Capítulo 45: Protocolo de Ascenção

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Eu observava a batalha acontecendo na costa. As chamas consumiam toda a cidade e toda a costa que conseguia ver, e subiam metros e metros acima da altura dos prédios; era quase um show de sombras, pois eu via apenas as sombras dos Filhos e anjos combatendo, tanto em terra quanto no ar. Eu podia ver Lael e Caleb lutando contra Nanaki; e no céu, acima do resto do combate, Miguel combatia Kifo.

Meu punho se fechava em volta de minha espada. Eu queria estar ali, onde a verdadeira ação acontecia; onde o futuro do Paraíso estava sendo decidido. A derrota ou vitória dos anjos naquele campo de batalha significaria a prisão ou liberdade das almas. Eu queria estar ali garantindo que o maior número possível de Filhos virasse vagalumes prateados.

– Leo. – Lana disse, colocando a mão sobre seu meu ombro; deixei de apoiar-me na grade da popa e virei-me.

Um homem estava parado na entrada do corredor que levava a proa. Ele tinha uma adaga em mãos; usava-a para tirar sujeiras do meio de suas unhas. Ao revelar seu rosto, eu o achei estranhamente familiar, mas tinha certeza de nunca o ter visto antes. Sua pele era pálida, sua boca fina e seu rosto quadrado; seus olhos intensos eram heterocromos – cada um tinha uma cor. O direito era de um profundo azul, um tanto claro, mas belo; lembrava-me do céu. O esquerdo era preto, e parecia tentar ler minha alma.

Vestia uma jaqueta de couro por cima de uma camiseta de linho branca; suas calças jeans eram largas, caindo por cima do coturno. Saquei minha espada, ficando em posição de combate.

– Não há necessidade disso, Leo. – Ele disse; seu tom deixava claro que ele já me conhecia. – Nós queremos a mesma coisa: chegar ao Abismo. Não estou aqui para lutar.

– Quem é você?

– É verdade, você ainda não me conhece. – Ele pigarreou e guardou a adaga. Fez uma reverência, dobrando-se na altura da cintura. – Sou Sephiroth, muito prazer.

– Não confie em nenhuma palavra que sair da boca dele. – Ahsoka, que vinha pelo lado oposto de Sephiroth, disse. – Eu o conheço há milhares de anos, e não houve um momento em que ouvi-o dizer a verdade.

– Faça um feitiço. Se eu estiver aqui para outra coisa que não seja chegar no Abismo, você saberá.

Ahsoka o fez usando uma moeda persa que tirou no bolso. Ela não ficou satisfeita, mas aparentemente, ele dizia a verdade. Antes de voltar para cabine de comando, ela disse que ficaria de olho nele.

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Graças ao fogo, o poder de Nanaki era ainda maior devido a imensa quantidade de sombras que se formavam dos prédios e dos combatentes. Sem dizer qualquer palavra, ele movimentou suas mãos, lançando linhas pontiagudas contra eles. Lael, usando sua armadura e asas, girou com suas espadas em volta de Caleb, bloqueando todos os ataques.

Lael, em seguida, avançou contra o Filho, deixando Caleb para trás. Ao seu redor, as sombras assumiram a forma dos prédios da cidade, mas não estavam em chamas, pelo contrário, tudo parecia sereno, calmo, como se nada estivesse acontecendo. Caleb olhou em volta, confuso.

É uma sub-habilidade dos Ganaruryaks, Vizard disse em sua mente; agora que estava na forma original do Filho, sua presença dentro da mente de Caleb estava muito mais forte, eles são capazes de mudar os arredores para que a nossa percepção seja confundida. Nossa posição é exatamente a mesma de an...

Ele não terminou sua frase, pois Caleb sentiu algo cravando em seu calcanhar direito. Quando olhou, não havia nada ali; a sombra que Nanaki usara para atacar estava invisível, escondida pelos poderes do Ganaruryak. O chão, a voz de Vizard estava dolorida; sentia a dor que o próprio Caleb sentia. Ele não teve forças para continuar, mas Caleb entendeu o que ele queria dizer.

Afterlife: AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora