20:00
Enquanto Gohan brincava no chão da cozinha com alguns carrinhos, Goku terminava de preparar a refeição. Goku pegou Gohan no colo e o pôs sentado na cadeira de alimentação de crianças.
-Tá com fome, Gohan?
O pequeno resmungava para o pai, como se quisesse comer logo.
-Tudo bem. Advinha o jantar? Isso mesmo. -Goku se virou e pegou o prato de Gohan e colocou na cadeira. -Sopa de inhame com espinafre.
Gohan fez uma careta, reprovando totalmente o prato que estava na sua frente.
-Ah que isso? Tá uma delícia! Eu fiz com tanto carinho. -Goku fingiu estar triste. – Não acredito que você não quer comer.
O pai se pôs a dar comida na boca de seu filho. Na primeira colherada, Gohan fez careta, mas logo em seguida começou a pedir por mais.
Gohan ainda não falava direito. Soltava palavras as vezes, como “papai” ou “fome”. Ele ainda tinha 1 ano e estava aprendendo a andar. Fora abandonado por sua mãe em menos de três semanas de vida, sendo submetido aos cuidados de seu amado pai, que sempre o tratara e cuidara dele com muito amor e carinho. Goku tinha muito trabalho, terminar a faculdade de medicina, trabalhar pra sustentar a casa e cuidar de seu filho. Claro que, sua família o ajudava. Mas seus pais tiveram de se mudar para outro estado para cuidar dos negócios da família de perto. Seu irmão Raditz, se disponibilizou para tomar conta de Gohan em seus dias de folga. Não era muito, mas era o que ele podia fazer por seu sobrinho. Goku teve de pagar uma babá de confiança de sua família para tomar conta dele, até conseguir flexibilizar seu horário, ou até mesmo quando Gohan puder tomar conta de si mesmo.
Goku suspirou satisfeito quando Gohan terminou de dar o último gole em seu suco de laranja. O tirou da cadeira de alimentação e colocou ele no chão, logo ele já estava brincando de novo.
-Hora do banho! E depois, cama!
Goku deu a mão ao seu filho e eles caminharam pelo corredor, até chegar ao seu fim. Goku abriu a porta do banheiro e Gohan entrou e o pai logo em seguida. O filho tentava tirar sua camisa, mas ainda não conseguia fazê-lo.
O pai riu e tirou as roupas de seu filho e colocou a banheira pra encher, quando já tinha uma quantidade de água considerável, ele pegou alguns sabonetes líquidos que estavam na prateleira e colocou um pouco na banheira e mexeu com o braço.
Colocou seu filho dentro da banheira e ele começou a brincar com a água.
...
Gohan adormeceu no colo do pai. Goku havia deixado ele assistir um pouco de desenho, mas ele logo pegou no sono. Ele, com seu filho no colo, se levantou e caminhou com ele até o fim do corredor, mas ao invés de se virar à esquerda na porta do banheiro, se virou para a direita, no quarto de Gohan. Colocou o pequeno em sua cama, o cobriu com a coberta estampada com luas e estrelas, e deu um beijo de boa noite na testa dele. Suspirou cansado e saiu do quarto dele.
Goku balançava a taça de vinho na mão, finalmente relaxado, enquanto assistia um filme qualquer na televisão.
...
Chichi estava largada em seu sofá preto, enquanto acariciava sua barriga e via um filme qualquer na televisão e bebia uma xícara de chá de camomila.
Desviou os olhos para seus pés e eles estavam inchados. Não se assustou. Já havia atendido milhares de gestantes, e a maioria possuíam pés inchados. Seus pés doíam, mas o que ela poderia fazer?
Terminou o chá e colocou a xícara no chão. Seus pensamentos voltaram para seu marido, Turles Black. Estava sempre pensando nele. Sentia muitas saudades. Ela o amara profundamente. Ele estava com ela desde o ensino médio. Quando ele partiu, ela sentiu que seu mundo havia desmoronado de um dia para o outro. Era o sonho de seu marido ter um filho, e ele teria, mas não estaria aqui para conhecê-lo. Chichi deixou uma lágrima teimosa cair. Fazia uns dois meses que ela tentava não chorar. Mas bastava olhar para a aliança em seu dedo, que a torneira em seus olhos abriam e ela se afogava em lágrimas.
Os pais de Turles, senhor e senhora Black, seus sogros, a visitavam às vezes, mas eles ficaram tão deprimidos com a morte do filho, que olhar para Chichi, era quase como uma tortura. Seus sogros passaram a viajar muito, e ela acabara ficando sozinha.
A mãe de Chichi morrera no dia que ela nasceu, em um parto complicado. O pai de Chichi havia se mudado para o Brasil assim que ela havia morado sozinha, lugar que a mãe de Chichi sempre sonhou em morar. Seu pai era herdeiro da fortuna da empresa de seu avô, e administrava a mesma. Todo mês, sem falta alguma, mandava dinheiro para a filha e fazia chamadas de vídeo. Ela não tinha raiva dele por estar tão longe, pelo contrário, o entendia. Depois que seu filho nascer, ela pretende viajar para a Itália, lugar que Turles queria ir.
Ela não conseguia esquecê-lo. Sempre se lembrava da face de seu marido. Sua pele escura, seus olhos castanhos profundos, seus cabelos espetados, desafiando a gravidade. Sua mente a levou para a outra pessoa, que lembrava Turles.
Goku
“Como podiam ser tão parecidos” Ela pensava.
Não em personalidade, é claro. Havia passado apenas um dia com Goku, e já tinha notado sua personalidade. Goku era alegre, divertido, otimista, mas sério e profissional quando deveria ser. Turles era mais frio, porém percebia seu amor por ela, sério e realista. Eles eram parecidos e diferentes ao mesmo tempo.
Com seus pensamentos em confusão, Chichi adormeceu no sofá.
...
07:30
Chichi tomava um café na cantina do hospital, com a pior aparência que poderia imaginar. Goku sentou na frente dela, com um sorriso bobo, de quem alegra qualquer um.
-Parece que alguém não dormiu direito hoje.
-Nem me fale. E você?
-Gohan é um anjinho dormindo.
-Que bom. O Goten aqui me chuta a noite inteira.
-Goten?
-Sim, era o nome que meu marido queria colocar se tivéssemos um filho um dia.
-Goten. É lindo. Combina com o nome do Gohan.
-Quando Goten nascer, levarei ele para conhecer o Gohan.
-Ele ia amar. -Goku lembrou-se do que deveria fazer. -Temos um paciente na sala de tratamento 3.
-Vamos. -Ela deixou o café na mesa.
Eles seguiram juntos para a sala de tratamento.
Ao entrar na sala, obviamente usaram o álcool em gel, viu uma menina branca de uns 17 anos com o rosto todo ferido, como se tivesse sido espancada.
-Bom dia, Olivia. O que aconteceu? -Goku perguntou enquanto analisava as feridas dela.
-Uns idiotas me bateram. Disseram que eu era louca, sem moral, vagabunda, me chamaram de tantas coisas horríveis. -Ela chorava silenciosamente. -Eles bateram em mim e na minha namorada, ela também está aqui.
-Eu sinto muito por você. Eu vou procurar sua namorada. -Chichi saiu da sala.
-Você lembra quantos eram? -Goku conversava com sua paciente.
-Era uns 5. Pareciam ter uns 20 anos. Eu não tinha feito nada. Eu só tinha beijado minha namorada. Só isso.
-Bulma! -Goku chamou pela azulada e ela apareceu logo.
-Diga.
-Chame a polícia. Ela e a namorada sofreram homofobia.
-Pode deixar.
-Vou pedir uma tomografia, um raio x, exame de sangue e toxicológico. -Ele anotou tudo na ficha dela.
-Tudo isso?
-Eu preciso pra ter certeza de que não houve ferimentos internos, e que esses caras não injetaram nenhuma droga sem vocês perceberem.
Ele entregou a ficha para a enfermeira e saiu da sala.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Medicina
General FictionChichi, conhecida como doutora Black, decidiu trabalhar firmemente para se distrair após uma tragédia se alastrar em sua vida. Um novo médico residente surge no hospital. Ele seria capaz de amenizar sua dor e trazer cor e alegria para a vida da médi...