Estágio

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Acordei de manhã, como sempre, e já parti para o banheiro para tomar o meu banho quente antes de ir para a faculdade. Era meu penúltimo semestre de Administração, e eu queria dar o melhor de mim para alcançar as melhores notas e deixar o meu histórico impecável. Eu sempre fui uma das melhores da turma, até porque eu tinha que dar o exemplo, sendo filha de um dos donos da Health Corp. Meu pai sempre foi muito rígido com relação a isso, e eu não o culpo, mas às vezes, o fardo de ter que carregar o nome Ackerman é pesado demais pra uma garota de 21 anos.

Terminei de me arrumar e desci para tomar meu café da manhã com meus pais, que sempre me esperam na mesa. Às vezes eu penso se eles realmente dormem, pois eu sempre durmo antes deles e acordo depois...

- Bom dia pai, bom dia mãe! – Falei, dando um beijo em suas bochechas.

- Bom dia, Morgana. Como estão os preparativos para o estágio? Não quero que chegue atrasada hoje na empresa. Você é minha filha, e quero o melhor de você.

- Levi, Pare de ser tão rígido com ela! – Diz minha mãe.

- Pai, calma! Está tudo nos conformes, eu não vou me atrasar e tudo vai dar certo, o senhor vai ver. Afinal, eu aprendi com você, que é o melhor.

Nós tomamos café da manhã enquanto ele me contava os detalhes básicos sobre o trabalho, e eu escutava tudo com muita atenção.

- Você chegará depois do almoço, as 13:00hs, e vá direto pra sala de Erwin. Ele vai estar esperando por você.

- E-Erwin? Eu não vou ficar com o senhor?

- Nós conversamos e achamos melhor deixar você com ele e Armin comigo. As pessoas podem não gostar de que nós treinemos nossos próprios filhos, então nós deixamos assim. Não que eu me importe com o que meus subordinados pensam ou não com relação a isso, mas eu acredito que seja uma maneira eficiente. E não pense que Erwin passará a mão na sua cabeça, porque ele não vai. Me certifiquei disso.

A campainha tocou, e eu me levantei para atender a porta.

- Morgana, Bom dia! Vim te buscar para irmos para a faculdade. Vamos?

- Sim, Armin. Entra aqui, eu vou só pegar as minhas coisas.

Ele entrou na minha casa, e eu o acompanhei até a sala.

- Bom dia Sr. Ackerman, Sra. Ackerman!

Minha mãe levantou e foi em direção dele, o cumprimentando com um abraço caloroso.

- Ah, Armin, não precisa de toda essa formalidade! Pode me chamar de Hange mesmo, eu não me importo! Você é praticamente da família, então não se preocupe com isso.

- Verdade, Armin. – Disse meu pai. - Mas na empresa, eu peço que seja formal. Seu pai já falou como as coisas vão ser?

- S-Sim, Senhor Levi. E eu queria dizer que eu darei o meu melhor!

Eu voltei com minhas coisas e puxei Armin, que sempre fica desconfortável perto do meu pai.

- Vamos, Armin, ou vamos nos atrasar para a primeira aula! Tchauzinho pai, mãe, até mais tarde!

- Até mais tarde, filha, cuidado!! – Disse minha mãe, e eu fui embora.

Armin entrou no carro, e eu entrei também, me sentando no banco do passageiro.

- Não importa se crescemos juntos, eu sempre vou ter medo do seu pai, Morgana. Ele é intimidador demais!

Eu ri.

- Basta que você siga as ordens dele à risca, e tudo ficará bem. Mas eu garanto, ele parece ser chato, mas não é. E ele gosta muito de você, sabe disso. Meus pais te adoram.

- É, mas sua mãe é muito mais fácil de lidar. Não sei como ela conseguiu conquistar seu pai, ele não parece ser muito fácil de ser fisgado. Ela é tão alegre e ele é tão... não alegre.

- Dizem que os opostos se atraem, não é?

- É, pode ser. A propósito, você ficou linda com o cabelo ruivo. Gostei.

- Ah, obrigada! Também adorei como ficou. Não aguentava mais aquele preto!

...

Nós assistimos as nossas aulas normalmente, mas eu ficava com o que meu pai disse na minha cabeça... eu teria que ser supervisionada pelo pai do meu melhor amigo e o melhor amigo do meu pai. Eu tinha dó do Armin de ter que lidar com meu pai, mas eu ficava apreensiva com relação ao pai de Armin.

Erwin Smith era um homem sério e muito centrado, mas diferente do meu pai, ele tinha senso de humor. Meus pais e ele são amigos há muitos anos, e Erwin divide a empresa com meu pai, enquanto minha mãe é pesquisadora chefe. Eu cresci admirando Erwin, e conforme eu fui crescendo, eu desenvolvi algo maior do que apenas admiração.

Ele era um homem extremamente bonito, limpo, arrumado e educado. Seus cabelos loiros divididos do lado esquerdo sempre muito bem alinhados, seu perfume amadeirado e caro que me deixavam extasiada, e seus olhos azuis celeste eram hipnotizantes. Ele sempre foi muito gentil comigo, mas agora ele seria, basicamente, meu chefe. Teria que ficar perto dele praticamente todos os dias, algo que seria bem desafiador pra mim, depois de eu começar a enxergá-lo com outros olhos.

...

Chegamos na empresa meia hora antes do horário, tudo pra impressionar no nosso primeiro dia. Armin estava suando frio, e eu ria dele.

- Poxa, você é muito maldosa comigo! Não poderia ser uma boa amiga e tentar me acalmar?!

- Mas eu já disse pra você se acalmar! Se quer uma dica, leve café preto para ele, sem açúcar. Ele gosta muito. E não se preocupe, ele não é um monstro. Só fique calmo e preste atenção em tudo o que ele diz e faz. Se eu sobrevivi a ele, você também sobreviverá. Você é extremamente inteligente, o melhor de nossa turma, com certeza vai se sair bem. - Dou um beijo em sua bochecha e me despedi dele, quando nós chegamos em frente à sala com a porta identificada por "Levi Ackerman – Presidente": - Agora boa sorte, e até mais tarde!

Eu sorri calorosamente pra ele, levantando os dois polegares. Ele sorriu meio tenso de volta, bateu na porta e entrou na sala.

E eu segui para a próxima porta, onde eu passaria as minhas tardes pelos próximos seis meses:

"Erwin Smith – Presidente".

Eu bati na porta, e ele respondeu do outro lado.

- Entre.

Eu abri a porta e entro na sala, fechando-a assim que passei. Ele estava com um colete preto, como de costume, seu paletó disposto no encosto de sua cadeira, gravata dourada da cor de seus cabelos, e sentado atrás de sua mesa, digitando algo em seu computador. Ele direcionou seus olhos a mim, e abriu um sorriso radiante.

Pelos deuses, que homem lindo...

- Morgana! Chegou antes do horário. Isso é para impressionar a mim ou seu pai?

Eu sorri de volta e respondi, enquanto colocava minha bolsa no sofá preto de couro que havia em sua sala:

- Os dois. Mas eu queria chegar mais cedo para poder pegar a rotina, e não atrapalhar o senhor.

- Você nunca atrapalha. Mas já que chegou, vou aproveitar para te ensinar um pouco sobre essa planilha que estou usando agora. Pegue a cadeira e coloque do meu lado, para você poder ver.

Eu fiz o que ele pediu e coloquei a cadeira em seu lado, de frente para a tela do computador. Ele começou a explicar como funcionava o sistema, e eu tentava ao máximo prestar atenção em tudo o que ele fala, mas meu trabalho era árduo, com seu perfume tomando conta dos meus sentidos.

Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora