Nuvem negra

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11:48
A agitação no hospital parece ter diminuído naquele horário. Vegeta havia sido solicitado pelo doutor Damaioh para ser auxiliar durante a cirurgia do rapaz que foi baleado. Chichi se ocupou de uma paciente que chegou com problemas para respirar, enquanto Goku esperava Bulma trazer sua paciente na sala de tratamento 3. Ele higienizou suas mãos e vestiu as luvas descartáveis. Logo, um menino e uma mãe entraram e Bulma ficou com eles na sala.

-Bom dia! Sou o doutor Son, e quem é esse garotão?

-Sou o Lucas!

-Quantos anos tem?

-Tenho 8, senhor! -Lucas possuía uma aparência saudável, a tirar pelo seu olho esquerdo que estava inchado. Tinha a pele pálida e os cabelos loiros. Goku se virou para a mãe dele.

-Eu sou Erin.

-Muito bem, Lucas. Pode se sentar na maca. -A mãe pegou o filho no colo e o colocou sentado na maca.

-Eu vou ter que tomar injeção? -Ele perguntou, apertando os dedinhos nas mãos. Goku entregou o tablet que usava para Bulma.

-Não sei, por que não me diz o que está acontecendo?

-Meu olho dói. Mamãe diz que pode ser uma alergia.

-Pode ser sim. -Ele se voltou para a mãe dele. -Ele comeu algo de diferente? Encostou em algo diferente?

-Não, tudo normal.

-Ok, então.

Goku sacou sua pequena lanterna e verificou as pupilas do menino. Não vendo nada de grave, tirou o estetoscópio do pescoço e se pôs a escutar o coração e em seguida os pulmões dele. Acabando isso, pegou uma caneta no seu bolso e espetou todos os dedos do menino, para saber se ele sentia tudo. Bulma o conectou nos aparelhos.

-Bem, não vejo nada demais. Sente mais alguma coisa além do olho?

-Ontem a noite, pouco antes de dormir ele ficou com febre. Eu dei um remédio e pareceu ter passado, mas hoje de manhã ele não estava conseguindo respirar, então trouxe ele aqui.

-Não é muito incomum. Eu quero fazer alguns exames nele, se a senhora permitir.

-Claro, o que puder.

-Ok então. Bulma, hemograma, ecocardiograma, raio-x da cabeça e do tórax, parasitológico e toxicológico.

-Tudo isso?

-Senhora, eu não sei o que o Lucas tem, eu preciso descartar opções até descobrir o que ele tem. Eu vou pedir para a radiologia e a patologia agir rápido. Eu volto daqui a pouco.

Assim que saiu da sala, encontrou Chichi encostada na parede, mexendo em seu celular com uma aparência pensativa. Se locomoveu até ela, até ficar ao lado dela, mas não disse uma palavra.

-Tô tentando marcar uma consulta com a doutora Ogan para o Goten.

-Ela é pediatra né?

-Sim!

-Desde que voltei a morar aqui, não levei o Gohan em um pediatra.

-A doutora Ogan é boa.

-Qual o primeiro nome dela?

-Annin.

-Engraçado, sinto que já ouvi esse nome.

-É claro que já, você trabalha no mesmo hospital que ela. Com certeza já subiu para a pediatria.

-Não, não tô falando de ouvir aqui no hospital. Me soa muito familiar.

-Ah, entendo.

-E como estava sua paciente?

-Fiz exames nela, coitadinha! Ela foi diagnosticada com tuberculose.

-E os sintomas?

-Tosse com sangue, perda de peso, dores no peito... Ela é uma senhora idosa.

-E as chances dela?

Chichi possuía uma feição de tristeza e decepção.

-Eu não vou desistir dela, mas as chances dela são poucas.

-Eu posso ver ela?

-Claro, pode sim.

Chichi guiou ele até a sala onde estava sua paciente. Ao entrar, Goku se deparou com uma idosa de cabelos brancos como a neve, e apesar de estar bem arrumada, sua aparência era de alguém muito doente. Suas bochechas não eram coradas como as de alguém saudável. Ao canto da sala, sentada numa poltrona, tinha uma jovem mulher de cabelos dourados e enrolados, num estado avançado da gravidez. Ela de alguma forma, parecia estar muito incomodada ali, desconfortável, talvez se sentindo mal.

-Senhora Walker, esse é o doutor Son. -Eles se cumprimentaram e Chichi se virou para a jovem mulher. -Esta é a filha dela, Nina Walker. Ele veio para ver se tem uma segunda opinião sobre a tuberculose e o tratamento dela.

-Prazer, Nina. -Voltou-se para a paciente. -Senhora Walker, está sentindo alguma coisa?

-Só um pouco de dor de cabeça, meu filho.

-Dor de cabeça... -Ele verificou o monitor na qual ela estava conectada. -Sua pressão está um pouco alta. Deu algum medicamento a ela?

-Não, estava tudo bem quando eu estava aqui.

-Já começou o tratamento?

-Estou esperando o antibiótico intravenoso. A rifampicina tá em falta, tô esperando chegar.

-Vou pedir uma das enfermeiras para dar algo para aliviar a dor de cabeça e baixar a pressão. Nós voltaremos logo.

Eles saíram da sala e Goku estava muito pensativo, e isso não passou despercebido aos olhos atentos de Chichi.

-O que foi?

Goku não pôde falar algo, pois eles foram chamados pela calma e doce voz da moça que estava junto com a mãe naquela sala. Quando entraram na sala, o chão estava molhado.

-Acho que minha bolsa estourou.

-Tudo bem, fique calma, ok? Goku, a cadeira de rodas. -Ele saiu da sala correndo para buscar a cadeira.

-Não era pra ela nascer agora. Ainda não tenho 40 semanas.

-Não se preocupe. Meu filho também nasceu um pouco antes de eu fazer 40 semanas. É normal. Talvez ele esteja bastante ansioso para conhecer a mãe.

-Mal posso esperar. Mamãe ouviu isso? A Lexie vai nascer hoje!

-Que alegria, minha filha!

Goku voltou com um enfermeiro e a cadeira de rodas. Guiou a jovem para que se sentasse na cadeira e o enfermeiro a levou para fora da sala, para leva-la a maternidade. E eles saíram da sala.

-Quem sabe a gente devesse mudar o local do nosso almoço para a cantina do hospital? -Goku ofereceu, sorridente.

-Acho uma boa ideia. Ao invés da gente comer comida caseira, vamos nos deliciar com os saborosos sanduíches da cantina, que não tem gosto de nada. -Ela debochou, mas ainda sorrindo para ele.

-Me acompanhe, senhorita. -Ele estendeu a mão para ela e ela aceitou, e os dois caminharam juntos para a cantina de mãos dadas.

Ao chegar lá, Goku se ofereceu para pegar os sanduíches e os cafés, enquanto Chichi sentava em uma mesa. Logo ele voltou e os dois estavam comendo.

-E então, o que você iria me contar?

-Não é nada.

-Como assim? Você me chamou para almoçar e disse que tinha algo pra falar.

-Só queria ver esse seu sorriso lindo de perto.

Dito isso, suas bochechas coraram e ela sorriu.

-Aniversário do Gohan está chegando. E desde que ele nasceu, não pude fazer festas de aniversário para ele. O dinheiro estava curto e eu gastava todo meu salário em coisas pra casa e pra ele. Daí me formei, consegui a vaga aqui, me mudei pra cá e agora tenho um salário fixo.

-E agora quer fazer festa pra ele?

-Ele merece. Ele parou de usar fraldas, e sabe ir no banheiro sozinho. Ele vai fazer 2 anos, eu tive uma festa quando fiz 2 anos.

-Ele vai gostar, Goku. Já pensou nas coisas?

Ele terminou de comer o sanduíche e deu um sorriso sem graça. Levou a mão a nuca e coçou, envergonhado.

-Na verdade, eu não tenho experiência em organizar festas, e sabe, você... eu acho que... talvez... Sei lá... sabe...

Ela deu uma risada alta, interrompendo todo o nervosismo de Goku.

-Eu vou te ajudar, Goku!

-Ufa! Muito obrigado, meu amor! Eu estava nervoso. Aniversário dele ainda está um pouco distante, acho que tem tempo para organizarmos tudo.

-Sem problemas! Gohan vai ter a melhor primeira festa do mundo!

-Doutor Son! -Um enfermeiro surgiu em meio as pessoas e trazia consigo um tablet. -Os resultados dos exames do Lucas.

-Desculpe, Chichi. Preciso ir.

-Vai lá.

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