Tudo preparado, foram lhe dados de presente as roupas e novos sapatos, limpos e perfumados. Iduna pouco deu importância e se manteve à espera para levar Tito, de volta para casa.
Amenade desanimada e fria, não queria ficar ali por muito mais tempo. Aquilo doía, pouco, mas doía.
Tito não viu Azaya desde o dia do campo e nem Ierra, desde que o levou até aquele banheiro... Tirso muito menos nas suas visitas inconvenientes.
— Iduna vai garantir que fique seguro, leve isto como forma de prova em relação a nosso acordo. — Entregou-lhe um papel papiro, Tito não se sentia completamente bem ao deixar o palácio, não era devido aos confortos e mordomias, nem tampouco por querer explorar muito mais daquelas terras...
— Adeus. — Expressou ao subir no alazão preto comum que Iduna segurava pela corda grossa amarrada ao focinho dele.
Os grandes portões brancos e a escadinha da entrada pareceu afastar ainda mais Nad, dele.
— Adeus. — Balbuciou distante sem olhar novamente para ele e se manteve parada, a cabeça abaixada. Melancólica.
O sol já havia sumido do horizonte e por isto se apressaram.
— Nenhuma ofensa? Nenhum enforcamento por magia ou atirar machadinhas? — Cortou o silêncio após um longo período que estavam caminhando, já era madrugada.
Iduna não respondeu.
— Não vai me chamar de humano imbecil ou dizer o quanto sou irrelevante burro e chato? — Insistiu Tito, achando estranho tal silêncio vindo de quem o detestava e fazia muito esforço para insultar o coitado.
Iduna puxou o cavalo o fazendo parar e empinar bruscamente o que fez quase Tito se espatifar na terra.
— Cale a boca humano, ou nas próximas horas vou arrancar sua língua e mastigar. — Ameaçou dilacerando com os olhos que agora transformaram-se num carmim vivo.
Tito temeu continuar falando e levar uma punhalada no pescoço que certamente o mataria.
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Mal chegou em casa e todos estavam enchendo de perguntas o pobre jovem.
— Elas cospem fogo como dizem? — Perguntou Jasé o gordo eufórico.
— Não são dragões. — Respondeu Tito, impaciente pela pergunta banal.
— Tem dragões de estimação? — Insistiu o irmão curioso demais e os outros tinham as mesmas palavras na boca dele, portanto esperavam resposta também.
Tito não conseguia sequer respirar sendo sufocado por seus irmãos diante da lareira crepitante da casinha.
— Deixem seu irmão. — Ordenou o pai deles o tirando do meio dos abutres gorduchos que enchiam a paciência do magricelo.
— Filho como foi lá? Te trataram bem? — Tito estava cansado das perguntas, mas aquelas foram leves e deveria ao mínimo responder seu pai que se preocupou tanto enquanto o caçula estivera fora.
Colocando um coberto sob as costas do filho, Jael sentou do lado dele, na cama fria.
— Sim, pai, fique tranquilo... foi excelente. — Em parte não mentiu, todavia, não foi totalmente sincero.
Jael sorriu fazendo covinhas enrugadas brotarem na sua face envelhecida pelo tempo.
Tito não diria sobre Tirso, sobre o ataque de Iduna e nem que esteve à beira da morte diante do Leviatã. Preocupar o coração frágil daquele senhorzinho do seu lado seria um pecado grave.
Convenceu Jael por assim.
Dia seguinte.
Tito acordou cedo quando o sol ainda começava a surgir e galos incomodavam seus ouvidos, a maior calmaria da aldeia chegava a ser estranha depois dos dias que passou em Sportarend.
Lá também era calmo, porém...
Não tinha a ansiedade e emoção todas as manhãs quando acordava, esperando por ataques ou trovoadas, criaturas assustadoras.
Parou os afazeres quando Jael o chamou para tomar café — nem de longe igualava ao das titãs, agradeceu mesmo assim a uma entidade maior.
Seus irmãos sem escrúpulos não respirava dando intervalos no mastigar dos pães simples, feito por trigo e outros cereais. Esganados que nem sequer ajudavam a separar lenha para assar os alimentos e pôr na lareira.
— Por quê está tão caidinho, Tito. — Jael quis saber, reparando no caçula.
— Deve estar sentindo saudade daquela besta, todas são umas vadias que escravizam todos nós. — Disparou Joanatabe o terceiro mais velho.
Tito ferveu em ódio ao ouvir tais palavras.
— Não fale assim delas. — Queria se referir somente a uma em específico ao rebater o irmão julgador.
— Por quê? Virou o vadio daquelas imorais hipócritas? Olha para você... É patético como te manipularam para ser o capacho delas. — Gesticulou com indiferença ao irmão mais novo. Tito disparou tão rápido em direção a ele, que seu pai podia jurar que absorveu poderes.
Erguendo-o pelas golas da camisa surrada, Tito lançou um olhar cortante, o coração errando as batidas e a fúria engolindo tudo de si, tanto que se tornou mais forte.
— Repita isto e eu quebro seus dentes. — Vociferou soltando o irmão chocado com sua atitude imprevisível —, havia sido alertado para tomar cuidado com as palavras proferidas, ignorando se tornou culpado por tal ação vinda do irmão.
— Tito! — Repreendeu Jael, incrédulo.
Jasé pôs a mão rechonchuda sob o bíceps do irmão a fim de impedir quer esmurrasse Joanatabe — Tito deu um tapa violento nele e saiu da sala indo para seu quarto.
Não admitiria de jeito nenhum que ofendessem Amenade, principalmente quando fora a única que realmente se esforçou para tratá-lo com dignidade e conforto. Nem a conheciam para tirar tais conclusões estúpidas.
Odiava pessoas que tiravam conclusões superficiais por mera fofoca que era guardada na cabeça, feito uma mula empacada que não olha para os lados.
Leitores queridos, vou pedir encarecidamente que não ofendam os personagens, eles tendem a errar e isto é ficção, não mudará nada ofendê-los.
Bjs ❤️
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𝗔 𝗧𝗶𝘁𝗮̃. [Finalizada]
De TodoUm reino distante da terra onde vivem os mortais dividido por uma muralha. Um humano que foi obrigado a ir construir tratado de paz. Para que os titãs deem melhores condições de vida para os escravizados mortais a qual só restaram miséria e restos...