Após organizar alguns papéis referentes ao fim da escravidão dos humanos, Amenade foi para o campos junto das irmãs dela e um representante de cada corte, para fazer o velório das suas guerreiras mortas pela tropa de Baltazar (que agora estavam enterradas em valas, como os miseráveis que eram), mereciam um final digno, pela honra que tiveram ao tentar defender o reino, o berço em que cresceram.
Amenade acendeu a tocha e a fincou na terra, abaixo da imensidão azul da madrugada que já havia estampado o céu, acompanhado do sereno que caia.
— Descansem em paz, estarão sempre em nossas memórias, minhas amigas. — Proferiu a rainha num tom entristecido.
Tito abaixou a cabeça e juntou as mãos na frente do quadril, sentindo o óculos arredondado escorregar pelo fino nariz, devido ao sereno que o molhava.
Todos ali, uniram as mãos em uma roda única em volta dos túmulos que continham o nome das guerreiras, fazendo alguns minutos de silêncio em respeito à memória delas. Um assobio do vento os arrepiou, os espíritos delas pareciam agradecer por tal dedicação em reconhecer o feito admirável. Até os pássaros silenciaram-se na densa mata revestida por pinheiros e outras árvores, balançando conforme o vento as atingia. Amenade lançou uma rajada de poder para o céu, erguendo a mão, a magia foi vista até nas terras humanas, como uma tocha iluminando a imensidão azul. Era um gesto de agradecimento e reconhecimento a elas.
Ierra foi a última a sair dali, o coração dela estava tão partido, suas amigas de infância haviam sido mortas, e não poderiam ser ressuscitadas, embora estivessem afastadas devido à mudança de corte de Ierra, ainda eram muito importantes para a mulher negra de olhos azuis estelares.
Ela também tinha que fazer uma última coisa, antes de despedir-se de sua irmã e seu cunhado, e partir retornando para sua corte que a aguardava.
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Nas masmorras.
Nem mesmo a própria Ierra, entendia o por quê estar indo até lá. Era tão ridículo o sentimentalismo que ainda sentia. Porém, não tinha culpa de ter coração tão mole.
— Ora, ora, quem resolveu dar as caras. — A mulher adoecida, de profundas olheiras e em estado depressivo, mal ergueu o rosto para encarar a mulher de vestido tubo roxo, contendo detalhes pretos em espirais e gola alta, sem mangas. Ierra analisou o estado precário da ex-guerreira que um dia teve tanta ¹autocracia em Sportarend.
— Eu odeio dizer isso, do fundo da minha alma, odeio mesmo, mas..., você merece passar por tanta desgraça, ter esse fim miserável. — Ierra sentiu as palavras escorregarem quase por vontade própria.
Segurando as lágrimas, ela aproximou das grossas grades de ferro cinza, envolvendo os dedos nas frias barreiras que as separavam. Iduna riu de maneira rouca, estava com pneumonia severa pela umidade e mofo do local.
— Eu nunca tive um começo feliz, tampouco um meio, não estou nem aí para o final que me aguarda, ninguém importa-se. — Chiou a voz anasalada, após fungar e sentir o tórax quase explodir de dor. Ierra bateu a mão furiosamente sobre a grade de chumbo. Vendo o quanto Iduna podia ser cruel e cínica. Angústia a engoliu.
— Eu me importava! Eu te dei tudo de mim! E você apenas, foi uma vadia frívola e manipuladora! — Esbravejou a voz chorosa, sentindo-se patética por sentir um pouco de piedade da situação da ex-sentinela.
Iduna tossiu ardido e relutou para levantar-se do piso frio, as roupas de pano vagabundo e simplório, estavam manchadas de sangue velho no abdômen. Os olhos não não brilhavam como diamantes recém tirados dos montes.
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𝗔 𝗧𝗶𝘁𝗮̃. [Finalizada]
De TodoUm reino distante da terra onde vivem os mortais dividido por uma muralha. Um humano que foi obrigado a ir construir tratado de paz. Para que os titãs deem melhores condições de vida para os escravizados mortais a qual só restaram miséria e restos...