Capítulo 04: Resgatando Roeun

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Vaticano, Paraíso

Apesar de ainda estar dentro dos calabouços do Vaticano, Caleb sentia livre. Por incontáveis meses ele ficou preso dentro de sua própria mente, seu próprio corpo, vendo-se controlado por uma criatura profana e terrível. Viu a si mesmo fazendo coisas que jamais faria de outra maneira; torturou e matou anjos, entregou almas para Kifo alimentar-se e guerreou em nome de Vizard, o Leão. Ao mesmo tempo, via as semelhanças que tinha com o Filho do Abismo.

Ambos tinham memórias de prisão, de serem aprisionados, e foi exatamente essa conexão que permitiu que Vizard libertasse sua verdadeira forma de homem-leão. Foi também ela que permitiu que ele se tornasse o primeiro Kayryak a manipular areia. Suas semelhanças sempre foram um sinal de força.

Todavia, agora que finalmente estava no controle e poderia deixar de participar daquela guerra. Seu único propósito era encontrar Rouen, seu amor, levá-la para uma cidade-refúgio – com certeza não Nova Jerusalém, pois ela já fora alvo de ataques pelo menos duas vezes antes, apesar de que, ao mesmo tempo, tinha sobrevivido a ambos – e esperar os anjos vencerem aquela guerra. Graças ao seu companheiro de escapada, Jeremy, ele sabia exatamente aonde encontrá-la.

Como a maior parte dos soldados que encontravam não eram Ryaks, a dupla não teve muita dificuldade para chegar ao templo da Basílica de São Pedro – onde, na Terra, aconteciam diversas missas para o Criador ou os santos –, embaixo da qual ficavam as masmorras. Jeremy liderava o caminho, porém sinalizou para que os dois se escondessem atrás de uma coluna. Um trio de soldados, com suas armas de lava já prontas para lutar, vinha correndo da entrada, desviando dos destroços de bancos de madeira destruídos quando os Filhos invadiram o lugar para sequestrar algumas almas, logo após a Queda de Roma.

– Como chegamos no Palácio do Governador? – Caleb perguntou em sussurro, tomando cuidado para não serem ouvidos por outro par de Filhos que passavam por eles.

– Não sei. – Jeremy respondeu, no mesmo volume.

– O que você viu pela memória coletiva então? – Retrucou, irritado; por pouco não aumentou o tom de sua voz.

– Ouvi dois Filhos comentando sobre o quão irritados estavam por terem que proteger uma mulher porque Vizard – ele apontou para Caleb – ordenou, já que ele deixou de ser o Senhor de Guerra. Ao mesmo tempo, Kifo não ordenou que ela fosse entregue para ele ou colocada com as outras almas.

– Ele a está protegendo?

– Não necessariamente. – Jeremy retrucou. – Acho que ele simplesmente não se importa que ela está aqui, principalmente considerando que ela não significa nada para Vizard, apenas para você, Caleb. A memória coletiva estava cheia de histórias sobre Vizard, o Leão. – O homem acrescentou depois de Caleb perguntar sobre o plano: – Na Terra, a Praça de São Pedro é sempre cheia de turistas; eu não cheguei a visitar aqui depois da morte, mas acho que se já similar, não?

– Sim. – Caleb informou, lembrando-se de uma vez que tinha visitado a cidade quando criança com seus pais após a morte, afinal, ele não tivera uma vida na Terra que levou a uma infância. – Acha que encontraremos um mapa do Vaticano lá? Por que não vê a localização na memória?

– E entregar nossa posição?

Jeremy olhou para o templo mais uma vez. Ele sinalizou para que eles seguissem para fora da Basílica, atravessando o mais rápido e silenciosamente possível. Viram dois Filhos vindo na direção deles. Caleb saltou para trás de uma pilha de madeira, enquanto Jeremy escolheu uma coluna do lado oposto. Eles passaram sem dar qualquer sinal de que os tinha visto.

Eles continuaram avançando, usando qualquer tipo de esconderijo que encontraram. Caleb olhava a destruição que a batalha de Vizard contra alguns anjos quando ele despertou sua verdadeira forma; o chão, principalmente, estava destruído. Onde deveria haver o obelisco existia apenas restos de granito vermelho empilhados. O rapaz lembrava-se muito bem de ver-se fazendo toda aquela destruição.

Afterlife: AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora