9

90 7 1
                                    

ISAAC GILINSKY • CALIFORNIA

- Isso não faz o menor sentido. - Falo.

- Não sabia que a Beatrice não é sua mãe verdadeira?

- Disso eu sabia, mas... eu não entendo. Por que está me perseguindo? Já não está tudo bem? Meu pai de um lado e você do outro.

- Sim, está tudo bem. Com a verdade oculta e mentiras em jogo, tudo fica bem. O circo só começa a pegar fogo quando você descobre que ainda estão mentindo pra você.

- Mentindo pra mim? Que palhaçada é essa, Danielle? - Isso está me deixando com ódio.

- Quer saber de tudo, desde o início? Então vamos marcar um dia para conversarmos, com tempo de sobra. Eu sei que você fugiu da escola e já já terá de voltar. O que acha de vir até minha casa na sexta, depois da escola?

- Sexta é muito longe, eu vou morrer de curiosidade. Pode ser amanhã? Amanhã eu não tenho nada marcado e eu posso inventar uma desculpa pro meu pai.

- Tudo bem então, amanhã. - Pega um dos papéis que fica na mesa e escreve seu endereço. - Aqui. Até amanhã, filho. - Sorri.

Pego o papel, coloco no bolso e saio do café. Vou correndo para a escola, meu pai não pode saber nunca que isso aconteceu. Ele vivia falando da Danielle em casa e se ele descobrir que vou na casa dela amanhã pra "saber da verdade", ele surta. Preciso contar para a Sarah.

...

- Até que enfim você chegou, eu já estava ficando preocupada. - A Sarah diz assim que me vê entrando escondido pela quadra.

- Puta que pariu, eu tenho tanta coisa pra falar.

- Aconteceu alguma coisa? - Pergunta.

- Sim, aconteceu. Vamos para a biblioteca no segundo intervalo, no segundo andar dela, que geralmente não tem ninguém. - Ela assente. - Eu perdi alguma coisa?

- Aquelas meninas vieram me interrogar sobre você novamente e... a professora de artes faltou, então ficamos com aula livre. Você tem muita sorte.

- Que bom que não tomei falta, se não meu pai me mataria. Vem, vamos logo.

Já que a aula era livre, seria um tempão que teríamos para conversar, porque depois da aula de artes seria o segundo intervalo.

Fomos bem rápido para a biblioteca, mas com cuidado para não parecermos suspeitos. Subimos as escadas em silêncio para não atrapalhar os que estavam ali embaixo e nos sentamos nas cadeiras do fundo.

- Aqui estamos seguros e podemos falar normal.

- E então, o que houve? - Pergunta. Dava pra ver que estava nervosa pois ela não parava de mexer nas cordinhas do moletom.

- Aquela mulher que vive me seguindo e me observando... é minha mãe.

- O quê? Como assim? - Pergunta.

- Lembra aquela história que eu te contei há muito tempo? Do meu pai com a minha mãe Beatrice?

- Sim, lembro.

- Essa agora, é a Danielle, minha mãe biológica. Eu não lembro muito dela porque eu era bem pequeno, o Alex que sabe mais.

- O que ela quer contigo?

- Ela me pediu pra ir até a casa dela amanhã, depois da escola pra gente conversar melhor.

- Seu pai sabe?

- Tá doida? Ele come ela viva se souber. Ele a odeia, mas eu não sei o motivo. Aconteceu algo no passado que eu não sei. Só o Alex sabe porque como eu disse, eu era muito pequeno.

- Meu Deus Isaac. - Diz chocada. - Você vai amanhã?

- Sim, eu quero saber o que aconteceu.

- Por favor, toma muito cuidado. - Fala. - Você não sabe as intenções dela, não sabe o que vai encontrar lá, pelo amor de Deus, tenha muito cuidado.

- Tudo bem, tudo bem, eu tomarei cuidado. Depois eu te conto tudo pessoalmente. Vamos conversar aqui, nesse mesmo local.

- Ok. - Fala. - Vamos, a aula está pra começar.

Saímos da biblioteca e fomos para a sala de aula. Seguimos a aula ansiosos para que amanhã chegasse.

- Eu não aguento mais esperar. - Falo quando o professor se senta.

- Estou preocupada, acho melhor você não ir. - Fala.

- Eu tenho que ir, se não nunca vou saber. - Pego o papel com o endereço no meu bolso. - Esse é o endereço dela. - Entrego o papel.

- Me parece familiar. - Fala. - Você leu ou só colocou no bolso e foi embora?

- Não li. - Falo. - Por quê?

- Eu acho que ela mora no mesmo condomínio que o Alex.

- Como é? - Pergunto sem acreditar. - Impossível. - Pego o papel e o vejo. - O que eu vou fazer agora?

- Você tem que ter muito cuidado. Ele não está sempre lá embaixo, jogando futebol?

- Sim, e ainda tem a Pâmella... Se um deles me verem, acabou pra mim.

- Seja discreto. Vá pelo caminho mais longe da quadra, acho que pode funcionar.

- Verdade, boa ideia.

- Ou eu posso ligar pra ele pra distraí-lo e você passa com mais segurança.

- Não sei... Eu vou precisar da localização dele, na verdade. Como vou saber se estou seguro se não ao menos onde ele está? Ainda tem o porteiro que me conhece e pode falar pra ele que eu estive lá.

- Vai dar tudo certo, eu acredito. Amanhã você vai lá na casa dela e vai tirar toda essa história à limpo.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora