41-Eu realmente não sei

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Após voltarem, jantaram e foram descansar em seus respectivos aposentos, porém, Tito não conseguiu pregar os olhos quase toda madrugada, ficou sentado à beira da janela olhando a lua e a extensão de terra que seguia dali, onde os cafezais faziam presença e o alaranjado do céu se misturava ao rosado e ao arroxeado.

— Por que ele quer levantar guerra contra vocês? Não faz sentido... — Tito disse em tom baixo, abraçando os joelhos enquanto observava a paisagem da manhã bela.

— Eu não sei Tito, além do que Amenade e Ierra me contaram... Eu realmente não sei. — Respondeu ela enrolando um fio de cabelo branco em seu indicador fino.

Tito tirou os olhos da janela e puxou a cortina para esconder os raios forte do sol que incomodavam seus olhos escuros e sua pele negra clara que tinha algumas sardas discretas no nariz. Nerfa chegou mais perto, Tito reparou que parecia estar bem animada para o dia que viria a seguir.

— Animado para tentar outra vez? — Ponderou ela com um sorriso carinhoso.

Os dois estariam tentando outra vez, treinar o modo dele de usar uma espada, se esquivar de obstáculos e coisas necessárias para a guerra que viria uma hora ou outra.

— Bom com curativos, você já é. — Lembrou ela com um tom orgulhoso, sobre quando ele a ajudou com suas asas feridas gravemente. Ela ainda tinha muita gratidão. Tito sentia-se estranho.

— Amenade enviou outra carta. — Informou o humano, tirando o queixo dos joelhos e bocejando preguiçosamente.

A ventania fresca que entrou pelas janelas pareceu ter engolido Nerfa de repente, ela sumiu assim que o jovem piscou.

— Nerfa? — Tito esfregou os cílios e tentou adivinhar onde ela poderia ter ido parar.

Saindo do baú de pano e couro claro que estava sentado próximo à janela, ele não sentiu o cheiro de magia cítrica e nem sentiu qualquer outro aroma de magia que pudesse remeter à presença dela ali.

Temeu que algo tivesse ocorrido...

Tito pegou os óculos em cima da cômoda e o colocou, indo procurar Nerfa, descalço.

Porém, antes de cruzar a porta, a figura surgiu de ponta cabeça, flutuando ereta feito uma estátua na frente dele, Tito soltou um gritinho assustado e rangeu os dentes, dando um pulo para trás.

— Isso lá é coisa que se faça, Nerfa! — Ele ficou bravo por ter pensado que havia acontecido algo perigoso com a amiga.

Nerfa soltou uma risadinha divertida e virou o corpo, ficando em pé no chão.

O moço dos cachinhos tão brilhantes e encaracolados ainda estava sério, esperando que ela dissesse algo a ele, com os braços cruzados a frente da camisa branca e fresca, de flanela, com alguns botões pretos e mangas rendadas assim como as golas —, lhe caia bem, mesmo sendo tão simples, Tito era um belo homem.

— Me explica uma coisa? — Perguntou sério, ajeitando o óculos preto e sutilmente redondo em seu rosto bem corado agora.

— É claro. — Nerfa respondeu sorrindo.

Ela estava ainda mais magnífica do que no dia passado, como as manhãs frescas da primavera junto do brilho vital do verão e a elegância do inverno, uma mistura perfeita.

— As guerreiras ou sentinelas, tanto faz, têm poder ou não? Porque Iduna tem. — Disse o curioso tagarela que logo começaria a despejar sob a amiga féerica, sua curiosidade contínua, adormecida.

A mulher de vestido dourado-escuro básico, com um brilho chamativo e alças finas, esbanjando o decote que aparentava seus fartos seios, tendo uma fenda na coxa esquerda e indo até o tornozelo, caminhou até a gaveta da cômoda onde havia roupas limpas e perfumadas recém-colocadas lá, dele. Normalmente, era ele quem pegava sua troca de roupas, e sempre da mesma gaveta, mantendo o ritual e indo ao chuveiro, porém, neste dia, ela queria que o amigo humano se vestisse diferente.

𝗔 𝗧𝗶𝘁𝗮̃. [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora