Formatura

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Os dias que se seguiram correram bem, fora as vezes que meu pai alfinetava Reiner, sempre que podia. Eu ficava com dó dele, às vezes. Estava passando por aquilo sem ter culpa de nada, mas ele até que se divertia com isso. No fim de semana foi a minha festa de formatura, e fomos eu, meus pais, e Reiner, que foi meu padrinho de formatura.

Eu era o centro das atenções na festa, por causa da minha barriga. Tinha conhecido muitas pessoas no meu curso, e apesar de ser novata e ter entrado no fim da faculdade, eu consegui me conectar bem com a maioria delas. Todas elas me paparicavam por causa da minha gravidez, e não vou negar, eu até que gostava daquela atenção.

Eu me formei com honras, como a melhor aluna da classe. Meu pai ficou feliz com aquilo, e minha mãe também. A festa continuou à noite, e estávamos todos jantando. Eu ia no banheiro várias vezes ao dia por causa da minha condição, e em uma das vezes que eu estava voltando para a mesa depois de ir fazer xixi, escuto meu pai falando ao telefone.

- Sim, Erwin, grávida. Nem eu acredito nisso ainda.

Eu senti um frio na espinha e meu estômago embrulhou. Eu fiquei paralisada ao chegar na mesa e ouvir o que meu pai estava falando. Ele estava contando a Erwin que eu estava grávida, e aquilo me deixou muito nervosa. Eu fui trazida de volta à realidade com meu pai me entregando o telefone.

- Erwin quer falar com você para te dar os parabéns pela formatura.

Paralisei mais uma vez. Eu tremia por dentro, mas não podia deixar aquilo transparecer. Olhei para Reiner, e ele me olhava apreensivo. Peguei o celular da mão do meu pai e me afastei.

- Alô? – disse, com a voz mais baixa do que o normal.

- Meus parabéns Morgana, se formou com honras. Seu pai me contou.

Faziam seis meses que eu havia saído de Paradis, saído do lado de Erwin. Pensava nele todos os dias, sofria com sua ausência, e ao ouvir a voz dele pelo telefone, eu percebi que mesmo estando seis meses sem contato, ele ainda mexia com tudo dentro de mim.

- Obrigada, Erwin.

- Você está mesmo grávida?

A voz dele saiu mais baixa, e ele parecia falar com dificuldade. Fechei meus olhos tentando conter meus nervos, e respondi:

- Sim, estou grávida do meu namorado. Acho que meu pai contou isso pra você.

- Eu ainda te amo, Morgana. Ainda sinto sua falta todos os dias.

Aquela frase despedaçou meu coração de mil formas diferentes e segurar as lágrimas estava quase sendo impossível. Suprimi meus sentimentos e respondi, da maneira mais ríspida possível:

- Eu disse pra seguir sua vida, Erwin, assim como eu estou seguindo a minha. Eu disse pra me esquecer. Eu estou muito bem e feliz agora, e espero que você encontre alguém que te complete, assim como eu encontrei aqui.

- Você me amou, Morgana? O que tivemos significou algo pra você, algum dia?

Ele perguntava, e eu sabia que ele estava sofrendo. Aquilo estava sendo uma tortura, pra nós dois.

- Erwin, isso não importa mais. Esqueça isso. Não temos mais nada pra conversar. Diga a Armin que mandei um abraço, e que estou esperando ele vim. Vou passar o celular pro meu pai, agora. Tenha uma boa noite.

- Morgana, espera!

Não esperei. Entreguei o celular para meu pai, e saí da mesa, quase corrida, com a desculpa de que ia pegar um refrigerante pra mim.

Saí do espaço em que estávamos, e finalmente permiti que as lágrimas caíssem pelo meu rosto, enquanto eu olhava para o céu iluminado pela lua crescente, e pelas estrelas. Pouco tempo depois, Reiner chegou ao meu lado.

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