Lost Island - Parte 19

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Dois Dias Depois



"Eu sei que é difícil pra você voltar a se adaptar a essa vida, filha... mas também precisa passar um tempo com a sua família. Desde que voltou, não gosta de ficar mais com a gente" mamãe diz, me olhando do sofá.

Respiro fundo, e olho o quintal pelas portas de vidro fechadas. Está chuvoso hoje.

"É estranho" sussurro, ainda olhando lá fora. "Quando eu estava lá, queria estar aqui. Agora que estou aqui, quero aquela paz"

"Está dizendo que quer voltar pra aquele lugar?" mãe diz, indignada e a olho agora. "Como pode?"

"Não aquele lugar. Só... uma paz igual, entende? Sem barulho, sem pessoas demais em cima de mim" digo, cruzando os braços.

Phil e Tom foram ao mercado. Só espero Tom não fazer nada demais, misericórdia.

"Nós perturbamos vocês?" ela pergunta, magoada e triste.

"Não. Claro que não, mãe. To falando da rua, do bairro. Da cidade. Os barulhos é... são irritantes. Me enchem o saco. Não consigo dormir direito" explico, me arrumando mais no sofá. "Sinto falta da quietude. Quero ficar em contato com vocês, ver vocês. Meus amigos. Mas... acho que a cidade não é mais meu lugar" admito, dando um sorriso sem graça.

"E vai viver do que? Tom não sabe nem o que é um computador. Você não terminou a faculdade. Do que vão viver?" parece horrorizada.

"Ainda tenho a vaga na faculdade, com tanta atenção que ganhei ao voltar, ainda me deixaram ficar pra poder ganhar fama também. E além do mais, posso terminar online. Eu quero um refúgio." Digo com propriedade, e contentamento.

"Refúgio?" repete me olhando como se fosse verde.

"É, refúgio. Um lugar 'isolado' onde possamos morar, mas ainda ter contato com o exterior quando quisermos. Morar no mato, sem cidade ou barulhos infernais. Quero voltar a viver da terra, ser livre" me sinto viva só de imaginar.

"Você-"

O telefone toca, a impedindo de continuar. Ainda contrariada, vai atender.

Aguardo para ver o que é, e me surpreendo quando ela me passa o telefone, dizendo que é pra mim.

"Pra mim?" pergunto ainda sem entender. Ela assente e volta a se sentar. Levo o telefone fixo a orelha e engulo em seco. "Alô?"

"Olá, senhorita Ss?"

"Senhora Holland, na verdade" corrijo, sabendo que ainda não me chamam assim, mesmo nós dois tendo nos casado no cartório.

"Sim, isso. É você mesma. Aqui quem fala é Jimmy Paltron. Sou advogado da família Holland a muitos anos. Cuidei de muitas das papeladas da família mesmo eles tendo desaparecido"

"Advogado? Não entramos em contato com nenhum advogado" olho pra mamãe, ainda confusa. Ela está o mesmo.

"Sim, senhora. Eu sei. Mas como advogado da família, preciso avisar sobre a herança Holland. Qual você e seu marido serão beneficiários"

Abro a boca em choque. "He-herança? Mas... pensamos que isso já tinha sido repartido a muito tempo. O próprio Tom achou isso"

"Bem. Não. Com o desaparecimento da família, as contas foram vetadas, transformadas em poupança. O único que poderia mexer é o herdeiro. Enquanto não completava dezoito anos, seria eu. Ou os pais. Mas após a maior idade, tudo está nas mãos de seu marido"

Coloco a mão na testa, sem ter o que fazer. "Minha nossa" resmungo, a garganta um calombo qual não consigo engolir, de tanta emoção.

"Gostaria de saber quando podem vir a Londres para preparar tudo legalmente"

"Nós... nós vamos conversar, e irei avisar ao meu marido assim que ele voltar pra casa. Entraremos em contato ainda hoje" o aviso, me sentindo feliz.

"Estarei no aguardo"

Desligo a ligação e ainda não consigo acreditar no que acabei de ouvir. Dou o maior sorriso pra minha mãe, que não entende nada.

Tom estava tão chateado por não conseguir nos dar uma casa pra morar. Estava se sentindo tão frustrado após ouvir uns conhecidos do trabalho de Phil que vieram nos visitar falando sobre homens serem provedores e chefes de família.

Eu disse que não pensava assim, mas em um ambiente com igualdade e equidade. Onde nós dois provemos o que precisamos pra viver.

Ele gostou dessa opção. Pois é o que já vivíamos lá na ilha.

Mas ele ainda se sente mal por não termos casa, um lar. Pelo menos mais espaço para construirmos uma cabana e um jardim com frutas e árvores.

Agora, com esse dinheiro, é uma nova esperança pra nós, uma oportunidade.

Sei que tanto ele quanto eu, queremos um pouco de mato em nossas vidas. Isso, é a melhor coisa que aconteceu após voltarmos.

Dream About Me - Tom Holland ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora