Depois de ver a morte de perto, você entende o valor real da vida - Jogos Mortais
...
- Peguem uma esponja, estou velho pra lavar um carro. - Mikhailov pediu, trazendo dois baldes e James e Wanda se levantaram.
- Trouxe a mangueira! - Sarah anunciou, vindo arrastando uma mangueira amarela do quintal.
- Sarah, papai não te quer perto do sangue. - James disse.
- Ué, ele disse que é katchup. - ela resmungou.
- É, é, do sangue falso. - James corrigiu. Mikhailov jogou água enquanto Wanda, James e Sarah passavam a esponja ensaboada no capô.
- Por que as pessoas são tão más. - Wanda resmungou, lavando a esponja no balde.
Lá em cima, Natasha encarava o chão. Steve esperesperava pacientemente ela tomar coragem para dizer. Já tinha feito aquilo tantas madrugadas terríveis em que ele ficava quieto esperando Natasha parar de chorar e acredirar que nada poderia pega-la, porque ele estava ali, protegendo-a.
- Você vai ficar bravo? - perguntou, num fio de voz. - Por eu nunca ter te contado.
Steve negou.
- Claro que não.
E segurou sua mão.
- Eu não te julgo, Natasha. Nunca julguei, e nunca vou. - ele disse, lançando-a um olhar reconfortante e Natasha se sentiu derreter.
Ela respirou fundo, encostando na cabeceira e abraçou as pernas.
- Você sabe... que eu comecei a ver coisas quando era muito pequena. - Natasha contou. - Eu via pessoas, na maior parte do tempo. Figuras mortas andando pela casa.
Ele assentiu.
- Tinham os fantasmas bons. Eles... só andavam pela casa arrastando correntes. - Natasha respirou fundo, sentindo as lágrimas vindo. - E tinha ela.
Steve engoliu em seco. Até ele morria de pavor só de ouvir menção dessa mulher, pelo que Natasha contou esses vinte anos.
- Ela me machucava. Me prendia no porão. Uma vez me empurrou da escada. - uma lágrima correu o rosto de Natasha e ela fez uma pausa. - Um dia... ela tentou me matar.
Steve franziu as sobrancelhas em descrença. Isso ela não tinha contado.
- Estava chovendo. Eu estava sozinha em casa. Ela me perseguiu por horas. Fazia barulhos. Quanto mais eu corria, mais ela ficava com ódio. - Natasha engoliu em seco, respirando pesadamente. - Ela me odiava. E me queria morta. Naquela noite eu soube que ela não ia me deixar viver.
Natasha corria pelos corredores aos prantos. Um choro de terror a fazia soluçar alto pelos corredores enquanto chorava. Mas só não era mais alto que o pranto dela.
O choro terrível dela que ecoava pela cabeça de Natasha, suas lamúrias carregavam a dor de um batalhão enviado para a morte. Cada gemido, cada grito era repleto de agonia, e isso conseguia ser pior que qualquer aparição demoníaca que ela pudesse materializar.
E ela era terrível. E sempre encharcada, como sempre deixando aquele rastro de água. Natasha pisava no tapete molhado e sabia que ela havia passado por ali.
As luzes iam falhando aos poucos, mantendo a casa numa penumbra aterrorizante e gelada. Era pleno verão, mas Natasha tremia com o frio sobrenatural que sentia enquanto corria desesperada por sua vida.
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The Roмaиoff Curse - Romanogers
RomanceUma grande mansão de uma pequena cidade da Georgia, há um século fora refúgio da família Romanoff. Ela foi palco dos piores pesadelos de Natasha, que desde criança foi atormentada por fantasmas. Figuras arrepiantes arrastando correntes, tentando mac...