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ISAAC GILINSKY • CALIFORNIA

Hoje seria o grande dia. O dia da verdade. Estou rezando para não ser algo enorme, e sim uma fofoquinha irrelevante.

Saio do carro e entro na escola. Coloco minha mochila na sala e vou para a biblioteca, encontrar a Sarah.

- Amigo, por Deus. Aquelas meninas estão me dando muito ódio. - Fala.

- Por que? Elas vieram perturbar de novo?

- Vieram. Acho que elas não gostam de me ver junto com você.

- Elas que se fodam. Então, vamos pensar logo no plano pra mais tarde, temos pouco tempo.

- Eu pensei em ir com você e fingir que moro lá, caso o porteiro ou o próprio Alex pergunte.

- Hmmm, boa ideia.

- Vou falar que sou uma moradora nova e fingir que moro no último bloco.

- Ótimo. Sua mãe deixou você ir?

- Sim, deixou. Falei que ia fazer trabalho.

- Ah sim. Então, temos quase todo o caminho andado. Vamos, se não vamos nos atrasar. - A ajudo a levantar.

Seguimos para a sala de aula. Aquelas meninas nos pararam no caminho, mas não demos muita atenção. Passaram as aulas de português, geografia, depois o primeiro intervalo. Não aguento mais esperar, que ódio. Vontade de fugir da escola e ir logo pra lá. Mas tenho que me controlar, porque se meu pai descobrir um terço do que está acontecendo, ele pode me matar e matar a Danielle.

- Se eu fugir agora, você acha que dá merda? - Pergunto para a Sarah enquanto guardava minha caneta.

- Olha, acho que não. Eu poderia responder a chamada por você.

- Mas como? Nossas vozes são completamente diferentes.

- Quem disse que eu vou falar? - Fala sorrindo. - Você vai falar, mas sem estar presente. - Balança o celular.

- Ah, o gravador de voz... Você é esperta, vamos na sala de música gravar isso. O isolamento acústico vai nos ajudar.

- Ok. - Coloca o celular no bolso.

Já no segundo intervalo, fomos para a sala de música e gravamos a minha fala. Bastaram 3 tentativas para obtermos o áudio perfeito.

- Já estou indo. Vou pular o muro de novo.

- Não é perigoso? - Pergunta.

- Não muito, não é tão alto quanto parece.

- E o plano que fizemos? - Fala.

- Acho que não daria certo. Aquele porteiro sabe todo mundo que mora e que não mora lá.

- Ok então. Muito cuidado, por favor. - Fala e me abraça.

- Vou tomar cuidado, qualquer coisa eu te ligo. - Falo e subo no banco. Graças a Deus ninguém gosta de comer aqui fora no verão por causa do sol.

Pulo o muro e pego o primeiro ônibus que passa. A caminho dos prédios.

...

Assim que chego, vou indo pela calçada, me escondendo entre as árvores. Vou seguindo esse caminho até chegar no bloco da Danielle. Entro no elevador e suspiro, estou quase lá. O que será que ela vai me dizer? Estou tão preocupado e nervoso que estou tremendo.

O elevador abre e eu vou até a porta de sua casa. Bato na porta e ajeito a mochila nas costas.

- Oi filho! Seja bem vindo. - Fala e me dá espaço para eu entrar.

- Oi... Me chama de Isaac por favor? Assim eu me sinto mais confortável.

- Tudo bem, como quiser. - Fecha a porta. - Coloca a mochila no sofá, fique a vontade.

A casa dela é bem bonita. As paredes são brancas e ela apostou todas as cores na decoração, ficou muito bom.

- Posso ir ao banheiro antes? - Falo.

- Pode sim, é aqui. - Ela me mostra o banheiro.

O banheiro é branco também, a decoração dele é em tons de verde, desde o claro até o escuro. Bem bonito mesmo. Ela tem bom gosto.

- Então, quer comer alguma coisa? - Pergunta.

- Olha, não somos tão próximos pra você me oferecer coisas do tipo. Só vamos conversar logo. - Me sento no sofá, ao lado da minha mochila.

- Por que veio mais cedo? - Se senta.

- Fiquei ansioso. Se meu pai descobre, estou frito.

- É, eu sei. - Fala. - Então, eu fiquei todo esse tempo te observando para poder finalmente te fazer um convite.

- Qual seria?

- Mostrar pra você o lado do seu pai que você não conhece.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora