Assistolia

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18:21
Doutora Black observava o pequeno bebezinho entubado. Chichi havia encaminhado ele para a cirurgia e ele havia suportado, e ficou bastante surpresa. Bebês em condições parecidas não suportariam uma cirurgia como essa. Ele precisava de aparelhos para respirar. Partia o coração dela.
-Black...
A detetive Lazuli encostou a mão no ombro de Chichi para chamar a atenção dela. Lazuli havia levado a mãe para a delegacia para fazer perguntas. A doutora jurava que ela já estava indo para algum presidío.
Chichi e Lazuli se retiraram da sala de tratamento onde o bebê estava se recuperando e caminharam para o corredor.
-Prendemos a mãe. E vasculhamos a casa dela. Ela usava todo tipo de droga.
-Nossa, wow... Pelo menos isso não afetou o bebê.
-Certeza?
-Fiz exame toxicológico nele. Nenhuma toxina no organismo dele.
-Ela usava cocaína, heroína, LSD, pelo que eu vi, nem alimentava a criança direito.
-Com certeza não. Ele estava anêmico quando chegou aqui.
-Bem, ela foi presa. Será acusada de tentativa de homicídio e porte de drogas ilegais.
-Que bom! O conselho tutelar achou um casal que quer adotar...
Um alarme vindo de uma das salas de tratamento tocou alto e uma das enfermeiras gritou por Chichi.
A doutora correu e vestiu logo as luvas descartáveis. Entrou na sala onde o bebê estava. Uma enfermeira fazia compressões no bebê.
-Ele está tendo uma parada cardíaca.
Chichi pegou as pás do desfibrilador.
-Carregar em 200.
-Carregado.
-Afastar!
Chichi posicionou as pás no peito e nas costas do bebê e deu choque.
-Ainda sem frequência cardíaca.
A enfermeira voltou a fazer compressões.
-Carregar em 200 de novo.
-Carregado.
-Afastar!
E novamente, Chichi deu choque no bebê.
-Ainda sem frequência!
A enfermeira continuou com as compressões.
-Vamos, aguente! Carregar em 200 mais uma vez, vamos lá!
-Carregado.
-Afastar!
Mais uma vez, Chichi deu choque no pequeno.
-Temos um ritmo.
Chichi soltou as pás e respirou fundo, aliviada.
-Coloque ele no oxigênio, e peça mais um ecocardiograma.
Saiu da sala e deixou as enfermeiras trabalharem. A detetive Lazuli já havia ido.
-Boa noite!
-Caulifla! Boa noite! Chegou cedo hoje.
Caulifla era uma mulher de estatura mediana, cabelos cheios, olhos pretos e puxados. Ela era a rendição de Chichi.
-Sabe como é né? Vou te render mais cedo.
-Sério?
-Você tá grávida, poxa. Sério, vai pra casa, descansa! Pede uma comida e relaxa. Quando o Goten nascer, você não vai poder fazer isso.
-Se você insiste! - Chichi cedeu espaço para elas andarem juntas para a sala onde ficavam os armários, para Caulifla guardar sua bolsa e Chichi pegar a sua.
-Você pode me fazer um favor?
-Além de te render mais cedo? Claro, me fala.
-Recebi um bebê hoje. Síndrome do bebê sacudido. Ele teve uma parada cardíaca pouco antes de você chegar.
-Tudo bem, vou cuidar dele. Relaxa, Chi. -Caulifla vestiu seu jaleco e colocou seu crachá. -Boa noite!
-Boa noite!
Chichi retirou seu jaleco e guardou no seu armário e pegou sua bolsa.
-Já vai? - Goku entrou na sala.
-Sim, Caulifla chegou mais cedo pra me render. Dei sorte!
-Realmente. Bem, queria te convidar para jantar na minha casa amanhã.
-É sério?
-Claro. Depois do trabalho. Você ia adorar jantar com o Gohan. Te levo e te busco.
-E quem vai cozinhar?
-Eu.
-Você sabe cozinhar?
-E muito bem! Eu hein! Tá pensando o quê? Meu filho não come comida industrializada não.
Chichi deu uma risada.
-Tá bem, Goku. Amanhã vou jantar com vocês. Agora já vou. Boa noite!
-Boa noite, Chi!


...

09:13
Doutor Son acabara de ter uma perda de um dos seus pacientes. Um jovem com problemas cardíacos havia chegado ao hospital com dores no peito. O doutor conseguiu estabilizá-lo, mas quando a mãe e o irmão do paciente tiveram de dar uma saída, o paciente teve uma parada cardíaca. Goku tentou reanima-lo, mas o jovem entrou em assistolia. Hospital havia solicitado que a mãe e o irmão voltassem para o hospital urgentemente. Eles ainda não haviam retornado, enquanto isso Goku assinava a papelada e pensava como daria essa notícia para família do jovem.
-Bom dia! Desculpa, dia agitado. Nem te vi hoje.
-Bom dia, Chichi.
-O que aconteceu? Sua cara tá péssima.
-Um paciente meu veio a óbito e não sei como dar a notícia para família.
-Essa, definitivamente, é a parte mais difícil do nosso trabalho.
-Nem me fala.
-Você quer que eu dê a notícia com você? Estarei lá para te fazer companhia.
-Seria bom! Obrigado.
-Doutor Son! -Bulma, a enfermeira chefe o chamou. -A família do paciente chegou.
Goku puxou a respiração e olhou para Chichi.
-Fica calmo. -Ela segurou a mão dele. -Estarei lá.
-Aaaah... Okay...
Eles caminharam lado a lado, para sala de tratamento aonde o jovem estava entubado. Goku ficou extremamente nervoso, ao ver a mãe do jovem impaciente e ao mesmo tempo angustiada. Aquela mulher estava sofrendo demais. O irmão estava neutro, não parecia se importar muito, mas Goku sabia que ele estava preocupado.
-Senhora August, essa é a doutora Black.
-Olá, onde está meu filho? O que houve com ele?
Goku fez uma feição de decepção e a mãe já parecia entender a situação.
-Ele teve uma parada cardíaca... -A mãe começou a chorar. -Ele entrou em assistolia, e veio a falecer.
A mãe do jovem se sentou na poltrona que havia ali e começava a chorar.
O irmão, que aparentava ter uns 19 anos, parecia inconformado.
-Você disse que ele ia ficar bem!
-Eu sei, garoto! Eu sinto muito. Ele realmente tinha chances...
-VOCÊ DISSE QUE ELE IA FICAR BEM! A CULPA É SUA!
O jovem partiu pra cima do Goku com socos, derrubando o doutor no chão e Chichi puxou o irmão.
-Por favor, se acalma. SEGURANÇA!
O jovem empurrou Chichi para o outro lado da sala. Ela caiu em cima da mesa com algumas ferramentas médicas e depois caiu no chão.
O irmão deu socos na cara de Goku, enquanto a mãe pedia para ele parar, mas sem forças para levantar da poltrona.
Os seguranças chegaram e tiraram ele de cima do médico. Goku levantou apressado, e com ferimentos e sangramento no rosto, e correu até Chichi. A mulher gemia e chorava de dor.
-UMA MACA! RÁPIDO!
Chichi chorava e balbuciava coisas, nas profundezas do seu desespero.
-Meu bebê.
-Eu vou salvar ele, Chichi!
Doutor Sadala, O Vegeta, e algumas enfermeiras chegaram com uma maca, para pegar Chichi e transferi-la para a obstetrícia de emergência.
Colocaram a doutora na maca e ela ainda chorava, mas não sabia se era de dor ou medo. Dor pelas ferramentas médicas que haviam atingido ela, ou medo de algo acontecer com seu filho.
As enfermeiras logo tiraram Chichi dali. Goku tentou segui-la, mas foi parado por Bulma.
-Goku, Vegeta vai ajudar.
-É minha culpa, Bulma. -A enfermeira chefe acompanhou Goku para fora da sala e o levou para a sala de descanso dos médicos. – É minha culpa. Eu não deveria ter levado ela comigo.
-Nada disso é sua culpa, Goku. Tá tudo bem.
Ela havia pegado um kit médico, logo sentou na cadeira e tratou de acalma-lo. Deu-lhe um copo de água, sentou na frente dele e abriu o kit médico.
Se pôs a tratar os ferimentos de Goku e colocar curativos.
-Ela não deveria estar naquela sala.
-Goku, não se torture desse jeito. A família só recebeu uma notícia ruim, e reagiu muito mal.
-Se acontecer algo com ela, não sei o que faço.
-Não vai acontecer nada. O que vai acontecer é que você vai precisar de uns pontos aqui no queixo.
-Sério?
-Seríssimo. Tá feio esse corte.
-Que maravilha. Sempre tem dias assim na emergência?
-Não. Você que é sortudo.
-Me sinto lisonjeado, mas se isso é ser sortudo, prefiro ser azarado. Que porra!
-Hey, calma. Vai ficar tudo bem!
Ela segurou as mãos de Goku e passou confiança pra ele.
-Eu vou ter que ir trabalhar. Mas você vai ficar aqui. A polícia vai vir aqui querer seu depoimento e você decide se vai prestar queixa.


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