Capítulo 8: Chuva de Sangue

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Não cuidaram do meu menino, agora, eu vim busca-los. - Sexta Feira 13

...

Natasha observou o caixão diante si. Ela imaginou chuva, pessoas de sombrinha, tristes, um dia nublado, o caixão sendo abaixado lentamente enquanto o padre ortodoxo da igreja da cidade rezava. Mas o dia estava com sol. Muito sol, e quente demais para usar roupas pretas. Todos usavam, porém pareciam suar.

Steve segurava sua cintura contra si firmemente, as vezes acariciando suas costas. Ele olhava-a, preocupado. Natasha não chorava. Ao contrário, seu rosto estava sem expressão. Morto. Pelas duas vezes que vira seu sogro pessoalmente, Steve sabia que Ivan Romanoff era um homem triste, sombrio e extremamente frio. Não que ele maltratasse os filhos, mas ignorar a existência deles não era o que Steve considerava como uma boa paternidade.

James estava ao lado da mãe, de terno preto e querendo que aquilo acabasse logo. Ele estava com um pouco de raiva. Por mais que ouvisse Tthomas e Natasha dizerem o quanto aquele homem era frio e distante, ele nunca sequer o conheceu. E queria ter conhecido, para então acha-lo um cuzão e talvez dizer isso na cara dele. Mas, graças as mentiras da mãe, ele sequer sabia como era o homem no caixão.

Sarah estava inquieta encostada nas pernas de Steve, que segurava-a pelo ombro para mantê-la parada pelo menos até o padre terminar de falar aquelas palavras em russo que ele não tinha a menor ideia do que significavam. Crianças lidam com a morte de um jeito interessante. Elas não entendem o que é, propriamente dita, a morte, mas entendem que alguém se foi, e que nunca mais iria voltar. Isso acontecia as vezes, e era uma droga. Mas tudo bem, porque sua mamãe e seu papai ainda estavam ali.

Mas, quando um deles morria, aí era mais complicado. Aí vinha emoções mais incompreensíveis e profundas que as marcarão para sempre. Mas um avô que ela nunca nem viu? Sarah não tinha ideia do que estava acontecendo, só sabia que seus pais a fizeram ficar parada num "cenário de filme" com um vestido preto, quente e pinicante, enquanto um homem de chapéu engraçado embolava a língua segurando um livro.

Já Tthomas, se contentava em olhar feio as outras pessoas ali. Pepper, Tony, Wanda e Morgan vieram, assim como Bucky e Hill. Mas, tirando eles e o padre, haviam membros da prefeitura, que estavam ali por pura formalidade, e alguns cidadãos curiosos. Alguns mais velhos prestavam atenção nas palavras do padre, mas outros ainda tinham a coragem de lançar um olhar julgador a família ruiva e calada de frente para o caixão. Ele não conseguia entender por que raios Natasha deixou eles virem. Tinham até jornalistas ali!

Ele olhou para Natasha, assim como todos os outros que falavam russo. O padre tinha a chamado.

-Senhorita Romanoff? - disse novamente, e Steve cutucou a esposa, que acordou.

- Hm?

- A terra. - disse, e ela pareceu entender. Steve a soltou, e Natasha deu alguns passos a frente equilibrada nos saltos pretos na grama e se abaixou para pegar a terra. Sua mão se esticou e ela observou a terra cair até o caixão de carvalho escuro.

Ela olhou para baixo. O padre voltou a professar palavras em russo, e Natasha fixou os olhos na madeira. Uma grande nuvem cobriu o sol, dando uma trégua e deixando o ambiente mais fúnebre. Natasha sentiu o coração acelerar dentro do peito, as mãos tremerem e os olhos assustados se arregalando.

Uma mão vinda de dentro do caixão apareceu na lateral, e Natasha perdeu o ar. Lentamente ele se abriu, enquanto um vento sobrenatural esvoaçou seus cabelos. O dia foi repentinamente ficando cada vez mais escuro a medida que o caixão se abria.

Uma lágrima despencou dos olhos de Natasha enquanto ela tremia, completamente petrificada pelo pânico e terror. Seu pai olhou para ela, deitado e com a mão podre ainda segurando a tampa. Ele estava com seu melhor terno e muitas jóias, o rosto já apodrecido e um pouco distorcido. Seus olhos estavam completamente brancos, a boca desfigurada. As lágrimas rolavam pelo rosto de Natasha enquanto encarava o pai morto.

- Sinto muito por te trazer aqui. Mas todo esse sangue tem que parar. - ele disse. A voz aveludada perfeitamente igual a que ele se lembrava. - Você tem que descobrir como quebrar a maldição.

Gotas de sangue começaram a cair no caixão, na grama como uma chuva começando.

-Ache o diário.

Um trovão tirou Natasha de transe, e ela se virou, começando a andar para longe e rápido.

-Natasha!

Seu estômago revirava, o desespero rasgava seu coração. Ela se sentia tonta, enjoada, e debruçou sob a fonte da frente antes de colocar toda a comida para fora. Natasha abriu os olhos, tremendo e chorando e de repente, gotas caiam na água.

Gotas de sangue.

Seu corpo foi erguido, e Steve segurou seu rosto, preocupado enquanto dizia algo que ela não entendeu. Um grito ecoou ao longe, seguido de outro. As pessoas ao redor do caixão corriam, a maioria na direção dos vários carros estacionados ao redor do chafariz. Os fotógrafos tiravam foto.

Natasha empurrou de leve as mãos de Steve, dando alguns passos e olhou para as mãos. Tinham manchas de sangue. Ela olhou para Steve, que agora tinha os olhos presos no céu. Ao redor deles, pessoas gritavam e corriam para os carros. Uma gota caiu no rosto de Steve, e ele a limpou com o dedo, chocado demais para dizer algo.

Estava chovendo sangue.

Natasha só viu seus olhos azuis antes de seu corpo cair e tudo ficou preto.

Natasha só viu seus olhos azuis antes de seu corpo cair e tudo ficou preto

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Feliz Sexta-Feira 13!

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora