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JACK GILINSKY • CALIFORNIA

- Alguma coisa? - Pergunto.

- Não, nada. - Ela responde e desliga o celular.

Já são 4 da manhã e não recebemos nenhuma notícia. A polícia não nos diz nada e nem ninguém pra quem ligamos. Isso tudo está me matando.

O foda é que eu não consigo pensar num motivo para ele ter feito isso. Não me vem nada na cabeça. Será que eu fiz alguma coisa? Será que eu fiz algo que ele não gostou?

- Eu não sei mais o que fazer. - A Beatrice me olha com lágrimas nos olhos. - O que será que o levou a fazer isso? Eu não consigo imaginar.

- Eu também não consigo imaginar. - Falo. - Nada me vem na mente. Será que não estava sendo um bom pai e ele resolveu ir embora?

- Claro que não, Jack. Você é maravilhoso, tanto como pessoa tanto como pai. Com toda certeza, a culpa disso tudo não foi sua.

- Obrigado. - Sorrio. - Você não está se culpando, né?

- Ah, você sabe como eu sou. - Sorri triste. - Sempre acho que dei um passo em falso em relação aos meninos.

- Por que se sente assim? - Pergunto.

- Eu não sei. - Fala. - Acho que é porque... uma hora eles estavam com a mãe deles, aí depois, do nada, eu apareço. Sinto como se... eu estivesse tentando substituir a mãe deles, sabe?

- Beatrice... a gente já conversou sobre essas histórias e... você não tem com o que se preocupar. Os meninos te amam muito, assim como eu. Para quem nunca tinha cuidado de ninguém e nunca tinha sido mãe, você foi perfeitamente bem.

- Tem certeza?

- Sim, absoluta. - Falo e pego sua mão.

Estamos sentados no chão da sala e encostados no sofá desde 00:00, esperando alguma notícia. Mas infelizmente, nada ainda.

- Vou tomar um banho, pra ver se esfrio um pouco a cabeça. - Fala. - Já volto.

- Vou fazer algo pra gente comer. - Falo e me levanto.

- Não estou com muita fome, mas faço um esforcinho por você.

Sorrio fraco e ela também. Sigo para a cozinha e ela sobe as escadas para ir ao nosso quarto. Observo os armários da cozinha e não consigo pensar em nada. Na minha cabeça só tem o Isaac, onde ele pode estar, quando ele voltará.

Decido que vou pedir pelo ifood, não estou com cabeça pra preparar nada agora.

Subo as escadas e paro em frente a porta do quarto do Isaac. Abro a mesma devagar e entro. Realmente, estava tudo arrumado, como a Luna disse. Mas estavam faltando algumas coisas, como o notebook e afins. Abro seu armário e fico chocado. Não tinha NADA lá dentro. Nada, nenhuma roupa, nada.

Isso tudo está me deixando muito confuso e puto. Será que ele estava planejando isso a muito tempo? Que caralho. Vou para o meu quarto e entro no banheiro.

- Beatrice, você já viu o quarto do Isaac? - Pergunto.

- Ainda não, por quê? - Abre a porta do box e se enrola na toalha.

- Todas as roupas dele sumiram. O notebook também e umas coisas mais.

- Será que... ele tinha planejado?

- Não sei, eu não sei. Estou tentando entender mas não consigo. QUE MERDA! - Grito e soco a bancada de mármore.

- Jack, se exaltar não vai adiantar, eu já disse. - Fala. - Só nos resta esperar.

- EU NÃO QUERO ESPERAR PORRA. EU QUERO SABER O QUE ACONTECEU.

- Não é só você que quer as respostas Jack. Eu também quero, o Alex quer e todas as pessoas da mídia.

- Foda-se tudo e todos, eu não quero saber. - Saio do banheiro batendo a porta. Isso tudo está me consumindo de uma tal forma, que nem eu tenho noção.

Preciso me concentrar e pensar. Tem alguma coisa que eu estou deixando passar, tem alguma coisa que eu não estou captando. Me assusto quando ouço meu celular tocar lá na sala.

- Oi. - Falo. Era o Alex. - Alguma notícia?

- Não, nenhuma até agora. - Fala. - Meus amigos vão sair amanhã de manhã, perguntei pra eles se eles podiam me ajudar.

- Que bom que eles toparam.

- Como você está? - Pergunta e eu suspiro.

- Nem eu sei como eu estou. Não consigo pensar em nada, minha cabeça está a mil.

- Eu imagino. Mas vai dar tudo certo pai, eu prometo. Tudo vai se resolver.

- Deus te ouça. - Falo. - Amanhã eu nem sei o que vou fazer.

- Fica em casa, é melhor. Fala pra mamãe ficar em casa também.

- Vou falar. Acho melhor eu desligar, você deve estar querendo dormir. Afinal, são 5 da manhã.

- Não estou com sono algum, mas vou desligar porque vou comer. - Fala. - Depois eu posso ir aí?

- Pode sim. - Falo. - Vou pedir algo pra comer também.

- Tchau pai, fica bem. - Fala e desliga.

Subo as escadas e vou para o quarto.

- O que você quer comer? - Pergunto para a Beatrice, que estava sentada na ponta da cama, ainda enrolada na toalha, olhando para um ponto fixo no chão.

- Nada.

- Só almoçamos hoje, precisamos comer. - Falo.

- Se você quiser comer, coma. Eu não quero, não estou com fome. - Fala e se levanta, indo para o closet.

- Porra Beatrice, eu sei que a situação agora não é a das melhores, mas vai ficar descontando em mim? - Falo indo atrás dela e ela para de andar na hora.

- Eu, descontando em você? - Se vira. - Você surtou no banheiro enquanto eu falava com você. Socou a pia e saiu batendo a porta. Olha só, ninguém tem culpa do Isaac ter sumido. Se você continuar tratando as pessoas desse jeito por puro nervosismo, vai acabar as perdendo. - Fala.

- Foda-se, eu não preciso de ninguém. - Falo. Ficamos em silêncio por um tempo. Eu refletindo sobre o que eu disse e ela olhando pra mim.

- Não precisa de ninguém? Então tá bom. - Fala e começa a remexer as roupas nas prateleiras. - Eu vou te dar um desconto, só pelo o que está acontecendo. Mas você não tem noção do quanto que isso que você disse, tá doendo aqui dentro. - Fala com a voz embargada e aponta para o peito com lágrimas nos olhos.

- Beatrice... - Me aproximo.

- Não Jack, agora não. - Sai do closet com seu pijama xadrez vermelho nas mãos.

Por que eu sou um merda? Eu consegui brigar com a Beatrice numa situação em que precisamos mais do que nunca estarmos unidos.

Me sento na cama e apoio os cotovelos nos joelhos. Percebo minha visão ficando embaçada e as lágrimas escorrendo no meu rosto. Não posso perder meu filho e minha mulher. Pego meu celular no bolso e ligo para o Sammy.

- Oi, alguma notícia? - Pergunta.

- Ainda nada. - Falo.

- Você está chorando?

- Eu briguei com a Beatrice?

- Porra cara. Como foi?

- Eu falei merda pra ela. Perguntei pra ela o que ela queria comer e ela disse que não queria nada, eu insisti e ela disse que não estava com fome. Aí eu falei que não era pra ela ficar descontando em mim, sendo que a uns minutos antes, eu gritei com ela e soquei a pia do banheiro. Ela falou que ninguém tem culpa do Isaac ter sumido e que se eu continuasse tratando as pessoas assim, eu iria perdê-las.

- E o que você disse depois, Jack Gilinsky? - Fico em silêncio. - Fala caralho!

- Eu disse que foda-se e que não preciso de ninguém. - O silêncio voltou, mas logo depois foi embora, pois o Sammy passou o telefone pro J.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora