Ele acordou primeiro. Poderia ser uma surpresa, mas fazia tempo que já não conseguia ter uma noite de sono sem nenhuma preocupação em mente. Enquanto vestia sua roupa para iniciar o dia, não conseguia desviar o olhar da cama, observando Chichi dormir com as crianças. Posicionou um travesseiro estrategicamente no lugar que ele estava dormindo para Gohan não rolar e cair da cama. Goten estavam no meio dos dois.
Enquanto esperava o café esfriar na cozinha, em sua mão, digitava o número de seu pai. Logo, ele atendeu.
— Bom dia, filho. Acordou cedo.
— Bom dia. Faz tempo que tenho que acordar cedo. Como está a mãe?
— Está melhorando. Ontem a noite teve febre, mas dei o remédio para ela e está dormindo até agora.
— Ela tá bebendo muita água? Tem que ficar hidratada.
— Ela vai ao banheiro de cinco em cinco minutos. Fiz até picolés de água de coco pra ela!
— Bom. Muito bom. Tá tudo bem você?
— Tô bem. Fui ver seu avô ontem. O médico disse que ele está melhorando gradativamente e está subindo na fila para o transplante.
— Ótimo. É bom.
— Como estão as crianças? Desculpa por não podermos continuar com ele, mas é o melhor a ser feito.
— Estão bem. Olha, pai, eu preciso ir. Se acontecer alguma coisa, qualquer coisa, me liga.
— Espere, garoto! Como está a Chichi? E o bebê?
— Estão bem também. A médica disse que ela tem suportado bem.
— Bom. Não vou mais atrapalhar seu dia, meu garoto. Me ligue se encontrar seu irmão!
A chamada foi encerrada e Goku terminou de tomar seu café. Aproveitou para roubar uma fatia do bolo que Chichi tinha feito noite passada, afinal, fazia tempo desde que tomara um café da manhã decente.
Quando acabou, pescou a máscara e saiu de casa, seguindo para o hospital. Não era para trabalhar.
Passou por diversos enfermeiros, vários médicos, mas não passou por Vegeta. Tinha tempo que não o via no hospital, se lembraria de ligar para ele mais tarde.
Bateu duas vezes na porta de um quarto e entrou. Lá estava Seripa deitada na cama. Ela lhe deu um sorriso fraco e ele continuou longe da cama e com as mãos no bolso da calça para evitar tocar em qualquer coisa.
— Como está, Seripa?
— Aah... Você sabe. Muito cansaço, falta de ar, muita dor. Todo dia eu acho que estou mais perto do fim.
— Pare com isso. Você já escapou da morte muitas vezes. Lembra? Você se envolvia em encrencas o tempo todo.
Ela deu uma risada fraca, se relembrando dos tempos dos seus vinte anos. Não era uma época tão boa. Se envolveu com drogas, e quase morreu por isso. Ficou limpa, mas ainda sim ouvia vários sermões de Goku.
— Tempos mais fáceis. Tudo que eu faço hoje é olhar para esse teto, esperando uma melhora, ou uma piora. Como está Gohan? Chichi?
— Estão bem. A médica acha que Chichi tem suportado muito bem. Amanhã ela vai fazer o teste do covid de novo.
— Vai dar tudo certo. Sua mãe?
— Tá melhor. A velha é forte como um touro.
— Um dia... acha que verei Gohan novamente?
— Seripa, é...
— Eu adoraria dar um abraço nele, mas sei que não é possível. Uma facetime seria o mínimo. Eu juro.
— Você vai ver ele de novo. E o seu tratamento?
— Ah, não aguento mais toda aquela baboseira. Novas drogas, novos doadores que nunca aparecem. A quimioterapia tá me matando, e não tem novos pulmões pra mim. Toma tá esperançoso, mas sabe... eu não.
Eles ficaram em silêncio, que foi quebrado por Toma que entrou na sala.
— Goku.
— Toma. Já estou indo. Tchau. — Ele acenou para Seripa e Toma.
Ao sair da sala, respirou fundo. Subiu para o andar de cima para ver o avô. No quarto, designado especialmente para o senhor Gohan, ele estava deitado na cama, dormindo. Havia uma enfermeira ao lado, checando como ele estava.
— Oi, Goku. Veio saber do seu avô?
— É, sim.
— Bom, ele ficou um pouco agitado de madrugada, mas sedamos ele. Soube da novidade? Conseguimos um doador para um rim!
— É sério?
— Sim! Ele é um bombeiro e está disposto a doar um rim. Com um rim funcionando, seu avô teria mais tempo para encontrar outro doador. E talvez nem precise.
— Que Deus te ouça. Quando o efeito dos sedativos vai passar? Queria bater um papo com ele.
— Ah, eu temo que demore um pouco. Os níveis dos sedativos estão altos ainda. Lamento.
— Entendo. Obrigado. Eu vou voltar mais tarde.
Ele saiu meio emburrado da sala. Fazia algum tempo que queria conversar com seu avô, colocar as novidades em dia, papear um pouco. Saiu do hospital um pouco frustrado, mas estava decidido que iria visitar o resto da família, para saber como todos estavam.
Ele invadiu o horário de almoço de Raditz. Conversaram um pouco, mas não durou muito, visto que um tiroteio aconteceu em um bairro perto e ele teve de correr pra lá.
Goku voltou pra casa, e foi uma sensação muito melhor ao ouvir a gritaria dos meninos assim que passou pela porta. Chichi estava com o celular no ombro, em ligação com alguém enquanto cortava alguns legumes na cozinha.
Tratou de se lavar rapidamente e trocar de roupa para poder interagir com a família. Quando ele chegou na cozinha, Chichi desligou a ligação.
— Oi, meu amor! Tudo bem? Foi ver a Seripa?
— Fui. Ela tá piorando, Chi. Uma quimioterapia pra tratar câncer nos pulmões, mais a covid... Ela tá ficando sem tempo. E ela nem pode ver o Gohan, Chi.
— Eu lamento, amor. Não há nada que possa ser feito? Ninguém disposto a transplantar pelo menos um pulmão?
— Nada. Um beco sem saída.
— Sinto muito. E o senhor Gohan?
— Não consegui conversar com ele. Estava sedado, mas tem um doador!
— Uma notícia boa! Aleluia! — Ela jogou todos os legumes dentro da panela e colocou a tampa por cima. — Eu estava em ligação com a Bulma. Vegeta conseguiu adiantar as férias que ele tinha sobrando. Agora ele pode ficar na casa com ela e o Trunks. Não é ótimo?
— Claro! Ele estava acabado.
— Goku!
— Ué, é verdade!
— Olha, por que você não vai brincar um pouco com as crianças? Agora que voltaram a ficar com a gente de novo, a casa tá bagunçada de novo. Vou dar uma arrumada.
— Quê? Tá doida? Vai arrumar nada não. Você tá grávida!
— Isso mesmo! Grávida, não inválida.
— Gravidez de risco.
— Não vou ficar deitada o dia inteiro.
— Você tá fazendo o almoço, eu arrumo a casa e nós dois brincamos com as crianças. Melhor assim?
— Hmmm... — Chichi deu um selinho nele. — Tudo bem. E a noite?
— O que tem a noite? Quer um jantar especial? Devo dizer que seus restaurantes preferidos estão fechados!
— Não é bem disso que eu tô falando. — Ela deu um sorriso travesso e ele entendeu o recado.
— Sério? Com as crianças aqui? — Ele disse rindo.
— Desaprendeu a fazer com eles dormindo?
— Nunca. — Goku deu um beijo no canto da boca dela e se retirou da cozinha, pronto para arrumar a casa.
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Medicina
General FictionChichi, conhecida como doutora Black, decidiu trabalhar firmemente para se distrair após uma tragédia se alastrar em sua vida. Um novo médico residente surge no hospital. Ele seria capaz de amenizar sua dor e trazer cor e alegria para a vida da médi...