Capítulo 2: Vizinhos

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Alguma coisa dentro dela morreria para sempre. Alguma coisa preciosa, doce.
- Cemitério Maldito

...

Sua respiração descompassou e as mãos começaram a tremer. Era impossível. Completamente impossível, não é?

James esticou a mão lentamente para tocar a lápide. Ele nunca teve medo de nada. Sempre assistia filmes de terror de madrugada e nunca teve medo. Até aquele momento. Seus dedos tocaram a superfície áspera do nome quando sentiu algo tocar seu ombro.

Seu grito cortou as árvores, fazendo pássaros se assustarem e saírem voando, enquanto ele jogou o corpo para trás e viu. Natasha parada, olhando para ele confusa.

- James?

Ainda num estado catatônico ele olhou para a mãe, e depois para a lápide. Era só um dos túmulos com o nome riscado. Ele suspirou de alívio, chegando a conclusão que imaginou tudo.

- Mãe, qual é? Quem chega de fininho no outro num cemitério? - ele perguntou, se levantando e se forçou a parar de tremer.

- Você não devia estar aqui. - ela cruzou os braços.

- Apareci aqui sem querer. - ele explicou, e Natasha suspirou.

- James... eu sei que escondi coisas de você. Mas você já deve estar percebendo que nossa família não é nem um pouquinho normal. - ela disse, e James cruzou os braços.

Realmente, nem toda família tem um cemitério particular no quintal.

- Eu tentei por anos fugir do meu nome. Tive muitos problemas nessa casa, James. Saí daqui com dezesseis anos e me mudei pra Nova York, conheci seu pai. E essa foi minha família por tantos anos. Entendeu?

- Tá. - ele resmungou. - Por que alguns túmulos estão riscados?

Natasha analisou o mais perto deles.

- Meu pai disse que enterraram alguns criados que morreram na casa aqui... e Sua mãe mandou riscar o nome deles, não queria que pessoas inferiores se misturassem com os Romanoff.

- Minha vó era uma escrota. - ele disse, e Natasha segurou o riso.

- Ela vai puxar seu pé a noite. E deixa seu pai ouvir você falando desse jeito. - Natasha sorriu.

- E por que não achei o túmulo da minha tatara? - perguntou.

- Ninguém sabe onde enterraram o corpo dela, provavelmente levaram de volta pra Rússia, ou queimaram, já que ela era deformada. - Natasha passou um braço ao redor dos ombros do filho. - Estamos no jardim, vem ver.

Eles seguiram juntos pela lateral da casa até uma varanda bonita com escadas que levavam até um mar verde gigante. Muito bem cuidado, os arbustos formavam aspirais perfeitas no chão e várias estátuas consumidas pelo tempo enfeitavam aquele labirinto cercado de árvores.

- Papai, olha, peixinhos! - Sarah gritou, debruçada na fonte que enfeitava o centro do jardim.

- Cuidado, filha, você vai cair aí. - Steve a segurou enquanto ela observava os peixinhos.

- Nicolau mandou construir esse jardim para a filha, Catharina. - Mikhailov contou.

- Qual é a desse mordomo, mãe? - James sussurrou.

- Ele é o guardião da casa. Trabalha aqui a pelo menos três gerações da família Romanoff.

James não respondeu. Tinha algo muito estranho naquele cara. Não só nele, na casa inteira, na verdade. Tinha um ar de morte.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora