29-Ataque

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Chegando ao palácio, Amenade deixou Tito descansando em seu quarto e seguiu para seu trono, mantendo a cabeça fria para pensar com astúcia sobre seus planos.

Martelou aquelas palavras da amiga, por toda a noite, até o amanhecer. As uvas perderam o gosto conforme comia, foi enjoada e as deixou de lado.

Cada segundo, era crucial para tomar logo uma partida, não haveria tempo caso fossem pegas de surpresa por eles...

Cada pensamento seu, era cuntatório, com precisão. Destreza e imparcialidade eram essenciais para uma boa decisão que protegeria todo o reino, toda sua dinastia.

A feérica passou os dedos sob os lábios rosados, tentando pensar com concentração suficiente.

Silêncio, havia absoluto silêncio a seu redor — mesmo assim o caos da sua mente não silenciava por nem sequer um segundo. Transtorno caótico demais para nem sequer lembrar que deveria revestir suas guerreiras das melhores armas, repassar golpes e estratégias de combates eficientes e letais, não podia haver falhas. Não só pelo seu lado perfeccionista, todavia também para satisfazer sua honra em relação à batalha, em como lutava e preparava o exército das titãs... questão de preparo, satisfação e até um pouquinho do seu ego.

— Que roupa ridícula irmã, deveria se vestir de forma digna da sua posição quando sai da cama. — Disse aquela voz adocicada e rouca. Amenade ignorou o comentário da mulher negra de pele clara e os olhos cor carmim que eram perversos, sombrios, feito abismos apesar da sua idade angelical enganar.

— Tenho preocupações maiores do que a roupa em que visto pelo dia. — Proferiu Nad ignorando a alfinetada da irmã.

— Que ambiente mais mórbido, parece que algo aconteceu... farejei o medo, a confusão, agora já não posso dizer de quem é... poderia dizer a mim, Titi? — Aquela mulher dos cabelos lisos levemente ondulados nas pontas, vestido simples amarelo com mangas equilibradas ombro a ombro que destacavam seus seios fartos contendo um leve decote, pergunto em tom sarcástico a irmã mais velha. Qualquer um que olhasse diria que ela era uma adolescente humana, se não fosse por aqueles olhos vermelhos sangue que oscilavam para o carmim conforme suas mudanças de temperamento, e o timbre perigoso que falava.

— Arquitetando estratégias de guerra irmãzinha? — A mulher de poucas sardas sob o nariz delicado, tomou uma uva do cacho disponível na bandeja dourada acima da estrutura ao lado do trono.

— Quem é este que me incomoda? — Questionou notando outra presença além da delas se movimentar pelos corredores, enraivecido —, este era um dos dons mágicos dela —, poder invadir mentes e sentir vibrações emocionais a terras de distância, farejava também as emoções.

A malícia tomou conta dos lábios nude escuro dela, a sobrancelha escura direita ergueu-se curiosa. Naqueles olhos havia inocência, porém eram traiçoeiros suficientes, escondendo a verdade maldade dentro da bela mulher dos cabelos brancos.

— QUAL SEU PRÓXIMO TRUQUE? É SÉRIO QUE ME TROUXE COM MAGIA PARA CÁ? QUE VIL, ABSURDO AMENADE. — Vociferou o rapaz avermelhado devido ao  ódio quente subindo nas veias, a presença indesejável quebrou a monótona ventania do ambiente.

Banhado, bem-vestido, nenhuma marca de ferimento aparente e extremamente zangado — presa perfeita para aquela malévola criatura que apoiou o pé descalço sob o degrau do trono, fazendo a coxa reluzente ficar exposta sob a fenda do vestido amarelo-escuro.

Amenade bufou já sem paciência em relação às reclamações violentas do humano obtuso que começaria a lhe dar dores de cabeça.

Do outro lado, curva levemente apoiada sob cotovelos no trono, a outra féerica não ligou que os seios pudessem chamar atenção dele, era esta a intenção — queria que Tito lhe notasse. Adorava homens humanos, não por inteligência — porquê não tinham — mas, sim por tamanha coragem estúpida, teimosia principalmente.

𝗔 𝗧𝗶𝘁𝗮̃. [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora