Perdida

152 21 15
                                    


- A senhora deve estar enganada... Eu não posso estar grávida, eu tomo anticoncepcional!

- Sim, mas anticoncepcional não protege cem por cento. Nada na medicina é cem por cento, na verdade.

Eu estava perdida. Se eu achava que as coisas não podiam ficar pior, a vida me mostrou que eu estava redondamente enganada.

- E... o que eu faço agora?

- Você precisa fazer acompanhamento médico durante toda a sua gravidez, para assegurar sua saúde e a saúde do bebê. Se quiser, eu mesma posso me encarregar de todo o seu pré-natal, e vou acompanha-la pessoalmente. Você tem contato com o pai da criança?

Outro soco na minha cara. Eu estava realmente fodida.

- Não... não temos mais contato. Me mudei para a Alemanha têm pouco tempo, e ele mora na minha terra natal. Não nos falamos.

- Bom, nesse caso, eu sinto muito. Enfim, vou marcar outros exames e marcar sua primeira consulta do pré-natal comigo na próxima semana. Quanto antes começarmos o acompanhamento, melhor.

Permaneci calada.

- Morgana, você está bem? – Ela perguntou, em um tom levemente acolhedor. Estava com os olhos fitando o nada, inúmeras coisas passando pela minha cabeça. Olhei para ela, e disse:

- Sim, tudo bem. Eu... já posso ir?

- Sim. enquanto você vai lá trocar de roupa, eu vou marcar seus exames, e marcar sua primeira consulta comigo.

Eu desci da maca e caminhei. Entrei novamente no consultório e continuei caminhando até o banheiro.

- Morgana, o que deu no exame? – Reiner me perguntou assim que eu entrei no consultório.

- Eu... vamos conversar quando eu sair daqui, tudo bem?

Ele me observava preocupado, minha cara deveria estar péssima.

- Tudo bem. Vou pegar um cappuccino pra você, e te espero lá fora.

Entrei no banheiro e vesti novamente a minha roupa, depois voltei para o consultório.

- Aqui estão os papéis com as datas dos exames e da sua consulta comigo, e também as imagens da ultrassonografia. Tem meu número aí. Se precisar de qualquer coisa, você pode me ligar pessoalmente.

- Tudo bem, Dra. Annie. Obrigada.

Saí do consultório dela com os papéis na mão e catatônica, alheia ao que acontecia ao meu redor. Eu ainda não conseguia acreditar, não queria acreditar que eu estava mesmo grávida de Erwin. Reiner me tirou dos meus pensamentos desconexos ao pegar gentilmente em meu braço, me oferecendo o copo com a outra mão.

- Toma, seu cappuccino.

- Reiner... vamos embora, por favor.

- Claro. Vamos.

Caminhamos em silêncio até o carro, e permanecemos em silêncio pelo caminho inteiro. Eu sabia que ele queria saber o que tinha acontecido, mas ele não parecia tão confortável em perguntar sobre tudo ainda. Eu agradeci por isso, pois eu sabia que no momento que eu abrisse minha boca, as lágrimas rolariam.

Cheguei no meu apartamento, joguei o casaco na cadeira, e me joguei no sofá. Reiner sentou do meu lado logo depois, e perguntou:

- Morgana, me fala o que aconteceu. O que a médica disse?

Eu olhei para ele, e não consegui mais conter minhas emoções. O abracei por cima dos ombros, e pude perceber que isso o assustou, pela minha movimentação repentina. Mas logo depois, ele me abraçou de volta, e eu coloquei minha cabeça em seu ombro, chorando copiosamente.

Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora