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ISAAC GILINSKY • CALIFORNIA

- Alex volta aqui, eu tenho ansiedade porra!

Corro atrás dele, eu quero explicações. Sou novo nessa parada de relacionamento, flerte e afins.

- O que foi?

- Me explica isso que você disse.

- Explicar o óbvio? Isso é auto explicativo.

- Mas eu não entendi, você pode explicar por favor? - Falo a frase devagar e corretamente, expressando raiva.

- É o óbvio cara, se você não falar nada, ela vai achar outra pessoa e você nunca vai saber se poderiam ter tido algo ou não, simples.

- Faz sentido.

- Óbvio que faz. Eu passei por isso e não quero que você passe. É bom correr riscos às vezes.

- Sim, mas e se estragar a amizade?

- Não estraga não, confia.

- Esse confia me parece ser meio duvidoso. - Rimos.

- Depende muito, se você sentir que deve falar, fala. Se sentir que não, continua guardando pra você.

- Mas acho que é um momento meio frágil agora, tipo, ela está no hospital, a gente acabou de reconciliar... não acho que seja um bom
momento agora, entende?

- Sim, vai ser mais coisa pra cabeça dela assimilar e ela não está podendo. Fala depois mano. Tenta visitar ela sempre, não perca o contato nunca.

Conversamos por mais um tempo, depois descemos pra comer. Conversei com meus pais também e eles disseram a mesma coisa que o Alex.

Não acho que agora seja um bom momento porque eu acabei de voltar da minha "fuga", cuja joguei tudo nas costas dela e ela se encontra internada por conta disso. Aí do nada eu chego dizendo "ah, eu te amo, vamos namorar?" ? Pelo amor de Deus.

Vou para o meu quarto e passo o resto da tarde lá, assisti filme e copiei algumas matérias que eu havia perdido.

Pensei bastante também sobre o que aconteceu, sei que já me desculpei com todos, mas ainda sim tenho um peso na consciência.

Hora de visitar a Sarah de novo, obviamente eu nem havia dormido nessa madrugada.

- Boa tarde. - Ela se senta assim que eu entro no quarto. - Me sinto bem melhor.

- É, dá pra ver pelo seu semblante. Você está bem melhor mesmo. - Beijo a lateral de sua cabeça e me sento.

- Eaí, como vão as coisas?

- Normal, e com você?

- Tudo na mesma. - Falo. - Estava ansioso. Não te vejo na escola, pelo menos te vejo aqui. Não é o melhor lugar, mas só de te ver, me sinto aliviado.

- E a escola?

- Depois que voltei, tive que pegar tudo atrasado. As matérias, e tals. Me ferrei tanto nas explicações, tô vendo algumas video aulas no YouTube pra ver se recupero.

- Melhor do que nada. - Fala. - Estamos no mesmo barco, também estou perdendo matéria.

- Eu vou trazer aqui e ensinar você, assim você não fica no tédio e também não perde matéria.

- Eu não tinha pensado nisso. - Ri. - Na verdade, não tô pensando em nada direito. Eu só quero sair daqui, não aguento mais esses fios em mim, essa cama, esse quarto... Quero minha vida normal de volta.

- Já já você sai, tem que se recuperar primeiro. Vamos jogar algum jogo? Eu trouxe.

Pego a mochila e tiro dela alguns jogos de tabuleiro. Jogamos xadrez e damas o resto da tarde, ela ganhou 3 vezes e eu 4.

E o resto dos dias foram assim, até ela sair do hospital. Levei as matérias pra ela, ela copiou e assistimos video aula das matérias que eu não consegui explicar bem.

Sarah saiu do hospital 3 semanas depois, novinha em folha. Passou por um clínico geral, psicólogo e uma nutricionista. Voltou pra escola e tudo voltou a ser como antes.

Na verdade, nem tudo.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora