Capítulo 13: Amor a primeira vista

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Depois de ver a morte de perto, você entende o valor real da vida - Jogos Mortais

...

- Peguem uma esponja, estou velho pra lavar um carro. - Mikhailov pediu, trazendo dois baldes e James e Wanda se levantaram.

  - Trouxe a mangueira! - Sarah anunciou, vindo arrastando uma mangueira amarela do quintal.

  - Sarah, papai não te quer perto do sangue. - James disse.

  -  Ué, ele disse que é katchup. - ela resmungou.

  - É, é, do sangue falso. - James corrigiu. Mikhailov jogou água enquanto Wanda, James e Sarah passavam a esponja ensaboada no capô.

  - Por que as pessoas são tão más. - Wanda resmungou, lavando a esponja no balde.

Lá em cima, Natasha encarava o chão. Steve esperesperava pacientemente ela tomar coragem para dizer. Já tinha feito aquilo tantas madrugadas terríveis em que ele ficava quieto esperando Natasha parar de chorar e acredirar que nada poderia pega-la, porque ele estava ali, protegendo-a.

  - Você vai ficar bravo? - perguntou, num fio de voz. - Por eu nunca ter te contado.

Steve negou.

  - Claro que não.

E segurou sua mão.

  - Eu não te julgo, Natasha. Nunca julguei, e nunca vou. - ele disse, lançando-a um olhar reconfortante e Natasha se sentiu derreter.

Ela respirou fundo, encostando na cabeceira e abraçou as pernas.

  - Você sabe... que eu comecei a ver coisas quando era muito pequena. - Natasha contou. - Eu via pessoas, na maior parte do tempo. Figuras mortas andando pela casa.

Ele assentiu.

  - Tinham os fantasmas bons. Eles... só andavam pela casa arrastando correntes. - Natasha respirou fundo, sentindo as lágrimas vindo. - E tinha ela.

Steve engoliu em seco. Até ele morria de pavor só de ouvir menção dessa mulher, pelo que Natasha contou esses vinte anos.

  - Ela me machucava. Me prendia no porão. Uma vez me empurrou da escada. - uma lágrima correu o rosto de Natasha e ela fez uma pausa. - Um dia... ela tentou me matar.

Steve franziu as sobrancelhas em descrença. Isso ela não tinha contado.

  - Estava chovendo. Eu estava sozinha em casa. Ela me perseguiu por horas. Fazia barulhos. Quanto mais eu corria, mais ela ficava com ódio. - Natasha engoliu em seco, respirando pesadamente. - Ela me odiava. E me queria morta. Naquela noite eu soube que ela não ia me deixar viver.

Natasha corria pelos corredores aos prantos. Um choro de terror a fazia soluçar alto pelos corredores enquanto chorava. Mas só não era mais alto que o pranto dela.

O choro terrível dela que ecoava pela cabeça de Natasha, suas lamúrias carregavam a dor de um batalhão enviado para a morte. Cada gemido, cada grito era repleto de agonia, e isso conseguia ser pior que qualquer aparição demoníaca que ela pudesse materializar.

E ela era terrível. E sempre encharcada, como sempre deixando aquele rastro de água. Natasha pisava no tapete molhado e sabia que ela havia passado por ali.

As luzes iam falhando aos poucos, mantendo a casa numa penumbra aterrorizante e gelada. Era pleno verão, mas Natasha tremia com o frio sobrenatural que sentia enquanto corria desesperada por sua vida.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora