Já não aguentava mais, toda vez que sai para recolher lenha ou comprar nos mercados locais — todo aquele monte de gente lhe cercando feito gaivotas irritantes, sufocando seus pensamentos e o deixando extremamente nervoso.
Tudo por uma oportunidade de agradecer e tentar fazer o melhor para agradar o jovem para pagamento por seu esforço em fazer tal acordo com as horripilantes, titãs —, embora nem sequer questionavam muito sobre como Tito tinha conseguido tal feitio imensurável.
Estava assustado e se negando a sair novamente da sua casa — a pressão distorcia todos seus sentidos do pobre rapaz desnutrido.
— Jasé, vá buscar um pouco de trigo na venda do Osório. — Ordeno Jael, enquanto cortava um tomate sob a tábua de madeira velha que estava em cima da mesa surrada.
O gordo dos cabelos escuros e bochechas tão avermelhadas quanto frutas silvestres bufou preguiçoso.
— Por que Joanatabe não pode ir...
— Porque eu mandei você. — Repreendeu o pai antes de qualquer outra contestação desanimada do filho relaxado.
— Estrupício. — Murmurou Tito, revirando os olhos, já estava acostumado com a falta da disposição do irmão e sua preguiça nem se dava ao fato do porte físico, pelo contrário... era bem robusto e capaz, porém preguiçoso.
Jasé saiu pisando duro inconformado por ter tal tarefa.
Tito ajudou seu pai enquanto enchia a lareira de pedaços grossos da lenha que colheu mais cedo —, até ferir suas mãos por farpas e seu corpo já não aguentar mais tanto peso sob os músculos fracos.
— Não estou gostando desta carinha. — Jael notara a expressão distante e gelada de Tito, por mais que as chamas alaranjadas da lareira estivessem iluminando seus lindos olhos castanhos a quais herdou do pai.
Tito ficou admirando a brasa quente sem nenhuma mensagem decifrável em seus olhos.
Jael soltou a faca e se dirigiu até o filho a frente da lareira.
— Se sente mal? — Colocou a mão calejada sob as costas do caçula.
— Estou lembrando do que fiz. — Soou como se o velho ao seu lado já soubesse do que se tratava.
Jael suspirou sorrindo fechado e elevou a mão ao ombro esquerdo dele o apertando levemente. Tito precisava ser mais claro.
— O que você fez já está de bom tamanho filho... Mais do que suficiente. Libertou nosso povo e foi honrado. — As palavras cheias do orgulho sincero e da admiração bateram na mente longínqua dele.
— Não é sobre isto, pai... — Tito não queria falar, estava evitando ao máximo chegar direito ao ponto.
Jael arranhou a garganta, confuso.
— É um salvador, corajoso e leal, Tito...
Não entendo o que te aflige. — Jael questionou mais a si próprio do que a Tito.Tito suspirou frustrado e ergueu o corpo dolorido do chão.
— Eu disse a elas que nunca mais voltassem aqui... A fiz prometer. — O peso do arrependimento e algo a mais foi tão intenso que Jael logo identificou o "problema", se orgulhou consigo mesmo por tal feito astuto e ágil. Genial.
— Ela... O que tem tirado seu sono é aquela moça não é. — O pai deduziu imediatamente.
Tito era tímido para revelar tudo ao pai, porém precisava dizer a alguém e tirar aquele peso do seu peito.
Nunca mais veria a nobre e doce Amenade, tampouco Iduna (por mais que a odiasse com todas as forças), elas estavam fora da sua vida, se tornando lembranças empoeiradas.
Mesmo sem fechar as pálpebras, podia imaginar perfeitamente o rosto belíssimo de Nad e os seus ouvidos reproduzirem o som da sua voz.
— Esqueça isto filho... Para seu próprio bem. — Tais palavras torturaram Tito.
Esquecer estava longe, bem longe.
Jael voltou a seu afazer deixando o filho sentado no sofá, pensando mais e mais até entrar em anestesia.
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Tudo estava calmo demais...
O humano estava amassando ferro quente na marcenaria atrás da sua casa, onde sua família não tinha muita visão dele.
Quando um estremecer fortíssimo abalou à terra abaixo dos seus pés.
Tito voou longe com o impacto.
— Mísero mortal. — Conhecia aquela voz assassina e vingativa, e o desdém que lhe preenchia.
Tito não conseguiu se levantar tão rápido, vendo aquele titã se aproximando cada vez mais e atrás dele outros, guardas — tinham pinturas pretas espalhadas pelo corpo e cabelo em penteados iguais, olhos mortíferos feito a toca de uma fera.
— O que você quer aqui, fui bem claro quando disse à...
Antes que completasse a frase, o titã agarrou Tito, o tirando do chão feito um saco vazio brutalmente —, quase todo seu almoço fora parar na roupa do homem.
Os pés fora do chão e o corpo todo abalado por tamanho sacolejar bruto.
— NÃO pronuncia o nome dela. — Tirso se enfureceu ainda mais, quase lançando chamas através do carmim das íris.
— Vou garantir que nunca mais atrapalhe meus planos, miserável morto de fome. — A grande mão do titã repuxou o tecido vagabundo da roupa de Tito, no lado esquerdo abaixo do seu ombro, por onde era segurado violentamente.
— AONDE PENSA QUE VAI ME LEVAR? NÃO SOU SEU ESCRAVO E NEM SEREI OBRIGADO A ISTO. — Tito perdeu toda sanidade, ousando gritar com aquela criatura que lhe mataria sem esforço num tapa só.
Os guardas não se mexeram, nem mesmo quando Tirso lhes lançou um olhar sugestivo cortante.
— Não sei se, você é estupidamente atrevido ou só metido a besta mesmo. — Tirso queria responder para si próprio.
Tito se debateu sentindo os pés não terem terra firme para amparar.
— Você vem comigo. — Articulou convicto, tendo em si segundas intenções bem explícitas nas íris perturbadas.
Tito esperneou, gritou a todos os pulmões e tentava a todo momento fazer os guardas a quem Tirso o jogou feito um objeto inútil.
— ME SOLTEM AGORA MESMO SEUS MALDITOS. — Vociferou enquanto era carregado rapidamente o corpo entre eles que não parava de se mexer revoltado.
Tirso apenas permaneceu atrás deles, entediado e calmo — provavelmente matutando possibilidades de fazer mal ao pobre infeliz.
Veio buscá-lo apenas por causa do ciúmes descabido e doentio. E foi tão fácil quanto empunhar uma espada para o titã.
Que planos tinha em relação à Nad? Ser rejeitado quando Tito, estava no palácio foi motivo suficiente para se enfurecer e perder a lucidez? Querendo punir o coitado por tal decisão desconectada da titã?
Era absurdo.
Não podia competir com ele, por que de tudo aquilo? Não podia simplesmente respeitar o não da linda mulher, e queria punir terceiros por tal rejeição.
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𝗔 𝗧𝗶𝘁𝗮̃. [Finalizada]
De TodoUm reino distante da terra onde vivem os mortais dividido por uma muralha. Um humano que foi obrigado a ir construir tratado de paz. Para que os titãs deem melhores condições de vida para os escravizados mortais a qual só restaram miséria e restos...