. De alguma forma, de algum jeito, mas todos, mesmo os que não falam sobre isso, almejam serem amados por alguém um dia." Digo, tomando mais da cerveja em minha mão.

Ficamos um momento em silêncio. Um momento longo, onde ficamos confortáveis em não ter som.

A paz reinando no ambiente, pesando sobre nós como um manto invisível. Calmo. Tranquilo.

"Aceitaria sair comigo outra vez?"

Ergo o olhar surpreso para ele, piscando um pouco pela pergunta. "Gostaria de sair comigo de novo?" ergo a sobrancelha, dando um sorriso brincalhão.

"Claro. Adorei sua companhia." Sorri de uma maneira fofa.

"Eu adoraria" respondo com um sorriso sincero.


*X*


"Então, mora aqui" ele diz, olhando o corredor por onde vamos indo.

Eu disse que ia pegar um taxi. Tom não permitiu. Insistiu dizendo que era o mínimo que poderia fazer por já não ter ido me buscar.

Então, ele me trouxe em casa.

"É, moro aqui com Apolo. É modesto, não tão grande. Mas amo o conforto e design da construção." Respondo, caminhando lentamente ao se lado. "Por isso não mudei ainda"

Ainda falta mais um lance de escadas para subir até o meu andar. Eu moro no último. Consegui essa sorte. A vista é linda.

Sinto sua mão encostar na minha, um toque suave mas sugestivo. Sei que poderia segurar seus dedos sem nem o olhar, algo sutil e silencioso.

Mas não. Viro o rosto para ele. A pergunta clara e nítida em silêncio indagador.

Ele cora um pouco por baixo do capuz e me olha envergonhado. "Desculpe. Muito rápido? Se não quiser segurar minha mão eu entendo. Não se sinta pressionada. Só quis mostrar que se quiser, também estou afim" explica, parecendo arrependido. As bochechas estão coradas de vergonha.

Ele passa o dedo pelo nariz, com a outra mão. Um tique qual já havia reparado ele fazer. Em seguida, dá uma fungada, como também já havia notado antes.

Lhe dou um sorriso.

"O que?" Ele pergunta, me olhando estranho. Desconfiado. "Tá me olhando assim por que?"

Dou de ombros. "Nada... é só que você tem tiques quando está nervoso, envergonhado e desconfortável" explico, voltando a andar.

Ele me olha pasmem. "Você realmente me conhece." Me olha em admiração. "Você via minhas entrevistas e filmes"

"Eu disse" sussurro de volta, dando um sorriso de exibimento.

Dessa vez, sou eu quem encosta em sua mão, algo suave e discreto. Mas sinto borboletas no estômago quando ele segura meus dedos.

"Por que é tão legal comigo? Tipo, sem... um ataque de fã?" pergunta enquanto subimos as escadas para o meu andar.

"Bem, não prometo não dar pitaco um dia." Concedo, fazendo nós dois rirmos baixo disso. "Mas, você pareceu tão familiar, em casa, tranquilo e aconchegante que fiquei com pena de acabar com isso"

Ele fica um momento em silêncio. Mas sorri pra mim.

Dream About Me - Tom Holland ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora