Capítulo 6: Alguma coisa horrível

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Para superar um obstáculo, você precisa entendê-lo. - Jogos Mortais
...

Steve observava as luzes de Nova York distantes, mas ainda ali. Os grandes prédios iluminados pareciam estrelas de longe. Dali eles não ouviam o barulho das buzinas e sirenes da cidade que nunca dorme, mas ele conseguia imaginar. Se sentia em casa ali. Mas a ruiva em seus braços não parecia ter ideia do que é ter uma casa.

Ela chorou por muitos minutos em seu ombro, tremendo sob seu abraço. Steve não apressou. Não se incomodou com as lágrimas em seu jaleco. Não se importou com o frio batendo contra seu rosto. Apenas tentou ser a casa dela, nem que por alguns minutos.

Natasha se afastou um pouco, soltando-o e ainda a centímetros dele, seus olhos verdes e espertos o vasculharam. Steve se sentiu nu, mas observou o rosto monumentalmente lindo da garota a sua frente. Ela era uma garota, mas não parecia só uma garota. Ela parecia ter um mundo nos olhos.

  - Quem é você?

  - Eu... - ele disse, se esquecendo do próprio nome, efeito daqueles olhos perdidamente brilhantes. - Meu nome é Steve Rogers. Sou ginecologista aqui. - ele respondeu, e os olhos dela brilharam. 

Sinal que uma piada estava a caminho, e Steve mal sabia que veria esse brilho nos olhos por muito e muito tempo.

  - Nunca tinha visto ginecologistas homens. - ela disse, dando um quase imperceptível sorriso.

  - Não são tão raros assim. - ele disse, olhando em seus olhos.

Devagar qualquer ameaça de sorriso dela sumiu.

  - Não quero voltar. Ela vai me achar. - ela disse, com a voz embargada e Steve franziu as sobrancelhas de pena, analisando seu rosto vermelho e inchado.

  - Ei. - ele segurou seus dois ombros. - Eu prometo. Não vou deixar ninguém te machucar aqui.

Natasha franziu as sobrancelhas, olhando-o.

  - Eu não sou louca. - ela engoliu as lágrimas se formando e sustentou um olhar cheio de determinação. Mas Steve já sabia disso,

  - Eu sei. E acredito em você. - ele disse, ainda segurando seus ombros de modo acolhedor. - Mas você precisa de ajuda, Natasha. E precisa deixar a gente te ajudar. 

Natasha já ouvira aquilo várias vezes de várias pessoas, mas aquele homem com olhos azuis penetrantes parecia estar dizendo a verdade. Era a primeira pessoa que não a olhava como se fosse louca. E a primeira que parecia realmente disposta a ajuda-la. E foi a primeira que realmente fez Natasha acreditar.

  - Tá bom. - ela murmurou.

  - Okay. - ele sorriu para ela e Natasha sentiu algo dentro de si acordar. Como se sempre estivesse ali, mas nunca descobriu. Era felicidade.

Steve segurou sua mão e os dois andaram até as escadas. Eles desceram até o andar de Natasha e foram até os quartos da ala isolada lado a lado.

  - O que ela está fazendo aqui fora? - eles pararam ao ouvir uma voz aguda, e ao se virarem lá estava a enfermeira Truntbull, a pior de todas naquele lugar, Natasha já sabia.

  - Natasha estava se sentindo mal dentro daquela cela e eu estou levando-a para dar uma volta. - Steve disse, usando toda sua autoridade de médico. Ele nem era formado ainda, mas quem liga?

  - Ela está de isolamento, não pode sair. - ela cruzou os braços, olhando para Natasha com cara feia.

  - Estou cuidando do bem estar da minha paciente. - ele insistiu, sempre sério e colocou a mão no ombro de Natasha. - E me responsabilizo por ela.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora