Capítulo 20: Divertida-Mente

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Califórnia, Terra

1940

O primeiro sinal de que não estava sozinho aconteceu quase quinze minutos depois, quando Dean estava começando a duvidar que Sabrina tinha obtido uma informação incorreta. Ele ouviu as mesmas faíscas girando que o tinha levado do museu até a ponte. Ao olhar cautelosamente, descobriu que não eram azul-prateadas, mas de uma estranha combinação de vermelho e cinza.

Do portal saiu uma menina ainda mais nova que Sabrina, com longos cabelos loiros encaracolados caindo até sua cintura. Ela trajava um vestido ao estilo de Alice no País das Maravilhas, em um tom de preto fosco e avental acinzentado. Seu olhar, porém, não era de uma criança que não sabe nada do mundo, pelo contrário, eram experientes, como se ela conhecesse todos os segredos do mundo.

Não demorou muito para que outro portal como o primeiro aparecesse, mas este era de um vermelho-sangue, como se as labaredas sangrassem. Deste saiu o Karmesin, seguido de sete soldados – Dean reconheceu um deles do prédio em que Dean capturou o nazista ainda na Áustria. O canto da boca da menina sorriu leve e sarcasticamente de toda segurança que o Karmesin trazia consigo.

– Espero não a ter feito esperar, minha princesa. – O Karmesin disse; Dean não entendeu o sarcasmo que ele colocou nas últimas duas palavras. – Você trouxe?

Ela sorriu da mesma maneira outra vez, colocando uma de suas mãozinhas dentro de um bolso do avental e tirando de lá uma pedra entalhada na forma de algo que parecia um cachorro, mas cuja cabeça era desproporcional e os dentes protuberantes até mesmo saiam de sua boa.

– Não foi fácil encontrar esse artefato. Artefatos guarani, ainda mais quando se trata de Luison, são muito raros, até mesmo nos mercados do Inferno. – Ela disse; sua voz era de criança, doce e inocente, mas maturada em anos de negociações exatamente como aquela. – E quanto a você, meu caro Karmesin? Trouxe o que pedi?

– Uma cópia da página – ele anunciou enquanto tirava do bolso interno de seu terno um pedaço de papel branco e muito bem dobrado – do Necronomicon. É impossível rasgá-lo, como você mesmo sabe.

– Eu devia arrancar o livro de você, humano. – Sua voz mudou de repente; duplicou-se com uma voz grave e infernal. Dean fez uma oração rápida para o Criador.

– Nós dois sabemos que você não pode. – O Karmesin tinha um sorriso superior, entretanto, Dean tinha a sensação de que ele era inferior a menina.

Ao mesmo tempo, ele entregou o papel na mão esquerda da menina e recebeu a estátua de Luison em sua mão direita; ambos aparentemente satisfeitos com o acordo feito.

– Isto irá fazer o que preciso que faça? – Questionou, enquanto a menina abria um novo portal para deixá-lo.

– Ele busca, absorve e redireciona a alma, mas apenas para o corpo original. – Ela parecia irritada por ter que explicar essa parte. – É mais do que você pediu. Faça bom proveito.

Ela desapareceu em seu portal, que se fechou em seguida. Menos de um segundo depois, Sabrina surgiu atrás de um dos guardas do Karmesin, cravando uma adaga em sua cabeça. Dean imaginou que aquele era o momento para atacar, então, saiu de trás dos caixotes disparando.

Derrubou dois deles em menos de um segundo, atingindo-os entre os olhos. Ao mesmo tempo, mais dois atacavam Sabrina; os três restantes sacaram armas e dispararam contra Dean, que imediatamente voltou para seu esconderijo. Os disparos eram altos o bastante para serem ouvidos lá de baixo, se não fosse o espaço aberto em que estavam que dissipava o som.

Afterlife: AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora