Capítulo 16: Bolinha vermelha

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"Às vezes é melhor estar morto."
- Cemitério Maldito

...

Meia hora antes

Sarah colocou os pés pra fora do corredor escuro e um arrepio subiu sua pequena espinha. Ela odiava sair do quarto a noite, odiava. Mas aquilo era uma emergência, ela tinha esquecido sua boneca no andar debaixo.

Ela sabia que se a deixasse sozinha, os fantasmas a pegariam.

Já tinham pego antes.

Ela podia ter ido até o pai, ele sempre era seu cavaleiro de armadura quando ela tinha medo, mas ela não precisava mais. Já era grande. E se quisesse que os pais a encarassem como uma menina grande, tinha que ir sozinha.

No meio do caminho, Sarah parou.

Olhou para o chão e sentiu algo molhado sob o carpete.

Água.

A água vinha do corredor dos pais, virava a esquerda onde ficava a escada. Sarah engoliu em seco, será que era Mikhailov? Será que estava chovendo? Ele poderia ajudá-la a encontrar a boneca.

Sarah resolveu seguir o rastro de água, embora estivesse com medo. Seu coração batia rápido, ela queria gritar, queria voltar para cama.

Num susto, ela podia jurar que ouviu alguma coisa atrás de si, mas quando virou para se olhar, bateu contra algo, ou melhor, alguém.

Sarah arfou, assustada e ao olhar para frente, viu um homem de terno branco.

- Shhh, não grite. - O homem pediu, assim que a viu abrir a boca. - Está tudo bem.

- Quem é você? - A menininha ruiva perguntou.

- Hm... Meu nome é Clint.

A menina fez uma careta.

- Você não é meu tio, meu tio é o Tthomas.

Clint sorriu.

- Já fui seu tio. Outro, não o Tthomas. - Clint se abaixou na altura dela. - O que está fazendo fora da cama? O escuro é muito perigoso pra uma garotinha.

- Meu pai diz que não tem motivo pra ter medo do escuro. - Sarah disse, corajosa.

- Desculpe, mas seu pai não tem ideia do que está falando. - Clint sorriu. - Agora vamos voltar pra cama, ok?

- Não, minha boneca. - Sarah negou. - Está lá embaixo. O menino vai pegar ela se eu deixar lá de novo.

- Que menino? - Clint quis saber.

- O menino azul que anda no andar debaixo.

Clint engoliu em seco.

- Sarah, você tem que voltar pra cama.

- Minha boneca! - Ela reclamou.

- Sarah, volta pra cama. - Ele pediu novamente, dessa vez ela podia sentir o medo em sua voz. - Sarah, corre. Ela está vindo.

Sarah tocou no homem, mas sua mão atravessou. Ao olhar para cima novamente, ela viu uma figura de preto, completamente molhada. Ela chorava.

Junto com Sarah, a figura gritou.

Agarrou seu braço e a jogou escada abaixo.

(...)

Steve acariciou as costas de Natasha na emergência do pequeno hospital de Russian Lake. Era madrugada, estava tudo silencioso, e tinha poucos pacientes e médicos ali. A um tempo o choro de Sarah parou dentro do consultório, dando lugar ao silêncio.

The Roмaиoff Curse - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora