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ISAAC GILINSKY • CALIFORNIA

- Ei, chegamos. - A Danielle me acorda.

- Eu dormi muito?

- Sim, bastante. Estava cansado.

- Estava mesmo. Ansioso também.

- Vamos.

Pegamos nossas malas e saímos da pousada. Fomos de táxi do aeroporto para uma pousada e agora vamos para casa. Precisávamos fazer uma parada, eu estava muito cansado, e eu acho que ela também estava.

Fomos de táxi para casa, eu não sabia onde era mas estava tentando gravar o caminho.

- Essa é sua nova casa. - Saímos do carro.

- Uau. - Falo. A casa era enorme e muito linda por fora. Tinha um jardim, uma garagem e provavelmente tem uma piscina em algum lugar. - Quem é a pessoa que eu não vejo a muito tempo?

- Vem, vamos vê-lo agora. - Fala e pega minha mão, me levando para dentro de casa. - Depois colocamos as malas pra dentro.

Adentramos a mansão e eu não deixei escapar nenhum detalhe. Os lustres de vidro, as cortinas bege meio transparentes, o chão extremamente liso que parecia um espelho, tudo muito bonito com um toque meio rústico.

- A Beatrice ia amar isso aqui. - Falo baixo ao olhar para as estátuas de anjos que tinham no corredor em que estávamos.

- James? Chegamos. - A Danielle o chama. Quem será?

- Oi, estou descendo. - Um homem fala e aparece nas escadas. Um homem, não muito velho, mas também não muito novo. - Você deve ser o Isaac, não?

- Sim, sou eu. Quem é você?

- Sou o dono dessa casa, o amigo que ajudou sua mãe e seu avô. - Meu avô? Que porra é essa? - Imagino que esteja confuso agora, mas a Danielle irá te explicar tudo. Sentem-se e conversem um pouco, vou pedir para os empregados fazerem algo para vocês comerem.

- Meu avô? - Pergunto.

- Foi ele que me ajudou quando eu mais precisei. Ele me deu casa e comida quando seu pai tirou tudo de mim. Ele é pai do seu pai, mas não é igual a ele.

- Estou impressionado.

- Vamos morar aqui agora. Você pode escolher o seu quarto e arrumá-lo como você quiser.

- Vou fazer isso mais tarde, agora estou morrendo de fome. - Falo assim que entramos na cozinha.

Havia uma mesa posta para nós.

- O que deseja?

- Eu gostaria de... qualquer coisa. Estou com fome, o que vier, está bom.

- Fish tacos? - Pergunta.

- É uma boa. - Me sento em uma das cadeiras e uma moça coloca uma bandeja à minha frente. - São meus favoritos. - Falo ao ver os tacos no prato.

- É só comer. Eu vou querer uma torta de morango.

Começo a comer e realmente, estava uma delícia. Não estava igual o do restaurante, muito menos igual ao do meu pai, mas estava bom.

Como será que eles devem estar agora? Será que estão bem sem mim? Eu até telefonaria, mas não quero que entendam que eu quero voltar. Quero que entendam que estou bem e estou pronto para essa nova etapa da minha vida.

- No que está pensando? - A Danielle pergunta.

- Ah... neles né. - Falo. - Ainda é muito recente, não vou esquecer tão fácil.

- Com o tempo você consegue. - Fala. - Eaí, vamos comprar um celular novo?

- O que?

- Isso mesmo que você ouviu. - Se levanta. - Vamos, temos tempo ainda.

Fomos até o centro da cidade , compramos um Iphone 12, um chip e uma capinha. Vejo o número da Sarah no meu celular antigo e gravo no novo, mas não mando mensagem e nem ligo, acho melhor esperar.

- Me empresta seu celular? - Peço à ela, já que o número dela é privado. - Vou ligar para a Sarah.

Ela assente e me dá o celular. Enquanto ela ia ver algumas vitrines, eu iria ligar.

- Alô? - A Sarah atende.

- Oi Sarah.

- Isaac?

- Eu mesmo. Como você está?

- Eu tô... bem. E você?

- Estou bem também. Não está mentindo, está?

- Sim estou mentindo. Eu não estou bem, estou péssima.

- O que aconteceu?

- Desde quando você foi embora, aquelas meninas não param de me atormentar. Eu não tenho um dia de paz. Elas estão sempre me perseguindo. Semana passada, elas ameaçaram me afogar na privada.

- Como é? Meu Deus Sarah...

- Parece que... quando você está junto comigo, elas se sentem ameaçadas e não fazem nada. Mas bastou você ir que tudo virou um inferno. Por favor volta. Eu preciso de você agora. - Ela fala já chorando. Parece que a coisa está feia mesmo.

- Me desculpe Sarah... Mas eu não posso.

- Eu preciso de você, Isaac. Preciso de você agora. Você não tem noção de como estão as coisas aqui. Todo mundo está atrás de você, principalmente seus pais.

- Eu sei, mas... não posso voltar agora. Não vou desistir agora.

- Estou me cortando. - Fala.

O silêncio predomina.

- Estou me cortando porque... eu não aguento mais. Parece que faz muito tempo que você foi, mas... só faz uma semana.

- Sarah... procure um psicólogo.

- Não dá... minha mãe não acredita em mim e acha que eu estou fazendo isso por frescura. Matei aula duas vezes e ela não sabe. Como não sou de faltar muito, tenho medo da escola entrar em contato com ela e eu acabar me ferrando. Vou pra escola amanhã e... seja o que Deus quiser. Vou tentar aguentar até onde eu conseguir.

- Não posso voltar agora. E por favor, não conte à ninguém onde eu estou e tudo aquilo que eu te disse.

- Isaac, como você...

- Não é pra contar, está bem? Eu vou ver o que vou fazer no decorrer do tempo, mas por favor, não conte a ninguém.

- Você não entende, né?

- O que?

- O QUE ESTÁ ACONTENDO PORRA! ESTÁ TODO MUNDO ATRÁS DE VOCÊ, SUA FAMÍLIA, A ESCOLA, A MÍDIA, TODO MUNDO! EU ESTOU SOFRENDO BULLIYNG NA ESCOLA PELO SIMPLES MOTIVO DE VOCÊ TER IDO EMBORA E AS MENINAS ACHAREM QUE EU TIVE INFLUÊNCIA NISSO!

- Sarah, eu sei disso tudo, mas você precisa se acalmar e aguentar.

- Não sei se vou aguentar muito. Enfim, tchau Isaac. Eu achei que você se importaria, mas pelo visto, não. Fico feliz que esteja bem, até breve. - Desliga.

Ok, as coisas estão começando a sair do controle. Se algo acontecer com a Sarah, eu nunca vou me perdoar. Preciso dar um jeito nisso, agora.

- Oi, tudo bem? - A Danielle pergunta.

- Sim sim, tudo ótimo. Vamos pra casa. - Falo e me levanto do banco.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏOnde histórias criam vida. Descubra agora