Capítulo 1: Malditos comunistas

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Acho que estamos todos presos em nossas próprias armadilhas, e nenhum de nós consegue escapar”
– Psicose
...

Steve andava pelos corredores daquele hospício segurando uma prancheta. Hospício foi o nome que sua mãe usou quando ele contou que se candidataria para um estágio de ginecologista num Sanatório Psiquiátrico de Nova York. Mas não era bem assim, aquele lugar era mais um internato para jovens problemáticos que um hospício cheio de homicidas e assassinos. Ninguém ali cometeu nenhum crime. Mas sua mãe fez com que parecesse que ele próprio havia perdido a cabeça, mas ele não estava preocupado. Desde pequeno seu maior sonho sempre foi ser médico e ajudar pessoas sem julga-las.

Ele deixou a caneta cair no chão e parou, se abaixando para pega-la. Quando seus olhos se levantaram, tudo que ele pôde ver foram cabelos ruivos como fogo numa roupa de hospital abrir sorrateiramente a porta de incêndio e sumir. Steve franziu as sobrancelhas. Quem quer que ela fosse, não devia estar ali. Ele largou a prancheta ali mesmo e mergulhou pelas escadas, subindo atrás dela. Ele subiu e subiu os andares do velho prédio da instituição correndo até abrir a porta do telhado. E lá estava a ruiva misteriosa.

Ela estava em pé na beirada do telhado.

O coração de Steve parou. Ela iria pular. Seu corpo tremia de leve, indicando que ela estava chorando. Seus longos cabelos cacheados batiam na cintura e uma fita de identificação estava em seu braço, indicação que ela estava na ala psiquiátrica dos recém chegados. E aquela ala geralmente abrigava pessoas com surtos depressivos ou psicóticos.

Ele fechou a porta atrás de si e andou lentamente até ela.

- Você não pode me pegar aqui, vai embora. Vai embora, vai embora, por favor, me deixe em paz... – ela colocou a mão nos ouvidos, soluçando e Steve sentiu o coração apertar.

- Ei. - ele disse, cautelosamente, e a menina olhou para ela. Uma corrente elétrica percorreu seus corpos quando o verde intenso de seus olhos se misturou com o azul preocupado dele. O mundo todo parou, inclusive todo o barulho da grande cidade, as luzes, o tempo. 

Ele só conseguia ver como os olhos dela estavam quebrados.

- Qual seu nome? – ele perguntou, engolindo em seco.

- Natasha. – ela disse, sem olhar para trás e Steve se aproximava lentamente.

- Natasha, por favor, desce daí. – ele pediu.

- Ela sempre me encontra. Ela me quer morta. – ela negou com a cabeça, abraçando o corpo. – Eu não sou louca, ela me quer morta. Ela existe. Eu vejo eles... todos eles, todos os mortos, mas eu não fiz nada. Por que ela quer me matar?

- Ei. Natasha, olhe para mim. – Steve pediu, ainda se aproximando lentamente.

- Você não é real. Você não é real... – ela murmurou, agora abraçando o próprio corpo.

- Eu sou real, Natasha, eu juro. – ele parou ao seu lado, um pouco distante e imóvel. Agora ele podia ler a etiqueta em seu braço. "Esquizofrenia". – Por favor. Olhe para mim. Não vou te machucar.

Natasha obedeceu, virando a cabeça lentamente na direção dele. Agora Steve podia ver o lindo rosto da menina. Ela tinha lindos olhos verdes e cheios de lágrimas, o rosto vermelho tinha algumas sardas iluminadas pela luz da lua. E ele, Deus. Ele não poderia ser real. Ele era tão lindo. Aqueles olhos azuis como o oceano mais calmo fizeram-na se sentir bem. Era um anjo meio aos demônios que a cercavam.

Ele lentamente esticou a mão para ela.

- Natasha... eu prometo... ninguém vai te achar aqui.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora