Capítulo 22: Sem munição

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Não se trata de ver para crer. Mas de crer para ver” – O Orfanato

(...)

O peito de James subia e descia, enquanto pressionava sua boca com as duas mãos. O espaço entre a geladeira e a parede era quase suficiente para impedi-lo de respirar, mas ele tinha entrado lá depois do comando de Pepper para que se escondessem. Ele não sabia onde estava seus pais. Os amigos dele. Nem Wanda.

O berro dela ecoou pelas paredes de madeira da casa, ele quase conseguia senti-las tremer.

  - Merda - sussurrou, olhando para os dois lados antes de sair do esconderijo. Seu único plano era correr. Ele correu pela larga cozinha, depois para a sala de jantar, e chegou no hall de entrada. Seus pés foram rápidos em subir os degraus até que uma mão gelada se fechou contra seu calcanhar, fazendo-o cair com o queixo no degrau.

James gritou tanto de dor quanto de terror, agarrando o corrimão e olhou para baixo. A mulher puxava-o, sua figura sendo iluminada por um trovão e James conseguiu ver por debaixo do véu seus terríveis e petrificados olhos amarelados.

Suas unhas cravaram na carne de seu tornozelo, puxando-o com força e ele gritou de dor.

  - Vai embora! - berrou. - Vai embora!

Seu grito ecoou pela casa, um som horrendo e assustador que fez James se calar. Aquilo não funcionava mais.

A força sobrenatural foi tanta, que James sentiu que seus dedos já estavam em carne viva contra o corrimão ornamentado, e cada osso de seu corpo era esticado a ponto de romper suas articulações. Ele não teve escolha a não ser soltar, fazendo a bruxa horrorosa que o segurava cair para trás.

Ela podia ser um fantasma, James percebeu, mas naquele momento tinha forma e obrigatóriamente respondia as leis da física.

Isso até ela começar a flotuar, então ele esqueceu o pensamento em um canto profundo do cérebro. Ele tentou se levantar e rastejar escada acima, mas foi erguido no ar, sem conseguir tocar em nada. Novamente ele gritou, antes de ser arremessado na parede com força.

James bateu a cabeça e alguns quadros voaram do lugar, logo sentiu sange escorrendo do nariz e alguma coisa quebrando. Ele seria arremessado novamente antes de desabar na escadaria. Olhando para trás, James viu o homem de terno branco com a mão erguida, puxando-a no piso de madeira.

  - Corre! - mandou, antes de ela se soltar e voar contra o homem.

James não pensou duas vezes antes de correr escada acima. Ele derrapou no corredor, derrubando um vaso de planta antes de adentrar o corredor dos quartos. O fantasma estava há centímetros do rosto de Wanda, enquanto ela tremia, completamemte imóvel, encolhida e com os olhos fechados.

  - Miguel - disse, fazendo sua cabeça se retorcer para trás. - Deixa ela em paz.

Instantaneamente ele deixou Wanda, berrando contra James. Ele foi jogado contra a cômoda do corredor, fazendo todos os itens em cima dela desabarem no chão.

  - James!

Ele arrancou uma gaveta, fazendo algums papéis voarem no ar antes de acertá-la contra o queixo do homem, fazendo-o cambalear de leve para trás. Em resposta, James foi agarrado pelo pescoço e a gaveta foi tirada de cima dele.

  - Mi...guel... Pare - pediu, sendo enforcado contra a parede. - Sua... esposa não iria querer isso... Você a ama... não é?

  - Pare! - Wanda berrou.

O fantasma soltou James, olhando para ela. James caiu contra o chão, e Wanda tremia enquanto Miguel a encarava com o cabelo tampando os olhos, e tinha toda aquela gosma negra, a água pingando de suas roupas... E o broche de estrela.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora