Carregando uma taça com vinho branco na mão direita, e na mão esquerda uma pequena xícara branca com café, Goku chegou em sua sala e entregou a xícara para Chichi. Ele havia a convidado para tomar café em sua casa, e logo depois iria leva-la para sua casa.
-Sabe, estive pensando. E se nós fôssemos em um dos jogos do Yankees?
Chichi sentiu a pontinha da sua língua ser queimada pelo café quente e fez uma careta.
-Não sabia que você gostava de baseball!
-Quando Gohan nasceu, comprei luvas, bolas e tacos de baseball pra jogar com ele.
-Você sabe que ele ainda é muito novo né?
-Ele vai jogar melhor que eu um dia. Ah, qual é, Chi! Como cidadãos americanos, deveríamos ir ver um jogo dos Yankees juntos um dia.
-Eu fico agradecida pelo convite. Mas não sou fã de baseball, e nem mesmo sou americana.
Goku cerrou os olhos e deu um gole em sua bebida. Esperava que Chichi dissesse que era brincadeira.
-Ah, meu deus! É sério! Você não é americana?
-Sinto te decepcionar. Eu sou grega!
-Nossa... uau... grega... -Ele se acomodou no sofá, se virando de um jeito que ficasse sentado na direção de Chichi. -Tô pronto pra ouvir sua história.
-É longa!
-Os meninos estão dormindo. Temos tempo!
Ela o encarou no fundo dos olhos e deu uma risada, por fim, convencida.
-Nasci em Atenas, na Grécia e vivi lá até meus 14 anos. Depois da morte do meu avô, meu pai e eu nos mudamos para cá, e fiz o ensino médio, conheci o Turles, me casei aos 23, terminei a faculdade...
-Chichi, por cristo, você é GREGA!
-Ainda não superou?
-É chocante! Eu nunca conheci um grego!
-Você namora uma. -Ele tinha os olhos arregalados e uma feição de surpresa, desespero.
-Tô impressionado. Ei, você... acredita em... sabe...
-Em deuses?
-Isso!
-Muita gente lá na Grécia aderiu ao cristianismo, ao judaísmo ou ao islamismo. Mas ainda tem gente que cultua os deuses antigos. Minha bisavó acreditava firmemente nesses deuses, e minha vó também cultuava. Minha mãe também cultuava os deuses antigos, mas ela morreu no dia que nasci. Meu pai poderia ter me forçado a aderir a religião do país natal dele, ou ao cristianismo. Mas acho que ele queria que eu fosse igual a minha mãe, e me levava nos templos para cultuar os deuses antigos. Sempre tive muita fé neles, então... eu meio que não acredito em deus! Mas meu pai acredita!
-Seu pai é americano?
-Meu pai nasceu em Calcutá, na Índia, mas ele nunca fala muito sobre lá. E na primeira oportunidade que teve de se mudar de lá, ele foi embora, e não trouxe consigo nenhuma crença, costume, ou qualquer coisa da Índia. Ele nunca me contou nada.
-Você quer voltar para a Grécia?
Ela sugou o ar por entre os dentes; ergueu levemente a bem feita sobrancelha direita; deu mais um gole em seu café.
-Eu sinto saudades de lá. Desde que vim morar aqui, nunca mais voltei lá. Eu adorava ir aos templos homenagear a deusa Hera. Talvez um dia eu volte.
-Eu ainda não acredito que você é grega. Como você nunca me contou isso?
-Você nunca perguntou, oras! -Ela lhe entregou a delicada xícara branca que ela bebia o café. -Você nasceu aqui mesmo?
-Nasci em Honolulu, mas não cheguei a morar lá por muito tempo. Uns 3 ou 5 anos, e depois a gente se mudou para Chicago. Me conta mais!
-O que? Você quer saber mais sobre mim?
-Eu gosto de ouvir você falar!
-O que você quer saber?
-Como são os gregos? São muito diferentes dos americanos estadunidenses?
-De certa forma sim. Os gregos são bastante calorosos, vivemos do nosso passado histórico. Ah, mas tem uma coisa que me irrita lá. O trânsito!
-O trânsito? Por que?
-É desorganizado. Tem carros estacionados em qualquer lugar. Bem diferente daqui.
-E vocês andam com ramos de oliveira na cabeça?
Chichi fez uma careta de tédio e revirou os olhos.
-Você nasceu no Havaí e nem por isso imagino que você nasceu dançando hula hula!
-Desculpe, foi idiota. Eu só tô muito curioso!
-Bem, outro dia irei tirar suas curiosidades, prometo! Tá tarde, preciso ir dormir.
-Amanhã é sua folga né?
-Sim!
-E se no meu horário de almoço...
-Nem vem. Tenho uns planos pra amanhã. No final do seu turno eu vou te procurar, ok? -Ela ficou de pé e se abaixou até a altura dele, para lhe dar um selinho.
-Eu levo você!
-Não! O Gohan está dormindo! -Ela pegou o bebê conforto, onde Goten se remexia, inquieto pela falação. -Vou pegar um uber. Quando eu chegar, eu te ligo, prometo.
...
22:11
Ao chegar na porta do seu apartamento em seu prédio, Chichi remexeu no bolso para achar as chaves. Vegeta saiu do apartamento dele, e quando Chichi conseguiu abrir a porta, ele foi logo entrando na casa dela.
-Você tá bem?
-Chichi! Meu deus! Onde você estava?
-Na casa do Goku. Aconteceu alguma coisa?
Ela tirou o Goten do bebê conforto e entregou para Vegeta, e deixou o bebê conforto ao lado da porta. Fez sinal para que ele falasse baixo e foi até sua cozinha, onde pegou um copo com água e começou a beber.
-Chichi! Você não tem sido notificada? Não tem visto as mensagens no whatsapp no grupo dos moradores?
-Eu ando muito desligada. E a na maioria das vezes eu não estou em casa, e sim trabalhando. A Lunch que fica aqui todo dia.
-Você pelo menos olha seus e-mails?
-Vegeta, o que está acontecendo?
Ele bufou e ninou Goten. Ela sacou seu celular e abriu seus e-mails. Um lhe chamou a atenção e o abriu. Leu cada palavra, sentindo como se tivessem a esfaqueando.
-Isso não pode ser sério!
-Hoje teve uma reunião a respeito disso aqui.
-Vegeta, isso é cruel, insensível, monstruoso, falta de empatia...
-Chichi, eu sei. Estamos numa cidade em que você não pode confiar nem na sua própria sombra!
-Não pode ser real. Eu sempre paguei tudo certo, nunca houve atrasos, nunca me meti em brigas, ou qualquer coisa que possa incomodar os vizinhos. -Ela se aproximou de Vegeta, perto o suficiente para ele ver seus olhos marejados. -Goten é um bebê! Óbvio que ele chora todos os dias e as noites!
Mesmo não sendo alguém fã de demonstrações carinhosas, ele a abraçou com um braço, enquanto o outro ainda segurava Goten.
-Você está cercada de pessoas que te amam e te admiram, pessoas que podem te ajudar de verdade. Eu sou uma delas, Chichi. Nunca esqueça.
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Medicina
Genel KurguChichi, conhecida como doutora Black, decidiu trabalhar firmemente para se distrair após uma tragédia se alastrar em sua vida. Um novo médico residente surge no hospital. Ele seria capaz de amenizar sua dor e trazer cor e alegria para a vida da médi...