Pai e Filho

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- Merda!

Reiner se assustou quando eu entrei na sala, batendo forte a porta atrás de mim.

- Morgana! O que aconteceu?

- Sabe pra quê o Erwin me chamou na sala dele? – disse, furiosa. – Pra me dar sermão! Pra ser um hipócrita fodido! Ah, que ódio!

- Morgana, calma! Respira, senta, e me conta essa história direito.

Momentos depois, Armin entrou na minha sala.

- Morgana, desculpa, mas eu tive que intervir. Consegui ouvir uma parte da conversa de vocês dois, então eu abri a porta de propósito. Se vocês falassem um pouquinho mais alto, qualquer um que passasse em frente à sala ouviriam vocês discutindo.

- Tudo bem, Armin... ainda bem que você interviu, na verdade. Aquilo com certeza não iria acabar bem. Mas enfim. – Dirigi-me a Reiner. – Você acredita que ele me chamou na sala dele pra reclamar que nós dois estávamos abraçados?! Dizer que "queria me lembrar das normas da empresa", – levantei os dedos e fiz o sinal de aspas, com uma cara e um tom de voz debochado – Mas dois anos atrás ele estava cagando pra isso!  Eu transei com ele naquela merda de salinha, e ele quer vir me dar sermão?!

- Morgana, eu ainda tô aqui... – Armin disse, e agora estava ruborizado. Então eu entendi que ainda era estranho pra ele imaginar que eu tinha transado com o pai dele.

Quando eu pensava por esse ângulo, também era estranho pra mim.

- Desculpa, Armin... é que eu tô com muita raiva! Como ele pode ser cara de pau a esse ponto? E me ameaçou! Dizendo que ia contar pro meu pai... esse mês vai ser mais difícil do que eu imaginei.

Reiner sentou na cadeira em frente à mesa, e disse:

- Mas você sabe do porque ele agir assim, né?

Olhei para ele e levantei as sobrancelhas, em um sinal para que ele mesmo respondesse à pergunta que tinha me feito.

- Não é obvio? Ele está morrendo de ciúmes! Não quer saber de você com outro homem, ele ainda não superou o que aconteceu entre vocês. Ele ainda te ama, Morgana. – Reiner fechou os olhos e colocou a mão na testa. - Merda, agora eu tô me sentindo mal com tudo isso... e o pior de tudo é que eu só queria pegar o motorista dele... coitado, com ciúmes do último cara que ficaria com a gatinha dele.

Fazia sentido. Na verdade, era a única explicação plausível para as atitudes de Erwin. Ele estava com ciúmes, porque ainda me amava.

Por um lado, eu fiquei feliz, mas pelo outro, triste. Ele ainda sofria com isso, e eu nem queria imaginar estar no lugar dele, se eu tivesse que vê-lo com outra mulher... eu enlouqueceria. No fim, também sou hipócrita, por não querer que ele faça o que eu faço.

- Por isso que eu digo, Morgana. – Começou Armin. – Você deveria-

- Não começa com essa história de novo, Armin! – o interrompi. - Não vou dizer nada pra ele.


...


Mesmo depois de duas semanas, as coisas entre mim e Erwin ainda estavam complicadas. Eu ainda tinha dificuldades de ficar perto de Erwin, e ele sempre parecia estar incomodado com algo. Nós nos evitávamos ao máximo, mas havia momentos que precisávamos estar juntos. Um desses dias foi uma reunião com os executivos da empresa, e a reunião se estendeu até depois do horário normal de expediente. Havia mandado uma mensagem para Reiner ir embora e que não me esperasse, e assim ele fez.

No fim da reunião, ficamos apenas eu e ele na sala, e ele puxou conversa.

- Como estão seus pais, deram notícias? Eu ligo para Levi, mas ele nunca me atende...

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